sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Coisas que eu não percebo naquilo dos Mirós...

1. São 85 quadros e muito valiosos, mas não se comem pois não?

2. Se não se forem ali buscar os 40 milhões de euros, ou lá o que é, esse dinheiro vai ter de sair de outro lado não é?

3. Se ficarmos com os quadros, estes espalham-se pelos museus que já existem (rentabilizando os espaços e o pessoal) ou constrói-se um museu de raiz assim em bom com jardins e boas vistas?

4. Se temos os quadros há cinco anos porque é que isto foi feito assim tão à pressa? Assim todos ao molho e fé em Deus? Assim tipo "Ai vende rápido antes que a polícia chegue!"?

5. O Miró é um pintor catalão, certo? Não tem ligação nenhuma à nossa História, pois não? Então para que raio há de o Estado Português ficar com um acervo de 85 obras desse artista? Só porque lhe foram dadas "de mão beijada", como dizia o outro?

Pois, eu também gosto muito de arte... Gosto é pouco que brinquem aos riquinhos com o meu dinheiro, principalmente quando há gente que não tem o que comer...

20 comentários:

  1. E a venda das obras vai matar a fome a quantas pessoas? Pois.

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    1. 40 000 000€???!!! Pelas minhas contas... A 15 mais ou menos....

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    2. A questão é que esse dinheiro vai ter de sair de algum lado para pagar a nossa dívida... É que nós temos uma dessas, lembra-se?

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  2. O engraçado é que com esse dinheiro dava para ajudar muita família... e os quadros não eram do BPN? Nem sequer era do Estado, Estado.

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  3. Eu gostava é que o outro me explicasse parte da mão beijada... Não me recordo nada de ter sido "olhe, senhor Estado, temos aqui estes quadros muito jeitosos, são para si, é um presente, cá beijinho nessa mão linda" (ai não! É só aproximar a cara)

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  4. 1 - por acaso, até podem comer. quantas pessoas pagaram €10 para ir ver a colecção da Vasconcelos? pois...

    2 - podem rifar o padrão dos descobrimentos. ou então fazem um loteamento nos Jerónimos, aquilo deve dar para uns 10 golden visas. ou achas mesmo que é este dinheiro que nos vai salvar, quando já enfiaram 500 milhões no BPN? olha, outra ideia: em vez de rifarem carros top pelos facturantes, guardavam esse. ou faziam uma reforma do Estado a sério - ah, mas depois lá iam para o desemprego não sei quantos apaniguados...

    3 - não é preciso construir nada, há espaços com capacidade para a colecção inteira. e claro, se houver algum sentido de gestão, põem-na toda no mesmo sítio, o que aumenta o rendimento.

    4 - isso também eu gostava de saber, mas a avaliar pelo processo empregue, foi tudo feito a ver se o povo não dava conta.

    5 - nesse caso, vendam-se também todos os Manet, Renoir, Rafael, e sei lá que mais que andam por aí em museus do Estado. afinal, tudo junto já é um dinheirão.

    E não foram dados de mão beijada: foram comprados com o dinheiro dos contribuintes, quando este dinheiro comprou o BPN.

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    1. Assim como assim, ficávamos só com o Portugal dos Pequenitos, tão nosso, tão típico, tão português...

      "no país onde os homens são só até ao joelho
      e o joelho que bom está tão barato"
      (Cesariny)

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    2. Ora bamoláber:

      1. Com argumentos financeiros é que não vamos lá mesmo.
      Tomemos então a Joana Vasconcelos como unidade de medida:

      5 meses, 235 000 pessoas, 10€ a entrada, 235 000*10€ =2 350 000€

      Mantendo o número médio de visitantes dessa exposição (que concordamos seria impensável, certo?)

      40 000 000€/2 350 000€ ~ 17

      17*5 meses ~ 7 anos

      Ou seja,eram necessários mais de 7 anos para obter o mesmo “lucro” que vendê-los já. (E aqui estamos só a contar o “lucro”, ou seja, estamos a assumir que era chegar, espetar um quadro numa parede sem mais nenhum gasto e começar a cobrar entradas.). Mas pronto, a partir daí restava só gozar os rios de dinheiro que os quadros gerariam...

      Achas possível? Não, não era... Por isso, sim até podem dar de comer a alguns, mas se a alternativa for ir buscar esse dinheiro aos salários e às pensões, tenho muita pena mas que vão lá os quadros à vidinha deles...

      2. Se sempre forem verdade os tais 40 milhões de que falam é pouco menos de 10% do que enfiaram no BPN. Não me parece uma percentagem nada, mesmo nada desprezível para controlar danos...

      3. Ora bem… Pondo tudo no mesmo sítio… São 85 obras… Supostamente seriam muito visitadas, supostamente necessitariam de muita segurança e muito pessoal… Não me parece que haja assim tantos sítios com capacidade para albergar uma coleção com esta dimensão sem que se tenha de gastar muito dinheiro. Lá está, tudo ia de fazer um Miró Museum... Assim todo XPTO, tudo em bom...


      4. Pois também não sei….

      5. Não tens certamente 85 Manet nem 85 Renoir… Por exemplo, temos UM Bosch em Portugal... UM! E o Miró? A sério, explica-me porque é que temos de levar com 85 quadros do homem...

      E com aquilo do “mão beijada”, estava a ser irónica Izzie, estava a ser irónica... http://calmacomoandor.blogspot.pt/2014/02/depois-de-um-dia-em-que-ou-estive.html

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    3. Ahahahahahahahahahah!! Oh anónimo, tenha lá paciência mas não foi nada disso que eu disse. Eu só comentei a desproporção para a quantidade de obras dos outros artistas estrangeiros. Por mim até vendíamos só 75 ou assim... Ficávamos com alguns... Olhe... Por exemplo com os que dessem melhor com o décor de algum museu onde se quisessem pôr ou assim... :D (brincadeirinha... não se enervem já...)

