terça-feira, 12 de abril de 2016

Nem educação positiva nem negativa, eu sou pela educação ali no nível zero… Ali onde os pés assentam, estais a ver?*

Cada vez julgo menos. Cada vez aponto menos o dedo. (Estou praticamente uma santa, em boa verdade.) Particularmente no que à educação das crianças concerne aprendi a meter a viola ao saco. Educo as minhas pelo melhor que me parece e por aí me fico, porque isto, enfim, só quem está dentro do convento é que sabe o que vai lá dentro e isto de cuspir para o ar… E eu sei lá bem o que me espera, que faria eu se os meus filhos fossem outros ou se tivesse os sapatos da vizinha calçados?

Isto a propóstio deste post no Cocó na Fralda, que comentei só porque, enfim, sabe-se lá quem é aquela avó e aquela neta, sabe-se lá o que para ali vai? Calma… Calma com os juízos de valor, há coisas que não se vêem. Que há muita criança mal educada? Pois há! Tantas quantos adultos que isto já diz o povo que ruim árvore não dá bom fruto (Cabrum!! Olha eu a generalizar, olha… Pois é, pois é… Está mal! Fogueira comigo. JÁ! Agora!). Mas há outras razões, há outras vidas, há outras coisas. Não sabemos, repito, o que para além daquele momento e espaço se passa. Há muito mundo além daquele que percecionamos. Ainda que tenhamos visto a mesma cena 2, 10, 20 vezes… Calma!

Mas estava eu a dizer que isto com o passar dos anos... Oh valha-me Deus, então não era suposto uma pessoa ficar mais sábia e hirta?! É que a mim adensam-se-me as dúvidas e aumentam-se-me as inquietações que nem queirais saber… Era tudo muito mais fácil antigamente quando era cheia de certezas e ideias inabaláveis. Até já sou menina para pensar antes de falar e tudo. Agora ponho tudo em perspetiva. Calço sapatos alheios e até digo aquilo do “Calma… Calma, que todas as histórias têm dois lados.”, vede lá ao que cheguei. (Sim, uma seca. Eu agora sou “a ponderada”! Ou pior, “a sensata”! Cristo...)

Tudo isto para vos falar de quê mesmo? Ah, pois! Da educação das crianças… Falo da que dou aos meus filhos, obviamente. Os meus filhos fartam-se de escolher coisas: a roupa que vestem, a fruta ou o gelado que comem, os desenhos animados, o jogo que querem fazer, se querem ir ao parque ou à praia, se tomam banho de banheira ou de duche (havendo tempo, claro). O meu filho mais novo tem dois anos e oh se ele já escolhe coisas: se quer chá ou água, se quer pão ou uma bolacha, banana ou maçã… Sou do mais democrata que há. Mas… Se eu digo que é para ir para a cama, vão para a cama. Se eu digo que é para comer a sopa, comem a sopa. Arrumam os brinquedos e tomam o medicamento. Nunca entro em negociação com eles. Ou podem escolher de alternativas ou não. E há coisas que eles não podem escolher. É assim e ponto final. Sempre foi. É regra. Eles sabem perfeitamente o que não podem escolher. E se não podem escolher, ou fazem o que lhe dizemos, ou fazem. Ou lavam os dentes a bem ou lavam os dentes a mal. Ou vestem o casaco ou vestem. E são estas as nossas negociações.

Que posso estar a fazer tudo mal? Pois posso. Que isto me (lhes) pode sair caro no futuro? Pois pode… Logo veremos e cá estarei para arcar com as consequências e para dizer “Mea culpa” se for o caso.

Se os ponho de castigo, ponho pois. (Já nem me lembro da última vez que precisei de o fazer com o mais velho, mas pronto.) Se já lhes dei palmadas? Pois já… Ainda outro dia o mais novo ficou com a fralda quente pela mão de seu pai. Estava no carrinho, o chão cheio de lama e ele a querer ir para o chão. Antes de o tirar o pai avisou-o: “Olha que o chão está molhado. Não senta no chão... Vais-te sentar no chão?”, diz o catraio: “Não!”, mal o pai o tira do carrinho, ele olha-o de forma desafiadora, e a manter contacto visual… Tau! Rabo na lama! E Tau! Palmada na fralda! Olhai que não mais se esqueceu, que se se sentou no “xujo” e que levou “tau-tau!”. Ah pois foi, para a próxima já pensa duas vezes.

