terça-feira, 31 de outubro de 2017

Não é para agoirar Palmier, mas foi assim que esta cidadã ficou sem carta de condução durante um mês.

Disclaimer: Zero antecedentes, tirando uma ou outra multa de estacionamento (sim “uma ou outra”, quatro, na loucura das loucuras).

Estais a ver aqueles traços contínuos que vos impedem de virar para onde quereis? Mas aqueles traços contínuos mesmo, mesmo, estúpidos, sem jeito mesmo, mesmo, nenhum? Boa visibilidade, espaço para virar, numa zona residencial praticamente sem trânsito... Pronto, foi isso!

Nunca tinha reparado em tal traço e vai que, como o caminho mais curto entre dois pontos é uma linha reta e a mim me dava jeito virar, vai que, dizia eu, zau!, virei! Vai que o pendura me diz “Não podes fazer isto!”. Vai que eu respondei “Hã? Não posso?!”. Vai que ouço um “Uóim” daqueles que se ouvem quando os carros da polícia apanham cidadãos em flagrante delito, a atentar contra a sociedade... Um daqueles “Uóim” acampanhado de luz azul, que uma cidadã traduz automaticamente por “pronto, já tás f... lixada!”.

(Juro-vos que não havia nenhum automóvel/motociclo/bicicleta/veículo de tração animal/whatever num raio de, sei lá, 50 metros. Quer dizer... Haver havia... Um - precisamente o carro da polícia, que ainda hoje estou para perceber de que buraco saiu. Só para verdes a minha sorte.)

Pois vai que pago cento e tal euros, logo ali na hora e no sítio. Sem apelo nem agravo. Pronto, muito obrigada e boa tarde, continução e volte sempre. E lá fui eu a maldizer a minha vida, que isto de deitar dinheiro à rua é como quem me espeta facas no coração, mas convencidíssima que o assunto tinha ficado ali arrumado. Só que não.


Passado aí um ano, estava eu muito descansadinha em casa quando batem leve, levemente... Será chuva? Será gente? Fui ver... E não, não era o ovário (Ai, o Carlos Carrapiço...), era a polícia. Sim, a po-lí-ci-a, que andava à procura aqui da cidadã; seguramente com medo que esta tivesse desertado ou assim...

Que aconteceu? Diz que a DGV, ou lá quem trata disso, enviara uma carta, por correiro normal, a informar que a cidadã tinha de entregar o documento de condução, lá não sei aonde em consequência daquela insanidade que tinha cometido um ano antes e às custas da qual já tinha gasto cento e tal euros. Ora, como a cidadã nunca apareceu, encarregaram a PSP de a notificar, só para a cidadã ver que ali não se estava para brincadeiras.

Tal notificação nunca chegou à minha caixa do correio. Nem se quer sei se alguma vez exisitu. Diz que sim. Mas não sei, nunca vi. Vai que qualquer prazo de reclamação já tinha expirado e, mesmo tendo em conta que à data já não havia risco contínuo nenhum, sendo já legal a gravíssima infração que havia cometido, já nada a cidadã podia fazer... (Na verdade, passados três meses do sucedido já o risco contínuo tinha passado a descontínuo...)

Que podia então a cidadã fazer? Apenas comer e calar e entregar o documento que a habilitava de conduzir, e assim é que tinha de ser, e era se a cidadã não queria ir parar aos calabouços...


Vá lá, vá lá... Diz que ainda tive sorte por não pagar nenhuma multa adicional por nunca me ter chegado uma notificação que alguém diz que me enviou. Ufa... É muita sorte para uma só alma!

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

One Trick Pony.


Resultado de imagem para one trick pony gif

Se já não vais para novo e o truque de sempre te continua a manter quentinho...

Vai por mim e não te ponhas a inventar, que as noites já arrefecem.

sábado, 28 de outubro de 2017

Bicho da fruta.

Quando dou livre trânsito ao Jr. para pequeno almoçar o que lhe apetecer...


Invariavelmente.


quinta-feira, 26 de outubro de 2017

É só um fiozinho. São só dois nozinhos.


Estou há quarenta e cinco minutos de volta disto e não tarda está o fiozinho e os respetivos nozinhos a voarem janela fora...

