Disclaimer: Zero antecedentes,
tirando uma ou outra multa de estacionamento (sim “uma ou outra”, quatro, na
loucura das loucuras).
Estais a ver aqueles traços
contínuos que vos impedem de virar para onde quereis? Mas aqueles traços
contínuos mesmo, mesmo, estúpidos, sem jeito mesmo, mesmo, nenhum? Boa
visibilidade, espaço para virar, numa zona residencial praticamente sem
trânsito... Pronto, foi isso!
Nunca tinha reparado em tal traço
e vai que, como o caminho mais curto entre dois pontos é uma linha reta e a mim
me dava jeito virar, vai que, dizia eu, zau!, virei! Vai que o pendura me diz “Não
podes fazer isto!”. Vai que eu respondei “Hã? Não posso?!”. Vai que ouço um “Uóim”
daqueles que se ouvem quando os carros da polícia apanham cidadãos em flagrante
delito, a atentar contra a sociedade... Um daqueles “Uóim” acampanhado de
luz azul, que uma cidadã traduz automaticamente por “pronto, já tás f...
lixada!”.
(Juro-vos que não havia nenhum
automóvel/motociclo/bicicleta/veículo de tração animal/whatever num raio de, sei
lá, 50 metros. Quer dizer... Haver havia... Um - precisamente o carro da
polícia, que ainda hoje estou para perceber de que buraco saiu. Só para verdes a minha sorte.)
Pois vai que pago cento e tal
euros, logo ali na hora e no sítio. Sem apelo nem agravo. Pronto, muito obrigada e boa tarde, continução e volte sempre. E lá
fui eu a maldizer a minha vida, que isto de deitar dinheiro à rua é como quem
me espeta facas no coração, mas convencidíssima que o assunto tinha ficado ali
arrumado. Só que não.
Passado aí um ano, estava eu
muito descansadinha em casa quando batem
leve, levemente... Será chuva? Será gente? Fui ver... E não, não era o
ovário (Ai, o Carlos Carrapiço...), era a polícia. Sim, a po-lí-ci-a, que andava
à procura aqui da cidadã; seguramente com medo que esta tivesse desertado ou assim...
Que aconteceu? Diz que a DGV, ou
lá quem trata disso, enviara uma carta, por correiro normal, a informar que a
cidadã tinha de entregar o documento de condução, lá não sei aonde em consequência daquela insanidade que tinha cometido um ano antes e às custas da qual já tinha gasto cento e tal euros. Ora, como a
cidadã nunca apareceu, encarregaram a PSP de a notificar, só para a cidadã ver
que ali não se estava para brincadeiras.
Tal notificação nunca chegou à
minha caixa do correio. Nem se quer sei se alguma vez exisitu. Diz que sim. Mas
não sei, nunca vi. Vai que qualquer prazo de reclamação já tinha expirado e,
mesmo tendo em conta que à data já não havia risco contínuo nenhum, sendo já
legal a gravíssima infração que havia cometido, já nada a cidadã
podia fazer... (Na verdade, passados três meses do sucedido já o risco contínuo
tinha passado a descontínuo...)
Que podia então a cidadã fazer? Apenas
comer e calar e entregar o documento que a habilitava de conduzir, e assim é que
tinha de ser, e era se a cidadã não queria ir parar aos calabouços...
Vá lá, vá lá... Diz que ainda
tive sorte por não pagar nenhuma multa adicional por nunca me ter chegado uma notificação
que alguém diz que me enviou. Ufa... É muita sorte para uma só alma!