De qualquer das formas não sou apologista da palmada, só o faço/fiz em último recurso e tenho plena consciência que é mais eficaz no aliviar do meu stress que na educação da criança. Não, não acredito que se eduquem crianças com palmadas nem com castigos nem com gritos. Acredito que se educam crianças com rotinas, critérios e exemplo. Acima de tudo, com exemplo. E se uma coisa deu direito a repreensão num dia, tem de dar noutro. Ou seja, eu e o meu marido fazemos tudo por tudo para a gravidade das situações não depender do nosso estado de espírito. E isto, isto é que é difícil, porque há aqueles dias em que estamos tão cansados, stressados, que qualquer gota faz transbordar o copo. Nisso é que eu me esforço e para mim, isso de manter critérios é que é o desafio mais difícil.

Mas isto da educação tem muito que se lhe diga. Eu acho que os meus filhos são crianças bem educadas. Acho, repito e sublinho, e esforço-me por isso. Se tenho muito mérito nisso ou se foi uma sorte saírem-me assim? Pois não sei… O criador vos responda que eu cá só sei que nada sei.

Que o que aparentemente resulta com os meus filhos pode não resultar com os dos outros? Obviamente que sim.

Que posso estar a achar que estou a fazer tudo bem e no fim sair tudo ao lado e estar a formar adultos prepotentes e mal educados? Pois claro que sim… Não havia de ser a primeira.

Que isto da educação tem o seu quê de sorte? Ah, pois tem… O Baby, por exemplo, é claramente de outra “tempra” que não o Jr. Pois está claro que é! Não sei se é da genética, se é de ser o segundo, se é das duas coisas, mas que o Baby é muito mais rebelde que o Jr. não tenho dúvidas. Se nós, pais, tivemos influência nisso? Provavelmente, não sei.

Por exemplo, quando o Jr. ia a correr e eu dizia “Pára!” ele parava, mas é que parava mesmo. O Baby? Oh well, eu digo “Pára!” uma vez e ela não liga a mínima, digo “Pára!” segunda vez com o tom de voz azedo e ele, aí sim, pára… Volta-se de frente para mim… Olha-me… Olho no olho… Fica parado três segundos… Olho no olho.. E dá um passo atrás. (Só assim naquela, de ver que o que é que acontece...)


· * Ou de ao tempo que eu não escrevia um post digno desse nome.

34 comentários:

  1. Olha que não sei se faço nem bem nem mal, mas revejo-me no que faz e escreve, já não dou uma palmada vai para 3 anos ou mais e acho que já não deve ser preciso, educação e respeito.
    Também sei ser "palhaço" e brincar a tudo, mas não é não.
    E sim, em cada convento é que se sabe o que vai lá dentro.

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    1. Mas sabes que quando digo que, por exemplo, é o miúdo de cinco anos que decide, diariamente, o que toma de pequeno almoço (entre as alternativas razoáveis que ele sabe quais são, claro está) as pessoas me olham de lado? Dizem que uma criança de cinco anos não tem quereres... O que eu não percebo é o mal que possa ter ser ele a escolher... Que (me) importa se bebe leite ou come iogurte, se come pão com fiambre ou com manteiga? Ele que coma o que lhe apetece... Mas depois quando digo que lhe exijo que seja educado e que fale bem com toda a gente também me olham de lado, porque, enfim, se a criança não quer falar ninguém a deve obrigar.. As pessoas gostam muito de olhar de lado, é o que é...

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    2. ahahah
      comer não podem reclamar, mas dizer bom dia era o que mais faltava... enfim.
      pensava que era o único, eu às vezes ao pequeno almoço pergunto o que ela quer e não acho nada anorma.
      pessoas :D

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    3. É isso é... Enfim, pessoas! :p

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  2. e eu, que nem filhos tenho, concordo em absoluto com a tua tese. houvesse mais bom senso e menos palpites na vida dos outros e talvez as coisas fossem mais pacíficas.

