domingo, 11 de setembro de 2016

Devo ser cá um pitéu que nem vos digo.

Sempre fui muito propensa a picadas de insectos. Cem pessoas e uma melga, e é certo e sabido que vou ser eu a mártir. Sempre fiz umas reacções exuberantes, mas bom, NADA parecido com o que se passou em março último quando estive no Brasil. Numa bela tarde fui, simplesmente, atacada. Usava uma saia comprida e, à confiança, só pus repelente na parte de cima. Para agravar a situação, não sinto as picadas. Ora, naquela bela tarde matava a minha amiga dezenas de melgas, que lhe deixavam as paredes do gabinete com rastos de sangue. Dizia ela que alguém estava a ser comido forte e feio. Eu olhava para os meus braços e... Nada, nadinha, siga com o trabalho. Outro colega, norueguês, apontava para uma picadela numa das pernas, alvas como a cal, e dizia desconsolado: "I think it was me!!". Oh pobre... Só que não. Não tinha sido ele.
Eis que chego ao apartamento. Eis que vou para tomar banho e eis que, o drama, o horror, a tragédia... Só na perna esquerda contei 18 picadas. De-zoi-to! Cada uma com um inchaço de 10 cm de diâmetro. E se até ali não tinha sentido as picadas, a cada minuto que passava, as minhas pernas inchavam, ferviam, e eu sentia uma comichão que bom... Até falta de ar tinha! Cortisona e anti histamina (e um teste de gravidez negativo pelo meio que se é para alimentar o drama o meu corpo não conhece limites - lembrais-vos do zika?, pronto, era isso) e a coisa lá se vou.

Chegada a Portugal foi a meretriz da loucura. Era picada todos os dias, a toda a hora, por insectos fantasma. Além das picadas diárias na parte de cima do corpo, semana sim, semana não, ficava com as pernas todas picadas e inchadas, de tal maneira que às vezes até me custava a andar. Cheguei a pôr repelente antes de me deitar. Em três noites seguidas mudei lençóis, edredão e cobertores. Tudo para a lavandaria. Marido revirava os olhos a insistir que era impossível haver insectos na cama. Que a roupa estava limpa, que ele não estava picado, eu mostrava-lhe o meu corpo e pedia-lhe que me explicasse como é que eu estava assim. Foram momentos na vida de um casal muito lindos, e ainda estou para perceber como não lhe atirei com nada à mona. Sou de uma racionalidade e sangue frio assinaláveis, é o que é. Lembro-me de ter ido a um piquenique a Serralves ao aniversário de uma amiga. Levava um vestido comprido. Repelente nos braços, pernas e peito, claro. Esqueci-me foi que o estupor do vestido tinha um decote nas costas. Pois bem... Nem vos digo como fiquei com as costas e a barriga... Não sei que insectos me podem ter mordido. Nem por onde ou quando entraram. Não senti nada. Maridos e filhos sem uma única picada, claro.

Só largas semanas mais tarde percebi, que as piores lesões - as das pernas, eram sempre as mesmas. As que tinha feito no Brasil. Eu nem sei se era mordida de novo, se as borbulhas simplesmente reactivavam (sozinhas) semana sim, semana não. Como se tivessem memória. Fui a uma alergologista que ficou a olhar para mim como um boi para um palácio... Que não percebia, que nunca tal tinha visto! Que devia ter apanhado uma doença qualquer que, além de deixar memória, me provocara alguma alteração hormonal que me deixou particularmente apetecível a insectos.

Fiz um tratamento de choque durante um mês com anti-histamínicos e corticóides. E a coisa melhorou substancialmente. Já não sou tão picada, nem de perto nem de longe, e as lesões do Brasil desapareceram definitivamente (até ver, pelo menos - nunca fiando).

Agora aquando da minha viagem a Los Melones (true story!), fui artilhada e, claro, que tive cuidado redobrado. Repelente a torto e a direito que os mosquitos americanos são-me bravos!

Mesmo assim fui picada. Uma vez. Num braço. Exatamente! Yey! Uma única vez.

Vinte e quatro horas e três anti-histamínicos depois, era esta minha figura.




10 comentários:

  1. Tu sabes que essa bicheza pica através da roupa, pois sabes?
    (Se te esfregares com alho eles não te tocam. É provável que o teu marido lhes siga o exemplo mas não se pode ter tudo...)

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    1. Tu é que picas por cima da roupa, pá. Picaram-me com a saia comprida porque estava de pernas cruzadas e eles, enfim, lá encontraram uma passagem e lá devem ter ficado presos como se de uma gruta se tratasse num repasto.
      (Isso. Esfregar-me com alho... Foi só mesmo o que ficou a faltar para o homem se me abalar porta fora. :D)

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    2. NM, para sua desgraça, sim há melgas que picam por cima da roupa.
      Eu que o diga, eu que por norma nunca sou mordida ou não faço efeito excepto uma picada de alfinete, este ano com as inundações perto de Parri, que já não havia há mais de 40 anos, apareceu por aqui o "moustique tigre", que além de me deixar com cada borbulhão que metia medo, mordia até por cima das calças de ganga (minhas ricas noites no jardim que fiquei de meter medo).

      Aliás, por alguns grupos da localidade onde moro, vim a saber que vários pais tiveram que ir para o hospital com os filhos porque a mordida provocou febres altas (os serviços da câmara andaram em matança ao bicho junto aos cursos de água mais de duas semanas )

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    3. "Moustique tigre"???? Tigre?! Brrrr... Só o nome já me deixa arrepiada. Pronto, tenho de pedir à minha costureira que me faça roupa de rede mosquiteira. Está visto. ;)

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  2. http://vigilance-moustiques.com/moustique-tigre-la-progression-saccelere/

    http://moustique-tigre.info/signalisations-moustique-tigre-par-departement/moustique-tigre-essonne/

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    1. Jasus!! Que besta! Olha, a mim mandava-me para o hospital. Certinho e direitinho.

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  3. Tens uma perna muito bonita:))))))
    Ai, espera, é um braço.

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    1. Olha que caraças... Um braço tão fino...

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    2. http://observador.pt/2016/09/12/estas-sao-as-10-picadas-mais-dolorosas-do-mundo-diz-o-homem-que-ja-as-experimentou-todas/

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    3. Olha Mi, eu não sinto as picadas... Mas acho que nunca me cruzei com uma formiga bala... :D

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