sexta-feira, 24 de março de 2017

Assim num instantinho...

A minha sogra fez anos. Oferecemos-lhe um candeeiro de mesa, de porcelana, mui lindo e phyno - uma classe. O Jr. foi comigo buscá-lo à loja e disse-me que até gostava "dos desenhos" mas que por ele tínhamos comprado um prato, até podia ser daquela coleção, mas um prato. Diz que a casa da avó tem luz que chegue e que o prato sempre servia para comer... Enfim, boys will be boys.  
Furou-se-nos um pneu. A um domingo e longe de casa, não sendo a ridicularia daquele pneu fininho que agora os carros trazem solução para o regresso. Depois de muito investigar lá descobrimos uma oficina aberta, capaz de nos trocar o pneu. Estavam esgotados os 30 km que o pneu fininho nos permitia. Lá chegados disseram-nos que afinal o pneu não estava furado, que talvez fosse só um problema na "bábula", a quem deram um "valente apertão". Regressámos ao Porto, tarde e a más horas. No dia seguinte, na correria matinal e no limiar temporal, dei com o pneu em baixo. Afinal sempre estava furado. Afinal não era problema da "bábula" que, pelo sim pelo não, levara um "valente apertão". Valha-nos ao menos isso.
Assumi sozinha um projecto que, na sua essência não era meu. Ou apenas meu, vá. Vi-me refém de uma plataforma electrónica ineficaz e via única para declaração de interesses. Falhando eu, falhávamos todos e, nesse caso, responsável só haveria uma pois claro. À beira do abismo, dei um murro na mesa que, plim, desbloqueou a situação. Trepidações mágicas, aquém e além fronteiras. Um stress que nem é bom lembrar.
O meu telemóvel faleceu-me nas mãos no dia, ó infortúnio, em que mais precisava dele. O telemóvel que um amigo me emprestou também.
O meu filho mais novo apanhou varicela. Até nem custou muito e hoje já foi para a escola.
O meu telemóvel regressou inesperada e num repente, tal como partiu, numa manhã de nevoeiro e com um ar como se nada se tivesse passado. Grandessíssimo sonso... Qualquer dia parte de vez... Aos bocadinhos e contra uma parede.
Trabalhei ao fim de semana. Resolvi o dobro das coisas em metade do tempo. Percebi que as pessoas confiam em mim. Sem que nunca tenham falado comigo.
Tremi das pernas num bloco operatório e levei uma anestesia geral. Acordei de bem com a vida, o que fez as enfermeiras rir. Dão drogas bem boas no hospital, é o que vos digo. Tive alta um dia antes do previsto.
Acabei um dos melhores policiais que já li: Último Acto em Lisboa, do Robert Wilson. Devia ser de leitura obrigatória em Portugal. Uma parte obscura da nossa história está ali plasmada, numa vivência admirável para um escritor estrangeiro. Por altura da segunda guerra, este país de brandos costumes, do Futebol, Fado e Fátima, jogou nas duas equipas, amealhou e construiu pontes. Gostei muito. Sugestão do meu chefe. Recomendo vivamente.
Pedi sugestões às minhas amigas para um livro mesmo mesmo bom, que eu lesse de um fôlego durante a minha convalescença. Gravei todas as sugestões no coração, vou lê-las assim que puder, mas o empregado da livraria convenceu-me num entusiasmo contagiante a comprar um calhamaço de 700 páginas. Se-te-cen-tas páginas. Disse-me que ia desejar que tivesse 1200 e que ainda havia de ir lá agradecer-lhe. Acenava com ele aos colegas, como quem pergunta "e então?", e os colegas respondiam-lhe ao longe com um aceno de "boa escolha, sim senhor". Foi este: A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert de Joël Dicker. Livros de 700 páginas são uma bosta, uma valente bosta. Deviam ser proibidos. Faz falta no livro esse conselho de Harry Quebert (e olhai que não faltou oportunidade ao longo de se-te-cen-tas páginas). São pesados e desconfortáveis. Fazem dor nos braços e uma pessoa não arranja posição... É muita página... É fisicamente difícil. Principalmente quando se leem em 3 dias. Se tendes mais que fazer não lhe pegueis. Olhai o que vos digo.

