segunda-feira, 24 de abril de 2017

Das tatuagens da nossa prole.*

A propósito de uns comentários ali na Palmier de que só hoje me dei conta, passei o dia a arquitetar um plano para quando um dos meus ricos filhos (aposto as fichas todas no Baby) me vier com a peregrina ideia de querer fazer uma tatuagem.
Resolvi então que no dia em que for confrontada com tal, vou buscar uma folha de papel A4, uma Bic Azul Cristal e peço à cria em questão que descreva tim por tim a tatuagem que faria no dia seguinte se eu a tal acedesse. Tamanho e local. Tudo muito bem explicadinho.
Depois dobramos o papel muito bem dobradinho e guardamo-lo na gaveta das meias. Se passados dois anos, sendo que nunca antes de atingirem os 21 (se nos Estados Unidos não têm direito a comprar  uma cerveja até lá, não há de ser no Portugalinho de brandos costumes que se poderão marcar para vida; e se não estais a ver relação de uma coisa com outra é porque de facto não existe, mas isso agora também não interessa nada)... Mas dizia eu, se passados dois anos (eventualmente três ou quatro, depois logo se vê) ele ainda quiser fazer a mesmíssima tatuagem, pois força nisso. Até vou com ele.

... Claro que este é só o meu plano, ainda não discutido em sede de Assembleia parental.... Claro que há um pai com poder de veto... E ou as coisas mudam muito... Ou claro que a prole vai corrida com um não rotundo finamente delineado a um nem quero voltar a ouvir falar do assunto...


*Tenho sentimentos ambivalentes relativamente ao assunto no sentido em que reconheço que os tatuadores são uns artistas do caracinhas. Até vos digo que um dos meus guilty pleasures do momento é um programa de tatuagens que dá na Sic Radical. Vejo os episódios todos. Todinhos. Mas, e apesar de reconhecer a arte, quantos mais episódios vejo mais certezas tenho que jamais me tatuarei (sendo que, ainda assim, só o faria num local que por norma ande debaixo da roupa porque não gosto de ver). Pois se aqueles, alguns tatuadores experientes e reconhecidos, fazem em praticamente todos os episódios, inenarráveis cacaborradas, nem quero imaginar as obras de arte que sairão dos estúdios de tatuagem espalhados por esse mundo fora. Nope. Não na minha carninha.

35 comentários:

  1. É uma questão com que me deparo amiúde e que tenho vindo a protelar. Até porque tenho uma, num sítio bem discreto, que o MQT nem sequer gosta (Temos pena!), mas que o rapaz sabe que existe. Ele, o rapaz, não traz o assunto à baila com frequência, é um facto. Mas da próxima vez que o trouxer, argumentarei com a (im)possibilidade de ser dador de sangue, caso faça uma, durante um certo período de tempo.

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    1. Que idade é que ele tem Pseudo? Acho uma decisão tão... Definitiva, que a acontecer também vou tentar protelar...

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    2. O nosso rapaz tem 15 anos. É pacato e boa pessoa. Só é chato quando eu lhe quero comprar roupa e / ou sapatilhas e ele recusa-se convictamente. Esta questão das tatuagens não é algo que nos assombre, para já e também já escrevi sobre tal. A minha posição sobre o assunto não mudou desde essa data:

      http://pseudoblogdapseudo.blogspot.pt/2014/04/dilema-familiar-mae-quero-fazer-uma.html

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    3. É tudo muito complicado Pseudo. Há tatuagens e tatuagens, sítios e sítios... Mas não creio que, também a mim, seja coisa que me vá tirar o sono. Eu só não quero que façam algo que depois se venham a arrepender... O Silent disse na altura algo acertado, aquilo de ter de ser com o dinheiro do trabalho, não de mesadas, é bem pensado...

