Há dias assim...

Há dias em que ponho tanto em cima dos meus ombros que é como se carregasse o Mundo. O problema de carregar o Mundo quando nos sentimos frágeis é que nos faz andar vergados e isso é que não pode ser... Eu gosto de acreditar que sou das que anda sempre esticada e de cabeça levantada, por mais carregados que estejam os meus ombros. Mas há dias e dias, há provações e provações...

Há dias em que o ser forte e resiliente não me soam a qualidades mas sim a faltas de alternativa... Às vezes penso que não aguento mais provações. Mas depois fico a pensar o que é isso de "não aguentar mais". Isso traduz-se em quê? Não sair da cama? Deixar-me definhar? Sacudir a água do pacote e dizer "resolvei vós"? E depois? E os meus? Como posso eu não me agigantar se tenho um para criar e outro para parir? Se tenho quem me fez para cuidar, agora que tem em mim o seu grande pilar? E o meu trabalho quem mo faz? Como posso eu meter a cabeça na areia quando sou tão valorizada e estimada (coisa rara eu sei)? Não posso... Tenho de aguentar e endireitar as costas, por mais peso que tenha nos ombros.

Mas há dias em que me sinto pequenina... E nestes dias fujo para onde? "E se não consigo, e se adoeço e se fraquejo e se corre mal e agora como faço?" Nestes dias as saudades são quase insuportáveis... Nestes dias o chão foge-me debaixo dos pés e resta-me respirar fundo... Chorar, depois sentar-me, depois contar até três (ou até 100), depois levantar-me e endireitar as costas! E esperar... Esperar conseguir sempre endireitar as costas!

Há dias f%didos, digo-vos eu!...