domingo, 16 de abril de 2017

Da vacinação, da corresponsabilidade e de como pela boca morre o peixe.

Ainda não há um ano (há pouco mais de meio, aliás), a importância da vacinação foi embandeirada em arco da pior maneira possível.


E não, não foi auto-recriação da imprensa, no sítio da DGS, a 16-09-2016:

OMS reconhece Portugal sem Rubéola e Sarampo


(Vamos esquecer o pormenor de ser explicito um intervalo temporal, não vigente à altura da publicação...) 

Muitas pessoas interpretaram, pois que se o sarampo está erradicado, vacinar os meus filhos para quê?

Agora é um Ai Jesus...




A questão é... As pessoas estão a desleixar, por opção, a vacinação do sarampo exatamente porque... Digo eu que não só, mas também, porque a DGS tem desleixado e tem sido irresponsável na forma de comunicação.

25 comentários:

  1. Acho que não tens razão. As pessoas desleixaram a vacinação fruto de correntes e teses vindas de países ditos mais avançados que, essas sim de forma meu ver totalmente irresponsável, alertam para eventuais consequências graves das vacinas.
    Nunca percebi como pessoas, muitas delas inteligentes e cultas, podem não vacinar os filhos. Basta pensar qual era a taxa de mortalidade infantil em Portugal e qual é agora essa taxa.
    Feliz Páscoa

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    1. Também ana, também... E eu concordo contigo e não digo que seja a razão pela qual a maior parte das pessoas não vacinam. A questão é que ser assim taxativo e concludente só desinforma, e há pessoas que optam por não dar esta VASPR1, porque de há uns anos para cá corre que o sarampo e a rubéola estão extintos. O que não se informa é que este quadro se reverte em quatro ou cinco anos se as pessoas deixarem de vacinar as crianças.

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    2. Ah, e Beijinhos e Feliz Páscoa, claro!

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  2. Vinha aqui questionar o mesmo, se achas mesmo que se pode atribuir grandes culpas à DGS? Claro que ao passarem essa notícia e como disseste, não indicarem que esse quadro é reversível, dá uma falsa segurança, mas eu acho que o maior problema é esta nova vaga dos paizinhos "supé informados", em que qualquer anormal com um computador que tenha ligação à internet, acha-se entendido em vacinação, e esquecem-se do que é informação credível e devidamente alicerçada em estudos cientificamente robustos. Esta vaga "new age" é de meter medo. E acho bastante irónico, usarem as indicações da OMS para fundamentarem a amamentação, mas no que toca à vacinação olham para o lado. Pior que um idiota iletrado, é um ignorante letrado, que mascarado de um conhecimento que não tem, apregoa barbaridades potencialmente deletérias...

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    1. Acho que a DGS tem grandes culpas sim. Porque não informa devidamente e porque neste caso em particular foi inconsequente e quis berrar ao País o bombom que recebeu da OMS. Aliás, lê a notícia do DN, do primeiro link, e vê a diferença de postura entre as declarações do Francisco George e as do Mário Cordeiro. Compara a responsabilidade social que um e outro denotam.

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    2. (E esses "paizinhos' se existem e são tantos é a custa de acharem que dificilmente os seus filhos apanharão determinadas doenças porque, afinal, algumas até estão erradicadas... E até são os organismos responsáveis que o garantem... Havia de haver uma prevalência das doenças como havia há 30 anos a ver se não sujeitavam os filhos os riscos dos vacinas...)

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    3. Discordo ligeiramente, há cada vez mais pais que não vacinam porque infelizmente acham que as vacinas podem causar autismo, porque não são vegan, porque têm alumínio, e porque acham que os filhos são micro heróis, que devido à alimentação ultra biológica, super diversificada, altamente funcional, vão conseguir combater vírus, bactérias e afins, O bom senso não impera em muita gente e não é por falta de informação, o problema é que só lêem a informação que lhes convém e que vá na linha do pensamento deles. Claro que em tempos houve desinformação e abusos, mas acho que muita gente esquece-se da criação das comissões de ética, da importância de ensaios clínicos, que as vacinas são testadas antes de serem colocadas no mercado. Claro que toda a gente deve questionar-se e se acham que determinado medicamento poderá ser prejudicial leiam, fundamentem-se, questionem os responsáveis, mas não façam com artigos da banha da cobra.

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    4. Ah sim, sim, eu sei, o que eu digo é que esses argumentos (de novo primeiro mundo) caíam todos por terra se esses pais vissem crianças doentes à sua volta com as doenças prevenidas pelos PNV... Achassem eles que os seus filhos teriam hipóteses realistas de apanhar difteria a ver se se preocupavam com o alumínio das vacinas..

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    5. Pipocante Irrelevante Delirante18 de abril de 2017 às 00:18

      Recreação e não recriação.
      E alta, e não auto (confesso-me ignorante neste ponto).