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    1. As crianças são todas tão diferentes, flor. Não há receita. A questão é que toda a gente se sente no direito de opinar sobre a educação que se lhes dá. Ainda que não saibam nada sobre ti e só te tenham visto naquele momento. E há coisas que tens de fazer na hora. Principalmente quando eles são muito pequenos, não dá para resolver depois porque eles, simplesmente, se esquecem do que aconteceu. Agora, dar um raspanete a uma criança na rua, por mais merecido que seja é equivalente a seres olhada e apontada e julgada logo ali, sem apelo nem agravo. "Má mãe!" Toda a gente vê que és má mãe, sem direito a contraditório.

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    2. (Mas se não deres o tal raspanete e as pessoas se apercebem que a criança está "virada" és julgada na mesma.. Coerência, pelo menos, não falta.)

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  3. O melhor é fazer como eu faço: largá-los à sorte ou então entregue aos cães.
    Se resulta!

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  4. Como li algures: Antigamente eu era boa mãe, mas depois tive filhos.

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  5. Pipocante Irrelevante Delirante13 de abril de 2016 às 00:20

    O mais irónico?
    Escrever posts sobre os filhos, levar com conselhos e criticas sobre o modo de os educar, responder que cada um sabe da sua casa e...

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    1. Exacto. Se fosse alguém a falar daquela maneira dos dela, meu deus, era um raspanete que ela passava!
      Enfim.

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  6. Pois que tb eu fiquei um pouco surpresa qd li esse post.
    Primeiro porque, e sendo certo q o blog é da senhora ela escreve o que quiser e como quiser, acho q o post em si é pouco claro. Da leitura do mm n se depreende o que ela veio depois dizer nos comentários (que conhece, que a avó afinal deu o que a criança queria...), que não fazendo toda a diferença, ainda assim faz alguma.
    Segundo pq foi escrito por quem foi. Uma pessoa que eu já vi (li) assanhada (e com razão) com malta que estava a questionar a maneira como ela educa os filhos.
    E é como dizes. Nunca sabemos o que se passa na casa de cada um.
    E concordo ctg. Até me nascer o puto era bem mais crítica do q sou hoje em dia. Como costumo dizer, não gosto de cuspir para o ar...

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    1. Ui, eu era toda certezas!.... Mas depois, lá está, fui mãe. :)

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  7. Opá, aquele post vindo de quem vem já nem me admira. É daquelas que pensa que os filhos são o supra-sumo, que a família dela é exemplar, mas depois vai-se a ver que é uma lambe-botas atrás das marcas, como as outras e a governar-se com a exibição das criancinhas. Ficou-lhe mal, aquele post e ainda por cima as desculpas que inventou a seguir para justificar as parvoíces que escreveu.

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    1. Estranhei tanto a intransigência... Mas bom...

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    2. As desculpas a seguir é que não vi. Foi onde?
      Sim a intransigência foi como se ela estivesse coberta de razão e quem lhe dizia alguma coisa só podia ser burro pois não via uma coisa tão óbvia...
      E ainda diz que aceita criticas!

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    3. Nos comentários ao post. Quando as pessoas lhe dizem que ela não sabe quais os problemas que a criança poderá ter, ela diz que conhece a pessoa, depois diz que a irmã do garoto também é mal educada, desculpas para tentar provar que conhece muito bem a situação que comentou, mas pareceu tudo muito mal enjorcado.

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    4. Bom, para acabar sobre este assunto. O que eu li é que conhecia "muito bem" a criança do café. E se a criança tem algum distúrbio, sendo uma criança pequena, de três ou quatro anos, o mais certo é ainda nem sequer ter sido diagnosticado. Ou seja, há a possibilidade de nem os próprios pais saberem. E mesmo que saibam, eu também preservaria a privacidade dos meus filhos. Se tivessem uma determinada condição psiquiátrica não o andaria por aí a alardear nos cafés desta vida. Finalmente, isso de dizer que a irmã também é assim é particularmente infeliz, porque se sabe que na maior parte dos distúrbios há predisposição genética (não sendo condição equivalente, claro e obviamente). Mais uma vez eu não estou a dizer que aquelas crianças em particular não são só mal educadas, o que eu estou a dizer é que pode não ser só isso. E depois de alertada para a situação, uma pessoa com um pingo de humildade teria dito: "Pois não... Acho que não é o caso, mas de facto posso não saber a história toda." em vez de se pôr ali cheia de certezas e ainda por cima a deturpar o que lhe tinham dito.
      (E agora com vossa licencinha... Já estou farta, não do assunto, mas do post em questão...)