Como se desfaz esta porcaria, carai??

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Jr., o poupadinho.

[NM] Precisas de material para a escola?

[Jr.] Não...

[NM] Ainda tens lápis?

[Jr.] Tenho...

(...)

O lápis:


segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Comportam-se como selvagens mas, pelo menos, falam como doutores...

Eles sozinhos no quarto, cheira-me a desentendimento (eles tentam passar de fininho, não gritam nem choram porque sabem que ficam os dois de castigo, sem apelo nem agravo). Abeiro-me da porta, olham-me os dois com cara de caso e...

E então?! O que é que se passa aqui?

Diz o Jr.:

Olha... Em primeira instância, ele bateu-me. E só depois, em segunda instância, é que apanhou.


«Há lá coisa mais bonita do que uma revolução.»

A propósito do meu post: 

Porque há quem perceba do assunto e, não obstante, escreva em blogs.


Uma das histórias desse tempo... 
E tão bem contada.

Ao meu Amor.


sexta-feira, 20 de outubro de 2017

... E ainda não lhes tinha ardido o quintal...

Dia 11 o Instituto de Ciência e Inovação para a Bio-diversidade, em Braga, inaugurava edifício e oferecia árvores autóctones aos presentes, "pensando em reflorestar Portugal".

Sim, tenho um carvalho cerquinho a ganhar corpo no parapeito da janela da minha sala. Mal cumpra requisitos mínimos vai morar para uma aldeia de Trás os Montes e vai ser um carvalho muito feliz.

Quatro dias depois, Braga estava assim:

O INFERNO EM BRAGA NO PIOR DIA DE FOGOS DO ANO



quinta-feira, 19 de outubro de 2017

E de repente mudei de opinião. Para a vida. CM TV ÉS MAIOR!!!!!!!!

Eu, que já por diversas vezes vos apelidei de abutres, a vós e a outros como vós, venho por este meio não só pedir desculpa como atestar que sois um modelo a seguir para qualquer meio de comunicação social...

Filmai. Filmai tudo. Filmai as pessoas em desespero, filmai os funerais, filmai os gritos excruciantes de velhinhos desgarrados. E de crianças. E de adultos. Filmai os animais queimados. Filmai os desmaios. Filmai crianças a chorar os pais. Filmai adultos a chorar os filhos. Filmai os gritos. Filmai as casas destruídas. Filmai os tratores carbonizados. Filmai os cadaveres a serem arrancados e despojados da napa derretida dos assentos dos carros ardidos. Filmai os familiares que vão ao INML reconhecer qualquer cordão de pescoço que foi retirado a um cadaver completamente irreconhecivel. Falai com os familiares dos mortos, se possível falai com os próprios futuros mortos, preferencialmente no momento exacto de pré falência onde eles perguntam pelos filhos. Depois ide dar a notícia aos tais filhos e filmai. Filmai os cadáveres. Filmais crianças carbonizadas. Filmai. Filmai os gritos. Filmai. Filmai tudo. Mostrai isso em loop, a toda e qualquer hora. Sem aviso prévio. Filmai e mostrai. Tudo.


Talvez, isso contribua para as pessoas não amaciarem o que aconteceu e se focarem no que realmente tem valor nesta vida –  a própria vida. A de todos e de cada um. Sem excepção. 

É indesmentível que, para cada um nós, a nossa vida vale mais que a dos outros.

Mas é igualmente indesmentível que para os outros... Enfim, para os outros, os outros somos nós.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Tenho amigos em todo Mundo...

Amigos estrangeiros. E todo o Mundo sabe dos acontecimentos de domingo.

O meu telemóvel não pára com as notificações. Já vou no segundo ciclo de bateria.

A primeira pergunta é se estamos bem, se me afectou diretamente a mim ou à minha família de alguma forma.

Não, não afectou.

A segunda pergunta é o que vai acontecer a seguir.

Aqui, conversa a mais conversa a menos, percebo que, curiosamente, algumas pessoas não sabem o que aconteceu em junho...

Aí, conversa a mais conversa a menos, fico com vergonha de dizer que, a menos da ministra que ainda o era desde junho, acho que vai ficar tudo igual.

