terça-feira, 11 de julho de 2017

De como eu também quero contar uma história de conversas em linhas paralelas, que por acaso é só uma das maiores vergonhas da minha vida, ou de como dou um rim por uma corrente.

Pois é, minha Palmier... Cá vamos... Sempre de olho aberto à bela da corrente, né?

Eu sei, eu sei que tu me percebes... :)

Ora então, foi assim que aconteceu:

Decorria o ano de dois mil e picos e era esta que vos escreve uma professora estagiária numa qualquer escola do concelho do Porto (e a esta altura a minha amiga I*, que já adivinha o que aí vem, já chora a rir). Pois que éramos quatro estagiárias e tudo corria bem. Dávamo-nos todas bem, a orientadora era uma porreira, planificávamos aulas à beira mar, pedíamos cinco cafés diferentes (curto, chávena fria, três quartos, normal e italiana, acho que era isto) e riamo-nos como umas perdidas sempre que podíamos.

Tudo muito certo, até que num dia de novembro, conta-nos a nossa orientadora, entre risos, que uma auxiliar lhe tinha dito que o grupo de estagiárias desse ano era bem simpático, tirando uma, euzinha!, que era um bocado para o nariz empinado.

Ora... Eu sou tudo menos uma nariz empinado - quer dizer, agora às vezes até sou que há malta que não percebe de outra forma que estar à vontade não é estar à vontadinha, mas à data dos factos não era de todo o caso. Também à data dos factos era eu mais permeável à opinião alheia, sendo que agora sou uma fervorosa adepta do estoumecagandismo; faço o melhor que posso, respeito toda a gente, mas quem não gosta que ponha na borda do prato que eu também não perco um minuto a pensar no assunto.

Pois muito bem, estando eu na sala de fumadores, e recém detentora da informação de alguém me achar a ovelha ronhosa do grupo, levanto-me e dirijo-me à sala dos professores “normal” para ir buscar um café. Estávamos em horário letivo, pelo que tal sala estava praticamente vazia. 

Naquele momento contava animadamente a auxiliar que trabalhava no bar a uma professora "da casa" (i.e. efectiva) que, infelizmente, tinha tido de tirar o "aparelho".

“Ah e tal, tive de tirar o aparelho...”, foi isto que aqui a nariz empinado (infâmia!!!) ouviu.

Ora, eu usei aparelho nos dentes durante dois anos e tinha tirado o dito em julho desse ano.

Para não me acusarem de antipatia, Deus nos livre, longe vá a infâmia, e perante os sorrisos que me receberam resolvi meter-me na conversa, fixando o olhar nos dentes da senhora...

[NM] Mas ó D. Alcina, e a Sra. precisa de aparelho?

[D. Alcina]  Ó menina, então não havia de precisar? Mas a menina faz-me assim tão velha.

[NM, de olhar fixo na dentura da senhora] Não é isso... Mas não me parece que precise, só isso...

(Por acaso nesta altura reparei num estranho silêncio, quiçá indiciador que me devia calar mas bom... “Nariz empinado” é que não...)

[NM] Mas e então?! Teve que tirar o aparelho, foi? Doía-lhe muito?

[D. Alcina]  Não. Doer não doía, mas sangrava muito...

[NM] Ah... Eu também usei, sabe? E no início também me acontecia muito... Falta de fruta, sabe?

(Verdade, verdadinha... No início, aquilo faz muita força nas gengivas e, por falta de vitamina, por falta de fruta, dizia-me o médico, eu sangrava das gengivas. Mas depois comecei a comer muita fruta, frutinha da boa, fiquei com as gengivas fortes e nunca mais sangrei.)

Ainda me ecoava na cabeça o meu diagnóstico de falta de fruta, quando reparo que a professora que desde início falava com a D. Alcina arregala os olhos enquanto dava uma dentada na sua sandes de queijo.

Nisto só ouço...

[D. Alcina] Não faz mal... Continuo a tomar a pílula que também não morre ninguém!!!!

(...)

Pois é...

Eu falava no aparelho dos dentes e no sangramento das gengivas derivado da falta de fruta e a D. Alcina falava no... DIU!!!!

No DIU e no sangramento pelo pipi...

Eu?! O pior desta história é que eu fiquei tão aflita, mas tão aflita, que não consegui dizer nada... Virei costas e fui-me embora. Na minha cabeça um único e exclusivo pensamento: "Falta de fruta, NM??"  

Diz que entrei na sala de fumo branca como a cal.

