sábado, 25 de julho de 2015

"Canudos há muitos, seu palerma!"

É como quem me esfrega cebolas nos olhos ver que em 2015, em dois-mil-e-quinze, ainda há quem se arrogue no direito de se indignar porque ganha menos, mesmo tendo estudo superiores (5 anos ali no duro hã...), que muitos outros que nem o nono ano têm...

Meus caros... Tende juízo, sim? Os canudos não entram (ou entram cada vez menos) na equação...

As pessoas são pagas pela necessidade (é aquilo da oferta e da procura)/qualidade do trabalho que fazem, não pelos estudos que têm, boa? (Calma... Continuai a ler, não me xingueis já...)

Afinal de contas ninguém tem culpa que vos tivesse parecido boa ideia tirar uma licenciatura em paleontologia depois de uma visita de estudo muito divertida ao Centro de Interpretação Geológica de Canelas-Arouca. (Calma... Inspira, expira... É claro que a valorização que se tira de um curso em Nutrição Humana e Qualidade Alimentar não é comparável à que se espreme de um de Paleontologia... Oh wait...)

(Agora mais a sério... É como aquilo de haver milhares e milhares de professores no desemprego e de continuarem a encher cursos de educação... Nos últimos dez anos (e isto sou eu a ser conservadora) ninguém pode dizer que foi apanhado de surpresa a meio de um curso de ramo educacional pelo tsunami do desemprego e, consequentemente, baixos salários no privado (quando a oferta é muita...). É mais que sabido que a rede escolar (pública e privada) não tem capacidade para absorver toda a gente que se forma na área. As pessoas têm de saber ao que vão quando se inscrevem num curso desses. Não é surpresa para ninguém. Os índices de empregabilidade dos cursos são públicos. As pessoas vão-se valorizar, pois claro que vão, mas têm de perceber que com a entrega do canudo, mesmo tendo eles pago propinas, não lhes é devido rigorosamente nada.)

Ai o canalizador/pintor/mulher da limpeza/costureira/electricista levou-vos um balúrdio? Ai nem a vós, senhores doutores que andastes não sei quantos anos na Universidade, vos pagam isso? Pois é... Olha... "Estudasses, que também lá andaste.", como dizia o outro.

(E não, claro que não estou a defender os salários esclavagistas por aí praticados sob a premissa do "se tu não queres há mais quem queira, dá-se um pontapé numa pedra e de lá sai um licenciado/mestre/doutorado em...". Mas são estes que ganham pouco, miseravelmente, não são os outros que ganham muito. Esses... Bom, esses ganham o que têm de ganhar. Se os doutores que precisam dos serviços acham caro e se há mais quem faça... Pois bem, amigo não empata amigo, tudo vai de ir procurar quem faça mais barato ou então arregaçar as manguinhas.)

(Outro dia também maldisse os 12€ (d-o-z-e-e-u-r-o-s) que paguei por três bainhas direitas que devem ter demorado quinze minutos a fazer. Achei caro, muito caro. Mas só isso. Eu não ganho nem de perto nem de longe 48€/hora. Mas só porque o meu trabalho não vale tanto. É a vida. Eu também me podia ter dedicado à costura. Mas não, dediquei-me a outras coisas. São opções.)




26 comentários:

  1. E escreveu muito bem.
    E poderia trocar educação por engenharia que era igual, o Estado não deveria ver o que mais faz falta ao país e criar o que faz falta.

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    1. Ora bem Urso Misha... Pois não sei se devia... Não sei, tenho de pensar melhor nisto. E o que é que faz falta ao país? Só médicos, não é? (E só de determinadas especialidades, como medicina familiar, e só em algumas zonas... E também somos tão pequenos que, abrindo mais vagas, começava a haver desemprego em menos de nada. Mas também te digo que a maior força de bloqueio para a criação de mais vagas em medicina vem da ordem dos médicos, que bem sabe que enquanto forem poucos - e precisos, são valorizados...)
      Por outro lado, o investimento em cursos superiores com índices de empregabilidade residual... Pois lá está... Tenho de pensar melhor nisto... ;p

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    2. Ursa Michael, percebo o seu raciocínio, mas se assim fosse estaríamos a impedir que mais pessoas exercessem certas profissoes, ingressassem por certas carreiras. Ou seja, alguém iria estudar quais as necessidades de cada área, a cada momento, em cada lugar. Parece perfeito, mas não é. Note que impediria que os mais jovens mas mais vocacionados e competentes para determinadas profissões a exercessem, uma vez que as "quotas" estariam preenchidas por pessoas mais velhas embora eventualmente incompetentes.

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    3. MalEssa, também compreendo o seu raciocínio, mas assim temos jovens competentes e especializados no desemprego, que é importantíssimo para o país.
      Não queria criar uma utopia, um mundo bonito, mas acredito que é melhor abrir vagas do que o país precisa e esses jovens serem vocacionados e com um emprego.
      E completando o que a NM disse tenho no meu trabalho "pessoas mais velhas" a ganhar o dobro dos engenheiros jovens, porque ninguém quer ser encarregado, mas é a "viding", vamos todos ser médicos e professores e com uma grande sorte com emprego...