23 comentários:

  1. Então mas o livro era bom ou não? Não percebi... ;)

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    1. É um policial muito bom. Entretenimento puro e duro. :) Não dá para parar de ler, nunca tal me tinha acontecido...

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    2. Ainda não... Dizes-me que sim?

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    3. Oh NM! Nem se pergunta isso! Quando começares o primeiro, não mais pararás até ao final do terceiro!

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    4. Hum... Tenho de tirar a situação a limpo, está visto! ;)

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    5. Acabei agora o 1º, estou à espera do 2º.
      O início é tipo, mas que é isto? Boring... Mas depois, depois não o largas!

      Luciana

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    6. Foi o "meu" livro de 2016. Muito bom. Tenho uma edição pequena, não exactamente de bolso, mas parecido, que atenua essa coisa do pesos e do incómodo das 700 páginas. Claro que depois tem as letras bem miudinhas, o que é chato num livro com tantas páginas, mas não se pode querer tudo, não é?

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  2. Isso é que foi despachar as coisas ! Vou seguir essas sugestões literárias. Obrigada :)
    Parabéns pela prova de obstáculos concluída de forma exemplar :)
    Beijinhos

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    1. Só chorei uma vez, ao fim do dia enquanto tomava duche. :DDD E foi por causa lá daquilo da plataforma, responsabilidade de espanhóis que benza-os nosso senhor nunca fazem nada de jeito.

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  3. Melhoras à "bábula", ao telefone e a ti. Pelo menos fazes a malta rir com as tuas desgraças. Eu gosto de me rir com as desgraças dos outros, casos esses outros também lhes achem graça, claro! Também me rio das minhas, que são tantas, valha-me deus (que nunca me há de valer porque nunca lhe pedi nada).
    Obrigadinha pela gargalhada e pelo conselho literário (que agora não vou seguir que tenho um Pamuk de 635 páginas para começar). Beijinhos

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    1. Eu rio-me muito com as minha desgraças... Cada vez mais, aliás.
      Falas do Istambul? Foi o que uma amiga sugeriu que LESSE... Depois conta como foi.
      Beijinhos.

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    2. Não, é "Uma estranheza em mim". Eu dou feedback, não sei é daqui a quantos anos, só consigo ler à noite e a maior parte das vezes caio redonda no sofá ao fim da primeira página.

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    3. Compra o segundo que eu te digo vais ver como não adormeces...

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  4. Querida Nê, mas que semana atribulada! Desejo-lhe uma rápida recuperação e espero que não tenha sido nada de grave.
    (Graças aos conselhos de alguns bloggers, tenho lido livros muito interessantes. Gostei muito do "Stoner").
    Ah, e por cá, estamos também à espera da varicela, deve estar mesmo à porta.
    Beijos para todos da

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    1. Esta foi mais a recuperar da cirurgia e o Baby em casa com varicela... A anterior é que foi pior. (Nem imagina, no noite anterior à cirurgia disseram-me para tomar banho lá com uma esponja com um anti séptico... E não é que fiz reação áquilo e fiquei cheia de borbulhas?! :DD um ai jesus de volta de mim que tinha apanhado a varicela e já não podia ser operada... Os das infeciosas bem diziam que as borbulhas não pareciam nada de varicela, mas... :DD)
      Muitos beijinhos para todos e um em especial para o que espera a varicela. :)

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  5. Parei na parte da anestesia! What????
    Raisteparta, sim? E ficar coisas...?

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    1. Ahahahahahahahahahah calma, muita calma nessa hora! Tudo controlado... :p

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  6. fica a gargalhada e um abraço, grande NM :)

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    1. Ahahahahah só se sabem rir do mal... :DDD beijinhos, flor.

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  7. Fiquei esgotada só de ler. Que os próximos tempos sejam mais calmos. As melhoras!

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    1. Obrigada, ana. Tudo está bem quando acaba bem... (Mas sim, agora uma semaninha ou duas de sossego, eu agradecia...) :)

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