      Continuo na minha, fala-se em erradicação a nível nacional, o que quer dizer que pode haver contágio por importação de infectados ou indo ao exterior. Em ponto algum se insinua que a vacinação de doenças erradicadas localmente passa a ser opcional.
      O PNV existe, feito por quem sabe, é (seria) para ser cumprido. Mesmo que um progenitor pudesse ser induzido em erro por bazófias, só tem mais de esclarecer com um pediatra ou médico de família. Duvido que estes aconselhem a fazer um PNV DIY. Mas quando se forma opinião baseado em blogs e redes sociais...

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    6. Mas PID... Discorda comigo exactamente em que ponto?! O único que eu digo é que a DGS tem sido irresponsável na comunicação. (Para não dizer mais... Dizer que está erradicado quando o que tem é um documento que reporta a um período que terminoi há um ano e meio atrás...) Se se sabe que algumas pessoas não estão a vacinar as crianças, há que reagir e formar. Não é embandeirar algo que pode ter efeito contraproducente...

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    7. Pessoalmente creio numa punição legal e criminalização destes pais. Não tomar vacina deveria ser ilegal e apenas autorizado a individuos que são alérgicos ou intolerantes às mesmas.
      Crianças não vacinadas não deveriam ter acesso ao ensino público e os pais seriam obrigados a pagar professores para os ensinar em casa; não deveriam ser aceites em ATLs e outras atividades. Um adulto não vacinado deveria ser proibido o uso de qualquer complexo público lúdico ou educativo, etc.
      Criminalizar a estupidez e informar ao mesmo tempo. Sou completamente contra o direito de opção nestes casos. Se não querem contribuir para a comunidade podem ir viver para um qualquer país de 3º mundo ou para os USA que lá estes maluquinhos também proliferam.

      Se o problema fossem as doenças consideradas extintas não se via este fenómeno em relação a todas as vacinas.
      A vacina da tosse convulsa, por exemplo, anda a ser rejeitada por imensas grávidas apesar de existirem cada vez mais bebés recém-nascidos a morrer por causa da mesma. O problema é mesmo a ignorância.

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  3. Pipocante Irrelevante Delirante17 de abril de 2017 às 08:28

    Não posso concordar.
    A erradicação do sarampo é apresentada como uma vitória do PNV, portanto havia que mantê-lo.
    Se os pais são desleixados, ignorantes ou demasiado sábios, assumam a responsabilidade individual.
    O Estado tem as suas funções, mas as pessoas têm de contribuir.
    Mas já se sabe que em Portugal o tuga, certas coisas só faz quando obrigado. A bem da saúde pública, que está acima do direito do cidadão, passaremos a ter a PSP a bater às portas dos prevaricadores, acompanhando a enfermeira que tratará da vacinação compulsiva.

    PS: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/recreação

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    1. PID, entre outros a DGS tem o dever de informar e formar. (Ainda mais sabendo que há contra informação.) Há, sim senhora, que celebrar as vitórias mas com sentido de responsabilidade. Não se pode usar um documento relativo ao período Jan 2012-Dez 2014, falar-se na erradicação no presente e na doença no passado. É abusivo e perigoso. (E tanto foi abusivo que passados seis meses, ora aí estão 11 ou 12 casos.) Nunca em momento algum se pode falar no passado, há sempre que manter as devidas cautelas. As pessoas não têm (nem têm que ter na verdade) conhecimentos de saúde pública ou de epidimiologia, cabe aos organismos públicos a formação e sensibilização. (Veja-se a atitude defensiva do pediatra.) Eu já ouvi vários pais (não pais desleixados, nem ignorantes, nem demasiado sábios) questionar o porquê de se continuar a administrar a vacina do sarampo se este, toda a gente sabe, está extinto... À parte do histerismo todo das novas apologias de não vacinação, esta linha de raciocínio, relativamente a esta doença em particular é muito mais comum do que aquilo que se pensa.
      E mais lhe digo, que sim, que eles têm feito um trabalho extraordinário na vacinação das crianças. Estando as crianças inscritas num centro de saúde ou USF, não mandam a polícia bater à porta mas pouco falta...

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    2. (Não sei se percebi o "recreação"...)

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    3. Convém não esquecer que estaria extinto em Portugal mas não no resto da Europa, pelo que se em Portugal o risco de uma criança não vacinada apanhar sarampo seria diminuto, se essa mesma criança viajar para países onde a doença existe, pode contraí - la e trazê-la para Portugal.

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    4. Claro ana, daí eu dizer e redizer que a DGS tem sido muito irresponsável na comunicação.

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    5. O meu filho mais velho fará em Outubro 20 anos.
      Tem todas as vacinas e mais algumas.
      Quando iniciou o programa de vacinação, houveram enfermeiras no centro de saúde que comentaram "se os pais soubessem o veneno que estas vacinas são, não vacinavam." - repito: ENFERMEIRAS. Houve também um médico numa urgência que, ao ver o boletim de vacinas do miudo todo carimbado comentou "credo, que exagero, hoje em dia não é preciso tanto" - reprito: UM MÉDICO.