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  2. Pegando na última parte:
    Na minha terra há tanta costureira que se uma levasse 12€ ficava desempregada - a dita lei da oferta e procura.

    Em relação aos "senhores doutores" creio que há áreas e áreas mas nunca percebi muito bem para que serve uma licenciatura de filosofia, p.ex... por outro lado há algumas onde sabemos à partida que em Portugal estará fora de questão mas no exterior é quase garantido. Eu perdi a conta aos ex-colegas de secundários emigrados actualmente pelo mundo fora todos empregados em engenharias...
    Na minha dará para ganhar de 30€ a 80€/hora dependendo do local de trabalho. O problema realmente é que (quase) todas as empresas se aproveitam dos ditos "falsos recibos verdes" e acabamos a trabalhar que nem cães para receber uma miséria (desculpa as expressões).

    Só um pequeno desabafo: Haverá coisa mais asquerosa do que alguém a exigir ser tratado por "Sr. Dr"?

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    1. Também na minha área o "ir para fora" é o caminho normal. e não é de agora. Sempre foi.
      A questão dos recibos verdes é, a meu ver, a grande questão no que respeita ao emprego. Tivesse eu poder decisão e começava amanhã a resolver essa pouca vergonha. Essa e a dos estágios não remunerados... E só não começo para aqui a praguejar porque... pronto!!

      Isso de exigir o tratamento por "Sr. Dr."... isso tem muito que se lhe diga... Olha, vou escrever um post sobre isso. Logo me dirás o que achas.

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  3. Eu acho ainda mais engraçado o facto de não se gostar do serviço que nos é prestado, mas como não fomos nós que contratá-mos o serviço directamente não vamos dizer nada directamente à pessoa que nos presta o serviço.

    Mas dizer mal pelas costas para que ela se for despedida já não consiga arranjar mais trabalho já se pode.

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    1. Sei do que falas, mas não era (especificamente) disso que eu estava a falar...
      (Mas também não vi o nome da senhora em lado nenhum...)

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    2. Não é preciso dizer o nome. Se toda a gente sabe quem ela é, através das inúmeras fotos que publica na Internet, não será difícil para alguns chegar à pessoa que trabalha na casa dela. Acho indecente vir para a Internet fazer queixa e piadas nas costas de uma pessoa. Imagina NM, que o teu patrão, que não sei se tens, andava pelo Facebook a fazer pouco do teu trabalho. Eu não ia achar piada.

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    3. Em princípio, se ela não usou um nome inventado, já disse o nome várias vezes.

      Depois, uma coisa é certa, trabalhos monótonos e repetitivos acabam por fazer com que o trabalhador se desleixe, fazendo com que este não fique tão bem feito ou que ocorram acidentes. Eu sei porque já fiz vários trabalhos desses.

      Não custava nada, de vez em quando, chamar atenção para alguns pormenores. Não precisa de deixar uma lista infinita, mas tipo (usando as limpezas como exemplo):

      Faça uma limpeza mais a fundo no microondas/forno/cada-de-banho
      Veja se há teias de aranha
      Verifique se as peças nas prateleiras de cima precisam duma limpeza mais a fundo
      Aspire o rodapé
      Limpe as portas, vá limpando 2 de cada vez

      Coisas simples, uma extra cada semana. Se não tiver feita nesse dia, sem qualquer recado porque que é que não foi feito, então sim criticar

      Agora mandar recados pela net e expor a vida da pessoa, que se calhar lê o blog. Ou a filha/sobrinha/...

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  4. Só cá entre nós, também sou filha de uma mãe que trabalhou\trabalha a dias. Sei o quanto ela chega cansada a casa depois de limpar a porcaria dos outros, e sei também que mesmo assim ainda tem forças para limpar a nossa depois de um dia de trabalho. Quanto a ordenado, não ganha mal, pelo contrário ganha consoante o que faz (que é tudo, refeições incluídas),ou seja relativamente bem comparada com alguns casos que conheço. Tem direito a subsídio de férias e Natal. Mas infelizmente não tem direito a reforma porque não desconta (muita gente esquece-se deste pormenor, mas apontar o dedo e dizer "ah e tal 15€\hr é muito", não é ponto). E quando leio burrices como a que li (atenção que até gosto de ler a pessoa em questão mas não implica concordar com tudo) começa-me a ferver o sangue. A minha mãe pode não ter um canudo, pode não ter andado a queimar as pestanas durante não sei quantos anos, mas de certeza que é para lá de inteligente, mais até que a dita menina. E a educação não se paga com canudos. Se eu tenho vergonha de a minha mãe andar a limpar a porcaria dos outros? Não, pelo contrário tenho até muito orgulho nela e no meu pai. Trabalharam no duro para ter o que têm hoje, e o mais importante nisto tudo foi que nada me faltasse. Portanto as alminhas que sempre tiveram empregadas a limpar-lhes o rabinho uma vida inteira deviam trocar de lugar com essas pessoas e ver se conseguem fazer o que pedem em 4 horas a ver conseguem.... Isto tudo para dizer que concordo contigo NM..... Peço desculpa pelo desabafo mas isto revolta-me. Bjinhos****

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    1. ?? Não tem direito a reforma? Mas pode (e deve) descontar para ela.