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  2. Tal e qual! Papo os programas de tatuagens todos mas seria incapaz de fazer uma.
    Até porque se me levantam uma série de questões?
    - se é por uma questão simplesmente decorativa precisa mesmo de ser permanente? Ninguém usa sempre a mesma roupa, os mesmos acessórios, a mesma decoração em casa, por muito bonita que seja. Até porque o nosso corpo muda, a tinta muda, por muitos retoques que se façam vai chegar o dia em que aquilo é só um borrão feio. Outras vezes nem precisa de ficar borrao para a pessoa o achar feio.
    - se é para marcar um momento importante, não bastam as nossas memórias? Preciso mesmo de escrever o nome da minha filha na minha pele? É que se me faltar a memória não vai adiantar muito ter o nome dela escrito, tanto poderá ser o nome daninha filha como o da minha vizinha, é um nome na pele.
    E a lista continua...

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    1. É isso é.... (Uma vez ouvi uma conversa tão engraçada... Acho que até fiz um post... Deixa ver se encontro...)

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    2. Foi isto... :DDD

      https://calmacomoandor.blogspot.pt/2014/08/true-story-tatuagem.html?m=1

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    3. E esta que já nem me lembrava...

      http://calmacomoandor.blogspot.pt/2015/08/mas-que-era-uma-tatuagem-horrenda.html?m=1

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  3. Os meus filhos só marcarão o corpo, seja com brincos ou tatuagens, no dia que eu achar que têm maturidade para saber exactamente aquilo que querem. E isso tanto pode ser aos 12 como aos 20 (ou 30...) Eu furei as orelhas com 14 ou 15 anos, arrependi-me quinze dias depois e se fosse hoje não o teria feito. Também passei a fase da tatuagem, agradeço a mim própria o discernimento de nunca ter feito, por muito bonitas que possam ser/parecer nos outros.

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    1. A mim furaram-me as orelhas novita... Lembro-me perfeitamente, devia ter uns 5 ou 6 anos. E eu uso brincos todos, todos, os dias.
      (E sim, também me agradeço o nunca me ter dado para me tatuar... Talvez até tivesse aprendido a gostar e a tivesse tornado parte de mim, como, sei lá, um sinal ou assim, mas duvido...)

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  4. Acho que é uma questão de perspectiva e do valor que dão á tatuagem. Acho que as pessoas que realmente gostam de tatuagens não as vêm apenas como elementos decorativos. Uma tatuagem para grande parte das pessoas torna-se não apenas um símbolo de algo em que acredita, mas algo que é parte deles.

    Posso falar do meu exemplo pessoal. Queria uma tatuagem especifica aos 14. Os meus eram contra e disseram-me que não. Que esperasse, que podia mudar de ideias. Aos 18 peguei no dinheiro que tinha poupado e fiz. Não ficou perfeita e passado 6 anos, informando-me melhor fiz uma por cima maior, um desenoh lindo feito pelo tatuador, mas o mesmo objecto (uma ave no caso) e posso dizer que hoje, quase aos 32 anos não me arrependo. É muito bonita, é um trabalho artístico, e acima de tudo é uma parte daquilo que eu sou e mostra, muito mais a mim que aos outros aquilo que eu sou e que quero sempre projetar e lembrar a mim mesma.

    Mas sim, como tudo na vida é preciso maturidade e saber o que se quer. Acho que fazem bem em dar esse período de reflexão aos vossos filhos. Para eles próprios perceberem a importâcia desse compromisso.

    Como tudo na vida que tem importancia tem mais a ver connosco do que com os outros.

    =)

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    1. Só conheci uma pessoa (entretanto perdi-lhe o rasto) que assumidamente se arrependeu da tatuagem e aquilo incomodava-a mesmo. Fez, aos 18 anos, um pardal, grandote, no decote. A tatuagem até estava bem feita, mas ela não gostava e andava sempre com ela tapada. Aliás, só numa ida à praia, 4 ou 5 anos depois de a conhecer é que eu me dei conta...

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  5. Gostei da ideia. Acho que vou aplicá-la quando chegar o momento... Será que dizer: só quando tiveres 40 anos e tiveres saido de casa à mais de 30, resulta?!?