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  8. Sabes o que te digo? Desilusões blogosfericas.

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    1. Sabes o que te respondo? Ascensões blogosfericas. (A dada altura deixam de ler o que a plebe Lhes comenta e já está. Partem do princípio que as pessoas são estúpidas e está pronto a andar de mota.)

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  9. Credo fui para o facebook dela à procura das tais desculpas e os comentários ainda são piores.
    A dizer que as mães nos comentários ao post estão a defender a criança???
    Eu não vi ninguém a defender a criança, vi sim montes de gente a discordar dela, a dizer que pode haver uma razão, não conferindo no entanto razão à criança.
    E ainda chama os leitores de burros.
    Passou-se só pode!

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    1. Não. Ninguém defendeu a criança.... Enfim, é deturpar e ridicularizar o que lhe disseram para ter razão à viva força. Pronto. Tem razão sim senhora. É a maior, pronto! Todas as birras são culpa dos paizinhos e avozinhos e isso e o mundo está perdido. Pronto. Tenho dito. Já está. Siga para bingo.

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  10. Respostas
    1. Credo, mulher! Até me assustaste!! :D

      (Enorme, 5890 caracteres mais especificamente. ;p)

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  11. Muita sensatez. Parabéns.

    Eu também já deixei de fazer braço de ferro com coisas menores, nomeadamente com a roupa. Desde que combine e seja adequada, tudo bem. A regra é: em dia de festa, veste o que eu escolher. Para a escola, se quer ir de saia ou leggings todos os dias, vai! Há coisas mais importante onde gastar a minha energia. Gostava que tudo o resto fosse tão simples...

    Eu deixei de apontar o dedo quando tive sobrinhos. Percebi que têm a sua personalidade e que a demonstram de maneira tão diferente, com os mesmos pais e avós a educá-los. Percebi que as crianças fazem birra, umas muito mais que outras, mesmo quando sabem que vai haver consequências.

    O que eu gostava era de ter serenidade perante uma (birra, teimosia, demora em obedecer um pedido, tanto faz), como a avó do post. Isso sem, é de louvar. Infelizmente, em dias maus, pareço uma criança a acompanhar a birra e a debitar parvoíces de que me arrependo assim que deito a cabeça na almofada.



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    1. Há crianças muito difíceis... Sabe-se lá se aquilo é mesmo delas, se é da educação. (Provavelmente será das duas coisas.) Eu também não tenho paciência nenhuma para birras, marido ainda menos. Fico logo virada...
      O mais velho até já escolhe a roupa de fim de semana. Eu digo que tem ir mais "arranjadinho" e ele escolhe entre as roupas mais "arranjadinhas". É bem lógico na verdade... :)

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  12. Não costumo comentar, mas este tenho que aplaudir e deixar a minha "posta de pescada" :)
    Subscrevo completamente o método de educação descrito acima, os meus filhos também escolhem o que tomam ao pequeno-almoço, o que levam para o lanche na escola, ás vezes até o jantar/almoço (sacrilégio!) e tantas vezes já ouvi que lhes dou demasiado poder de decisão, que eles é que mandam e que eu devia dizer é assim e ponto não há escolhas! Mas se o fizer, na minha modesta opinião, estarei a educar cãezinhos amestrados que não questionam o porquê nem pensam por si próprios... os meus filhos fazem birras? Sim fazem. Os meus filhos perguntam mil vezes porque é que tem de ir a algum lado quando não querem? Sim perguntam. Para mim é sinal que têm cabecinha e espirito critico, que lhes vai dar muito jeito ao longo da vida... a teoria de porque eu mando, porque eu é que sou a adulta, porque eu quero só (des)educa a termos jovens/adultos prepotentes e arrogantes!
    Com as devidas excepções e limites, eles têm voto na matéria! Mas claro está que eu não percebo nada de como educar uma criança quanto mais duas! :)

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    1. Por acaso os meus nem "birram" muito mas sempre foram crianças calma, não estou certa que tenha um mérito por aí além.
      Isso de os deixar escolher é uma boa "moeda de troca"... "Plataforma de entendimento", vá... ;) Eles decidem umas coisas, eu decido outras. E aquilo que é para eu decidir não é objeto de discussão, tal como aquilo que eles escolhem.
      Mas eu tb não percebo nada disto. Vamos lá ver como corre...

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