Moral da história.

De março a junho estivemos sem Proteção Civil porque foi toda uma equipa nova que foi constituída e isto, já se sabe, demora até se definir estratégias, ajustar sinergias, acertar agulhas e, finalmente, entrar-se em velocidade de cruzeiro.

Em junho aconteceu o que aconteceu e a Ministra, diz agora, quis demitir-se.

O Patrão não deixou, a Ministra acatou e foi lá para o canto dela lamuriar-se, de braços caídos e  emocionalmente esgotada.

E a Proteção Civil lá continuou, ainda que por outros motivos que não os primeiros, um navio à deriva.

Resumindo, há, pelo menos, mais de meio ano que estamos sem proteção, entregues aos desígnios divinos.

Mais de cem almas foram-se... Algumas porque confiaram e acharam que se as estradas não estavam cortadas (e se, nalguns casos, para ela foram desviadas por forças de segurança) é porque, enfim, estavam transitáveis; algumas porque não confiaram (e até, seguindo o conselho do secretário de Estado) e fizeram-se ao fogo para salvar o que tinham.... 

Mas, pronto, a malta compreende...

(Afinal somos todos humanos, quem nunca errou que atire a primeira pedra, e diz que na Australia e na California aquilo também anda a arder e já morreram quase tantos como cá...)

(E o que eu acho é que os portugueses andam a pagar poucos impostos... Só isso justifica serem sempre tão complacentes com o que se lhe faz ao seu dinheiro....)

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Cada um divulga como pode.

São concentrações em Lisboa, Porto, Braga e Leiria contra os incêndios, sob o mote "Vão de férias" ou "Protestar para Mudar". Organizadas através das redes sociais, serão entre esta terça e sábado.

Aqui.

Porque há quem perceba do assunto e, não obstante, escreva em blogs.

A INCOMPETÊNCIA E A DESERTIFICAÇÃO DO PAÍS

DE RERUM NATURA
[Sobre a Natureza das Coisas]


Posso testemunhar o primeiro parágrafo:


Não sei precisar o ano, mas diria que foi entre 1989 e 1991, e perante a possibilidade de se vir a reflorestar a Serra do Marão com eucalipto depois de um incêndio, houve gente que se manifestou como pôde e soube.

Era eu uma criança de Bragança, esse reduto de selvagens iletrados e indoutos, e o carro dos meu pais (como tantos outros na cidade) ostentava um autocolante no vidro traseiro com os dizeres "Natureza Sim, Eucalipto Não". E era o que diziam os jornais regionais. "Natureza Sim, Eucalipto Não".  O que corria é que onde havia eucaliptos não havia mais nada, que sugavam toda a água e mais nada em sua volta conseguia sobreviver. E que explodiam. Que eram árvores que, simplesmente, "explodiam". (E explodem! Chegam a mandar material incandescente a 20 km (vinte quilómetros!) de distância.) E que não morriam nos incêndios. (E dificilmente morrem, meses depois de arderem já têm novos rebentos e depois de um incêndio, então, é que mais nenhuma espécie se consegue desenvolver.)

Bragança, inícios dos 90.

Ninguém ligou. Porque, afinal, o eucalipto era o "ouro verde" e porque toda a gente sabe que os académicos são uns teóricos, aleados da realidade e das necessidades reais das populações, a quem não vale a pena ligar muito.

Estranhamente, na altura, tal como agora, mais nenhum país parecia ver a riqueza fácil que ali estava... Ali mesmo, à mão de semear. Enfim. Cambada de burros. 

Aos que berram que isto, enfim, foi um triste infortúnio. Que ninguém tem culpa. Que nada podia ter sido feito. Que afinal são as alterações climáticas (que resolveram iniciar funções em Portugal a 14 de junho de 2017, precisamente, diz que Portugal está na moda, deve ter sido por isso), que nada podia ter sido feito e que, enfim, são azares da vida, recomendo a leitura do relatório da comissão independente relativamente aos incêndios de junho (versão completa, aqui).

Ao nosso caríssimo Primeiro Ministro,
....
....

"habituem-se" mazé o caralho.