Não teremos sempre Paris, como diz o "vizinho" do Header verde com oLamborghini roxo. Teremos sempre o livre arbítrio. Escolheremos o jugo do medo (e tive-o quando na semana passada voei para Londres), ou escolhemos levar a vida do modo que acreditamos ser o nosso, mesmo que remotamente (ou não tão remotamente assim) exista a possibilidade de sermos vítimas de um atentado. Daqui a menos de 15 dias voltarei fazer mini-férias no estrangeiro mas acredito que há-de correr tão bem como na semana passada.
O meu filho, de 6 anos, a quem lhe passou despercebido o facto dos pais andarem à meia-noite a telefonar para os familiares e amigos em Paris, a quem lhe escapou despercebido todo o buzz das noticias sensacionalistas e menos sensacionalistas do último fim-de-semana, chegou a casa na segunda feira a dizer que fizeram um minuto de silêncio pelas vitimas. A explicar-nos que tinham morrido muitas pessoas.
Depois disso percebi que não lhe deveria ter escondido nada e perguntei-lhe se havia alguma coisa que ele quisesse perguntar acerca do assunto. E ele perguntou se morreu alguma criança...
Esta semana ele falou disso muitas vezes, sobre o que aconteceu, como aconteceu... perguntou como é que as pessoas tinham morrido, quando e como tinha acontecido, quantas pessoas tinham morrido... e nós por cá tentamos explicar-lhe as coisas adequadamente (existe alguma forma adequada de explicar isto a uma criança?!) e passamos a semana toda a explicar-lhe que ele estava seguro. A mentir-lhe descaradamente para que ele não tenha medo de viver.
Não consegues. Da mesmas maneira que, em decidindo começar a bombardear a Síria, não consegues impedir a morte de milhares de pessoas, incluindo crianças...
Ja ha 4 anos que morrem centenas de pessoas na Siria, Iraque e afins as maos do ISIS... porque so agora vejo as pessoas, a maioria das pessoas, preocupadas com as vitimas dos bombardeamentos? Onde estavam essas vozes quando os Yazidis foram chacinados? Quando mulheres e criancas foram vendidas como escravas sexuais, violadas,esquartejadas? Ondes estavam essas vozes qd atiraram homossexuais do topo de edificios? Uma morte e uma morte, uma vitima e uma vitima. uma vitima nao e mais vitima por ser vitima de uma bomba europeia do que a vitima que foi esquartejada pelo Isis. Ou estamos aqui numa logica de que todas as vitimas sao iguais mas umas mais iguais do que outras. Numeros grosseiros, estima-se que cerca de 200 pessoas/mes (nao me recordo se mes, se dia) tenham sido assasinadas desde o inicio da guerra na Siria. porque so agora vejo a maioria indignada com as vitimas das bombardeamentos?
Vivendo em Bruxelas, com uma filha de quatro anos, grávida de 16 semanas e a trabalhar na Comisão Europeia só podes viver um dia de cada vez, ter um "plano de contigência" mental - que apenas serve para te dar uma ilusão de controle - e decidires não ceder ao medo que estes nojentos querem inculcar em cada um de nós. Não é fácil.
O metro não pode encerrar para sempre, não é?
ResponderExcluirDeus nos ajude...
Pois.
ExcluirNão teremos sempre Paris, como diz o "vizinho" do Header verde com oLamborghini roxo. Teremos sempre o livre arbítrio. Escolheremos o jugo do medo (e tive-o quando na semana passada voei para Londres), ou escolhemos levar a vida do modo que acreditamos ser o nosso, mesmo que remotamente (ou não tão remotamente assim) exista a possibilidade de sermos vítimas de um atentado.
ResponderExcluirDaqui a menos de 15 dias voltarei fazer mini-férias no estrangeiro mas acredito que há-de correr tão bem como na semana passada.
E pronto. É a única forma que o cidadão comum tem de lidar com isto... É acreditar que há de correr bem...
ExcluirO meu filho, de 6 anos, a quem lhe passou despercebido o facto dos pais andarem à meia-noite a telefonar para os familiares e amigos em Paris, a quem lhe escapou despercebido todo o buzz das noticias sensacionalistas e menos sensacionalistas do último fim-de-semana, chegou a casa na segunda feira a dizer que fizeram um minuto de silêncio pelas vitimas. A explicar-nos que tinham morrido muitas pessoas.
ResponderExcluirDepois disso percebi que não lhe deveria ter escondido nada e perguntei-lhe se havia alguma coisa que ele quisesse perguntar acerca do assunto. E ele perguntou se morreu alguma criança...
Esta semana ele falou disso muitas vezes, sobre o que aconteceu, como aconteceu... perguntou como é que as pessoas tinham morrido, quando e como tinha acontecido, quantas pessoas tinham morrido... e nós por cá tentamos explicar-lhe as coisas adequadamente (existe alguma forma adequada de explicar isto a uma criança?!) e passamos a semana toda a explicar-lhe que ele estava seguro. A mentir-lhe descaradamente para que ele não tenha medo de viver.
D.
... Pois é D., pois é...
ExcluirNão consegues.
ResponderExcluirDa mesmas maneira que, em decidindo começar a bombardear a Síria, não consegues impedir a morte de milhares de pessoas, incluindo crianças...
Ora nem mais me!
ExcluirJa ha 4 anos que morrem centenas de pessoas na Siria, Iraque e afins as maos do ISIS... porque so agora vejo as pessoas, a maioria das pessoas, preocupadas com as vitimas dos bombardeamentos? Onde estavam essas vozes quando os Yazidis foram chacinados? Quando mulheres e criancas foram vendidas como escravas sexuais, violadas,esquartejadas? Ondes estavam essas vozes qd atiraram homossexuais do topo de edificios? Uma morte e uma morte, uma vitima e uma vitima. uma vitima nao e mais vitima por ser vitima de uma bomba europeia do que a vitima que foi esquartejada pelo Isis. Ou estamos aqui numa logica de que todas as vitimas sao iguais mas umas mais iguais do que outras. Numeros grosseiros, estima-se que cerca de 200 pessoas/mes (nao me recordo se mes, se dia) tenham sido assasinadas desde o inicio da guerra na Siria. porque so agora vejo a maioria indignada com as vitimas das bombardeamentos?
ExcluirPorque é causa-efeito e porque este ataque nos foi fisica e culturalmente mais próximo. É tão simples quanto isto. Que é demasiado simplista? Pois é.
ExcluirVivendo em Bruxelas, com uma filha de quatro anos, grávida de 16 semanas e a trabalhar na Comisão Europeia só podes viver um dia de cada vez, ter um "plano de contigência" mental - que apenas serve para te dar uma ilusão de controle - e decidires não ceder ao medo que estes nojentos querem inculcar em cada um de nós. Não é fácil.
ResponderExcluirCaramba Mi... Não deve ser nada fácil não... Um grande beijinho. (Vai tudo correr bem, pois claro que vai...)
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