      Dei também todas, mesmo aquelas que custam uma fortuna e não obrigatórias, aos meus dois filhos mais novos porque pensei, e penso "há 50 anos morria-se com turberculose e meningite em Portugal, se hoje não se morre foi porque se criaram vacinas" - tenho o 12º ano concluido à noite no quadro "novas oportunidades".

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  4. Eu na minha ignorância, só quero dizer que mesmo estando vacinados tanto os adultos como as crianças podem ter a doença, e falo por experiência própria, os sintomas são é menos agressivos.

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    1. Sim, sim, acontece o mesmo com a varicela, ainda que não seja o caso típico. (Um dos critérios para fazer parte do PNV é ser uma vacina muito eficaz.) Aliás, não tenho a certeza se todos mas grande parte dos adultos, funcionários do hospital, que foram contagiados por uma criança, ou tinham sido vacinados ou já tinham tido a doença. O que, de resto, é por si muito estranho e pode indiciar alterações no próprio vírus.

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  5. Parece-me um abre-olhos para a DGS. Pelo menos não a tiraram do PNV.
    Veremos se não acontece o mesmo com a tuberculose, já que a vacina da bcg deixou de fazer do parte do PNV, sendo apenas dada a grupos de risco. E há ainda a tosse convulsa, que, fazendo parte do plano, está ESGOTADA! Não houve para a mãe grávida e agora não há para o bebé.
    E agora vêm-me com o sarampo...
    Daqui a nada fecho o miúdo em casa e só o deixo sair aos 18 anos.

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    1. Ahahahahah calma, é só sarampo e só houve 23 casos desde janeiro. Deve ter havido centenas de acidentes domésticos graves, pelo que não sei se não será perigoso tê-lo fechado em casa tanto tempo... :DDDD

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    2. Até de benzo só de pensar na "aborrecência"... E a probabilidade de cair do sofá deve ser maior que ter sarampo (se for como o irmão, 3 anos, estou tramada, não pára 1 segundo!).
      Quanto à vacina em falta, vai levá-la hoje. O sarampo... que Deus o proteja! Comecei o início da gravidez com a varicela do mais velho (e eu sem nunca ter manifestado a doença), já estou por tudo!

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  6. Vim estudar para os EUA há uns anos e na altura tive conhecimento destes movimentos anti-vaxxen completamente patéticos. Na altura comentei com os meus colegas que felizmente no meu país tínhamos uma taxa de vacinação acima dos 90% e as pessoas entendiam a responsabilidade de vacinar os seus filhos, não só para os proteger mas também para proteger os demais. Ora parece que em menos de uma década emburrecemos todos. A coisa começa de mansinho...fulana x que não pescava nada de química e via-se à rasca para passar Ciencias da Terra e da Vida de 10 ano agora munida de conhecimentos adquiridos na faculdade estou-bored-no-meu trabalho-deixa-me-cá-fazer-umas-pesquisas-no-google discursa qual laureada Nobel sobre os mais diversos tópicos de ciência, desde toxicologia e ciência dos materiais à nutrição e alimentos biológicos. É um regalo de se ver. Às vezes a coisa vai mais além e toma a forma de blog. E aqui então é mesmo cómico. Licenciados em jornalismo a dar autênticas consultas de nutrição e sobre malefícios do colestrol etc etc etc. A fantasia é tanta, que depois chega ao ponto de questionar factos ciêntificos aceites pela comunidade médica internacional e bem... pelo senso comum! E aqui chegamos à vacinação. Deita-se abaixo décadas de ciência em favor de meia dúzia de teorias da conspiração que por aí andam nos googles e youtubes deste mundo e assim se colocam os outros em risco sob a bandeira da liberdade individual. Pois bem, liberdade, meus paizinhos ignorantes, é viver num país livre de doenças para as quais há prevenção.

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    1. É mesmo isso. Mas estou convencida que estes pais só existem à custa do sucesso da vacinação. Como disse lá em cima, se existissem crianças doentes, se eles achassem que os seus filhos tinham hipóteses realistas de apanhar doenças graves a ver se não iam a correr vacina-los...

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  7. Vamos ignorar a moda e os maluquinhos anti-vacinação?

    As taxas de vacinação estão a decrescer num todo e não só nas doenças consideradas erradicas. Isto porque a ignorância e a burrice é algo que se espalha mais que o Sarampo. Há sempre um palerma qualquer a debitar que a vacinação causa autismo ou a recusar-se vacinar-se porque - inserir imbecilidade - e quem o faz é isto e aquilo.

    As pessoas já se esqueceram que antes de haver vacinação havia mortes. Pensam que estão imunes às mortes e que os filhos deles também estão protegidos por uma aura qualquer de "protecção natural".

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