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    1. Ahahahahahahahahahah podes meu rico filho... Quando me mostrares um porco a andar de bicicleta com uma galinha com dentes enfiada no cestinho da frente eu deixo... :DD

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  6. Eu tenho 3 pequenas e todas com um significado muito intenso e pessoal. A primeira fiz no ombro porque não a queria ver constantemente e simboliza a minha filha. A segunda no pé para a poder ver uma grande parte do ano e simboliza a minha mudança de estilo de vida. A terceira fiz num sítio que a vejo todos os dias, no interior do pulso e simboliza o meu amor próprio (outrora inexistente). Como são tatuagens com significado muito forte, duvido que me vá encher delas. É uma questão de perspetiva, acho...

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    1. Nada contra LIS, atenção! Cada um sabe de si e fico sinceramente feliz que goste das suas... :) eu a fazer também seria algo assim... Pequeno, super discreto e pessoal (mas daquele pessoal como o sangue que nos corre nas veias)...

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  7. é uma tolice... qualquer dia a moda passa... e depois aquilo nã sai com sabão... e pior que tudo é que desbota com o tempo, e é preciso retocar de x em x anos...

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    1. Moda como as tatuagens tribais no fundo das costas das raparigas no fim dos 90s, inicialmente tidas como muito cool, mas mais tarde apelidadas de "tramp stamp"?! ;p

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    2. Olha, é mesmo uma dessas que eu tenho! :)

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    3. Ahahahahahahahahahah eras uma miúda cool no liceu, está visto...

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    4. Mulheri, eu tinha 30 anos e já era mãe quando fiz a minha. O liceu já tinha passado por mim há muitos anos :P

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    5. Ahahahahahahahahahah pronto então! Desisto!

      (Não é para assobiar para o ar, um bocadinho vá, :DD mas domingo lembrei-me de ti. Fui a Braga a um concerto e ainda me perguntei se andarias por ali... Foi no gnration, concerto de paus e cordas. No fim apareceu o Adolfo e foi muito bom...)

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    6. Ah caraças, estive a uns 50 metros de ti / vocês e ouvi a barulheira do GNRation, de facto. Andava a servir de cicerone a uns familiares, depois de um jantar bem avinhado. :) Eles, as visitas, certamente gostariam de ter lá estado, mas só se queixavam do frio...mariquinhas, é o que é!

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    7. Ah, mas o nosso concerto foi à tarde... Começou às 17h. Depois jantámos na Casa Pimenta e comemos os melhores bolos de bacalhau de todo o sempre (só aviámos 47... :DDD oito adultos, vá...)

      (Mas que estava um frio... Lá isso...)

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    8. Não, a essa hora não me encontrava em Braga. Estava mais perto de "Espanha" (= Guimarães).

      Hei-de anotar esses bolos de bacalhau! Dá uma média de menos de 6 por adulto, nada demais. :)

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    9. Pronto, se alguém de Guimarães vê isto lá se me vai o blogue com o caraças... :DDDD

      (Os tais bolinhos de bacalhau, acabadinhos de fazer, ficaram para a história, Pseudo! Juntamente com os "bifinhos" de presunto... Eu já nem comi mais nada, fiquei-me pelas entradas, mesmo... Já não conseguia mais... :D)

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    10. Ora essa, os "Espanhóis" chamam-nos "Marroquinos" e Braga é "Marrocos". A tal rivalidade entre as duas cidades minhotas...:)

      Havemos de ir à Casa Pimenta! Merci pela dica. Ou deverei, talvez, dizer obrigada em Marroquino / Marroquês, ou lá o que é...

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    11. http://tradicoesemitosdeguimaraes.webnode.pt/news/braga%20e%20guimar%C3%A3es%3A%20a%20velha%20rixa%20entre%20espanhois%20e%20marroquinos/

      Pronto, aprende...

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    12. Eu sei, eu sei... Aliás, quem não sabe?! :DDDD

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  8. tenho tres tatuagens. uma feita aos 15 e retocada aos 19 (umas estrelas que inicialmente tinham números dentro mas que mais tarde pintei de negro), o ano passado fiz uma caveira grandalhona (está lá no meu blog) e recentemente fiz uma especie de asinhas quando perdi uma gravidez. para mim não é uma questão estética (até porque me dizem que a minha caveira é feia e que o meu corpo é demasiado gordo para ficar bonito quando tatuado) é uma coisa minha, não sei explicar. acho que é tipo ter filhos, porque é que temos filhos?são uma decisão ainda mais permanente que as tatuagens e tão emocional quanto (porque economicamente sabemos que ter filhos não tem retorno nenhum, é so despesa)

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    1. Oh Ana, acho que nunca ninguém me tinha deixado sem resposta neste blogue...