- O que é que foi??!!, perguntaram-me as minhas colegas.

- Nem queirais saber o que aconteceu..., disse eu.

(...)

As minhas amigas riram-se tanto, tanto, tanto... Pus as quatro a chorar com o riso. Bingo!

Eu?! Eu fui para casa. Super envergonhada, claro.

(...)

Como é que eu sei que era novembro?!

Porque nessa noite foi o magusto da Escola... Porque mal pus um pé dentro do pavilhão, já cheio de professores, só ouvi um “Olha quem chegou...” e uma explosão de gargalhadas.

E foi isto.

22 comentários:

  1. e choro novamente... :P
    e tenho aqui o povo a olhar para mim com um ar. :P
    credo, é a melhor história de sempre!
    amigas parvas, adoro ter amigas parvas!
    <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3
    gosto tanto de ti, querida nê!

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    1. Ahahahahahahahahahah Ahahahahahahahahahah "Ah... Sangrava?! Eu também... Falta de fruta, sabe?!"
      Ahahahahahahahahahah Ahahahahahahahahahah foi épico!!

      (Foi um ano tão, mas tão bom!!)

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    2. (E sou parva, claro que sou. Mas esta foi só mesmo ingenuidade... :DDD)

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    3. Pois é! Na altura éramos tão mais ingénuas.
      Foi um ano mega divertido. Tivemos sorte em tudo.

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  2. Oh pá, gosto tanto, tanto deste tamanho de letra. Agora vou ler o post, até já.

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    1. Não é o tamanho, é só o tipo. Faz diferença, não é? O tamanho é o mesmo de sempre.

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    2. É que "falta de fruta", no contexto, era o pior que podias dizer!

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    3. Eu ia ali logo no início do post e já só pensava em ti... "A minha I* bota os olhinhos nisto e começa a chorar..." :DDD

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  3. fui às lágrimas com a tua aventura, NM, é que nem tu imaginas o esforço de fingir tosse, quando me ria feito hiena, mas não podia/devia.

    mulher, tu não existes! :b

    flor

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  4. Fruta é um bom conselho! Uma framboesa segura entre os joelhos, por exemplo!Ou uma ameixa, sei lá! :p

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    1. Ahahahahahahahahahah segurar uma framboesa entre os joelhos deve ser um método contraceptivo hiper eficaz deve... :DDDDDD

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  5. Ahahhahhahahahhahhahahahhahahahahahahahahahhahahahaahhahahhahahahhahahhahahahahhahahaahahhahahahhaahahhahahhahahhahahah

    Pior era mesmo impossível! :DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD


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  6. Duas coisinhas para dizer: Isso era coisinha para me acontecer, à vontadinha! E fervorosa adepta do estoumecagandismo é muito bom :D

    Ana

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    1. É não é? Acho que com a idade ficamos todos um bocado assim... Estoumecagandistas!! :)

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  7. Também quero entrar na corrente.
    No meu primeiro emprego, andava eu pelos vinte e alguns anos,tinha a trabalhar comigo quatro raparigas que ainda faziam contas com máquina de calcular de manivela.
    A meio da manhã fazíamos café e uma pausa. No mesmo corredor trabalhava um engenheiro, bastante mais velho, a quem as meninas levavam um café por simpatia, revezavam-se na tarefa.
    Acontece que o Sr. engenheiro esteve ausente por uns dias por morte da mãe e quando voltou, na hora do café pôs-se um problema, ninguém queria levar o café. Vai tu, eu não vou,vai tu....Vá la a Dra!
    Eu sempre fui tímida e com uma dificuldade enorme de manter conversas formais, acabei por ir contrariada mas lá fui pelo corredor equilibrando o café a pensar o que havia de dizer sem que nada de adequado me viesse à cabeça.
    Vi-me em frente do senhor engenheiro e disse:-
    ENTÃO SR ENG A SUA MÃE?
    E quando ele incrédulo se preparava para me dizer que a mãe tinha morrido, eu atalhei e disse:-
    LÁ SE FOI...

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    1. "A SUA MÃE"???
      "LÁ SE FOI..."????? Ahahahahahahahahahah Ahahahahahahahahahah Ahahahahahahahahahah
      Ahahahahahahahahahah

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  8. Ahahahaha tu davas na fruta naquela altura, não??!

    (Em teu abono confesso que sou, ainda hoje, perita nesse tipo de calinada "loira")

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    1. Dava. Dava e muito.
      Por indicação médica por causa daquilo das gengivas. :D

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