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    2. Oh pá... mas estão a falar de quem? Um dica please!!!
      Ana

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    3. Por acaso ia dizer isso mm. Mm q os patrões n queriam fazer os descontos (dado q lhe pagam os subsídios, creio q podiam tentar negociar) pode a tua mãe efectuar ela mm. Conheço uma mão cheia de pessoas q o fazem nessa mm profissão.

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    4. Anónima (12:02), vou saltar a questão de a tua mãe não fazer descontos, facto sobre o qual acho que devia ponderar, tanto pela reforma como para ter alguma assistência no caso de doença. Até as domésticas podem fazer descontos, mesmo sem receberem, por intermédio do Seguro Social Voluntário.
      Mas bom, saltando essa parte, a tua mãe não ganha muito. A tua mãe ganha (pelo menos) o que merece. Se o que não falta por aí são empregadas de limpeza a cobrarem 5€/hora, se as "patroas" da tua mãe, ainda assim, a preferem ter a ela pagando 15€, é porque o trabalho dela o justifica. ponto. Não tem de se justificar a ninguém, que isto de ganharem todos pela mesma bitola, quer façam pouco ou muito, bem ou mal, é que é vergonhoso. e sim, isto só pode ser um motivo de orgulho para ti.
      Relativamente à inteligência... Sejamos honestos, QUALQUER pessoa consegue ter um curso superior logo que tenha disponibilidade de tempo e dinheiro. Se não é este curso é outro, se não é numa conceituada faculdade é num instituto privado de vão de escada que é que mais há por aí.
      O que a mim se me revela como de uma inteligência, no mínimo, duvidosa é andar a gastar recursos durante meia dúzia de anos (porque já que se está faz-se também o mestrado) em cursos que não lembram ao diabo e que já se sabe vão ser de utilidade zero. Isso sim é que é burrice. Pelo menos investia-se em formação numa coisa qualquer (em baby sitting, em costura, em cozinha, em limpezas) que pudesse vir a dar frutos, não é preciso tirar um curso superior.
      Finalmente, terás que concordar que há pessoas incompetentes. Não podemos partir do princípio que se não fazem as coisas em condições é porque lhes deixam uma lista imensa de tarefas ou porque são mal pagas. Há gente incompetente. Ponto. No que muita gente falha é em não transmitir o desagrado a tempo e horas. Se as coisas não estão a nosso gosto e pagamos o serviço, só temos mais é de dizer de nossa justiça a tempo e horas e dar margem às pessoas que contratamos para conseguirem "arrepiar caminho".
      And at last but the least, Beijinhos e obrigada pelo teu comentário ;)

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  5. Opa, fui mm roubada! Eu paguei nove euros, nove! Por UMA bainha, num vestido comprido, de algodão...12 por 3, visto assim, não tá mau (ok, houve corte se tecido, mas 9 euros caramba!) :)
    Há anos q falo nisso dos cursos dos professores. Tb n compreendo. Temos professores mas n temos alunos...

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    1. Ahahahahahahahahahahah 9€ por uma bainha???? olha... Estudasses! :D

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    2. Ahahahahahah exacto. Cheguei rapidamente à conclusão q escolhi a carreira errada. Too bad for me :)

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  6. Ando aqui as voltas sem perceber de onde vem esta... Assim não aguento mais... Isto de andar sempre atrasada em horários e dias está a dar cabo de mim. Fico louca e não percebo nada.
    Mas digo já que não vivo sem a minha D. Mariana que toma conta de mim senão a minha casa seria o completo caos quando passo muito tempo fora do país.

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    1. Eu nem estava a falar especificamente sobre a publicação de ninguém... (Soooonsa! ;D a sério que não, há muita gente assim.)
      O dinheiro que pago à minha D. Albertina é o mais bem gasto de todos...

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    2. Voces sao tao más companhias... sim voces as amiguinhas (como dizem os anonimos), tive de procurar, procurar em todo o lado e agora vejo-me obrigada a ler todos os dias parvoeiras para andar actualizada. Sao más companhias

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    3. Sandra... Oh Sandra... Tu foge... Foge enquanto é tempo, que comigo e com as minhas amiguinhas não aprendes nada... :DD

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    4. Eu ja pela blogocoisa a tantos anos sempre escondida, mas ando. Mas gosto de voces que vou fazer. Beijinho

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    5. Que vais fazer??!!... Fooooge! ;DDDD

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