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    2. mas ainda assim, do mesmo jeito que nao incentivo a gravidez na adolescencia, nao incentivo tatuar na adolescencia. a tatuagem que fiz aos 15 anos podia ter esperado tranquilamente até aos 19-20 para fazer, nao morria ninguem nem vinha mal nenhum ao mundo.

      durante anos (e foram mesmo anos) eu quis tatuar "I dont belong here and Im not well" duma musica dos seether (uma das minhas bandas favoritas), quando fiz a caveira uma amiga minha tinha-se suicidado recentemente, e saiu esta musica "save today" da mesma banda. acabei por tatuar "we deserve it so much more". nao tem lógica nenhuma para muita gente querer tatuar algo durante anos e depois terminar por tatuar algo tao diferente, mas para mim teve muito mais significado aquilo, foi como se fosse um "sinal de esperança" que alguem me mandava lá de cima... quando eu perdi a minha gravidez, mesmo sendo ainda de poucas semanas (foi no primeiro trimestre) eu ja tinha comprado um par de produtinhos, umas meias, essas coisinhas assim, aquilo doeu tao profundamente que eu sabia que tatuar ia "amenizar" a dor, acho que nao cheguei sequer a postar essa nas redes sociais e nem a exponho, ainda que seja no peito, porque é minha, porque é a cicatriz que fica de algo que perdi mas que para muitos é "ah ainda era so um monte de celulas, mais tarde tentas outra vez".

      tudo isto pra dizer, sou totalmente a favor de quem quer que seja escolha se quer tatuar ou nao, e que escolham onde querem e como querem. nao me faz impressao nenhuma, nem vejo como sinal de coisa nenhuma.

      (mas por favor, nao diga logo "nao tatuas e pronto" aos filhos, se eles tem esse "chamamento" digamos, eles vao tatuar mais depressa apos uma proibiçao, melhor a opçao de levar na desportiva e dizer "quando tiveres netos eu deixo tatuar" - (e existem agora umas tatuagens temporarias que sao fenomenais, caso uma das suas crias queira experimentar - acho que duram tipo um mes ou dois, em cores, tipo aquelas dos boliccaos mas em muito bom - e depois sai, pode ser questao de dizer "primeiro experimentas estas, se vemos que gostas quando fores grande o suficiente para isso falamos"

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    3. Oh Ana, eu percebo e respeito e cada um sabe de si e já disse que deixo os meus filhos tatuarem-se se for uma decisão ponderada e responsável. o que me deixou sem palavras foi o "acho que é tipo ter filhos, porque é que temos filhos?são uma decisão ainda mais permanente que as tatuagens e tão emocional quanto (porque economicamente sabemos que ter filhos não tem retorno nenhum, é so despesa)" A sério, não sei o que hei de responder a isto.

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    4. a malta (geralmente os que já são pais) dizem "ah mas sabes que tatuagens são pra sempre certo?" geralmente respondo "pelo menos as tatuagens não gastam fraldas, não me atiram com a papa nem fazem figuras no supermercado quando querem brinquedos"... são escolhas (e sim também quero muito ser mãe mas assumo que é uma decisão puramente emocional. geralmente considero-me uma pessoa racional e planeio tudo e "controlo" tudo. assumir que se quer um filho ou ter um filho é chegar lá aos deus superior com o cérebro numa mão e o coração na outra e dizer "assumo o risco" e saber que nada estará mais debaixo de controlo e nada vai sair exatamente como planeado como passava antes

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  9. quanto aos meus filhos espero algum dia ser mais estrita e interessada na vida dos meus do que a minha mãe alguma vez foi mas sempre com a parte de ouvir/tentar compreende-los (a minha mãe é muito conservadora/religiosa mas ela preferia nem se aproximar de nós ou dos nossos interesses ou o que fosse porque chocavamos em tudo (como eu acho que é normal na adolescência)

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