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    4. Há "lucro" que não é nem pode ser contabilizado no caderninho de contas da mercearia. (Mas agora só podem existir empresas de alto rendimento, não é? Museus, hospitais, universidades...)
      A arte pode servir, veja lá a futilidade!, só para sermos um bocadinho menos brutos.

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    5. Eu também gostava de morar num país rico meu caro... Dá-se é o caso de no meu país haver gente que nem dinheiro tem para alimentar o corpo quanto mais para alimentar a alma com obras de arte... caramba que eu devo ser mesmo ignorante...

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    6. Tenho de confessar que o argumento financeiro não é o meu favorito. O meu argumento é o do anónimo, aquele do património imaterial, que enriquece sem gerar dinheirinho vivo. E, mais uma vez, a alternativa não é ir buscar dinheiro aos salários e pensões. Sinto-me autorizada a falar, já que na minha família nuclear de pai, mãe e irmão, fomos 4 a contribuir (dois reformados e dois FP, uns chupistas, e todos da mesma família). A alternativa é a tal reforma do Estado, mas a sério. Vamos sair do plano de resgate sem isso ter sido feito, nem isso nem as tais gorduras foram aparadas. Aí é que está o dinheiro.
      E investir dinheiro num museu cria emprego. Ah, dou tão keynesiana, já não me lembrava que já não se usa...

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    7. Oh Izzie... Eu percebo o que dizes com a reforma do estado e tens toda a razão. Mas da maneira que as coisas foram feitas e nesta altura do campeonato, a alternativa para ir buscar dinheiro era aonde? Mesmo! Sem teorias. Onde achas que eles vão buscar este dinheiro? Eu não estou a dizer que concordo, só estou a dizer que é o que vai acontecer.
      Agora... "investir dinheiro num museu"? Diz-me só se concordas comigo numa coisa. Não estamos a ser governados por uma cambada de malfeitores pois não? Podem ser competentes ou não, bons ou maus gestores, isso é outra história, agora concordas comigo que não terão um prazer sádico de ver as pessoas sofrer e passar mal, certo? Então... Neste momento está-se a desinvestir nos hospitais Izzie... Há gente a morrer (ou a viver menos tempo, vá) porque há tratamentos que deixaram de ser feitos, operações que agora não se realizam quando o doente não vale o investimento (quer seja por idade, quer seja pela pouca probabilidade de sucesso no prognóstico). Isto está mesmo a acontecer... Não adianta assobiar para o lado... Se se chegou a este ponto, achas mesmo que há dinheiro/moral para investir num museu?
      Eu às vezes penso que vivo numa realidade paralela e para mim, neste momento ouvir falar de gastar dinheiro em "património imaterial" e como quem me dá um murro no estômago...

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  5. Indo apenas pelo argumento financeiro (e esquecendo que Miró é muito mais conceituado do que Joana Vasconcelos; talvez o reconhecimento em Portugal seja menor mas a nível internacional é maior), se ao fim de 7 anos se conseguia o mesmo valor da venda imediata, isso quer dizer que ao fim de 14 anos já se tinha arrecadado o dobro. Pelas suas da NM, ao fim de 70 anos já se teria conseguido arrecadar 10 vezes mais do que uma venda agora. Também vender os CTT irá trazer mais dinheiro ao Estado no imediato do que mantê-los públicos; no entanto, a longo prazo, ficará a perder.
    O Estado é uma entidade de longa duração e deve pensar em investimentos de longa duração e não apenas em tapar buracos no próximo orçamento de Estado.

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    1. Em primeiro lugar. Estamos a falar dos quadros. Desta colecção em particular. Relativamente aos CTT também tenho muitas dúvidas que tenha sido uma boa opção.
      Agora, relativamente a estes Mirós. Nunca, em nenhum momento, me parece, que ficarmos com eles nos daria lucro. É claro que as minhas contas com a exposição da JV são completamente hiperbolizadas. Aquela exposição nunca teve, nem terá tão cedo, paralelo em Portugal. É completamente impensável uma exposição de pintura ter adesão similar. E depois não pense que o nº de visitantes é proporcional ao tempo. Por exemplo, se em vez de 5 meses a exposição da JV estivesse 2 anos não acredito que chegasse ao meio milhão de visitantes. Não teria certamente (24/5)*235000... Com o tempo a procura perder-se-ia porque as pessoas não vão repetidamente ver a mesma exposição, certo? Podemos pensar no museu dos coches por exemplo... É o museu mais visitado em Portugal. Recebe em média 180 000€/ano. Acho que é nesses números que nos devemos basear, não no estrondo que foi a exposição da JV.

      Por isso... É como lhe digo, até aceito de barato o argumento de não estarmos a vender património cultural... Mas que não é um negócio razoável do ponto de vista financeiro, quanto a isso não me restam dúvidas. Mas isso seria só e apenas só se nos pudéssemos dar a esse luxo,o que infelizmente não é o caso.

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    2. * O museu dos coches recebe 180 000 visitantes /ano, queria eu dizer

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  6. Apesar de reconhecer que a exposição de Joana Vasconcelos foi um sucesso surpreendente, acho que Miró teria potencial para ser melhor. Miró tem uma capacidade de atracção muito superior a Joana Vasconcelos e, julgo eu, muito superior a coches. A Fundação Miró em Barcelona tem recebido, mesmo nos anos menos bons, mais de 1 milhão de visitantes por ano. Com tanta coisa para fazer em Barcelona, certamente que o número não será um mero acidente.

    Quanto ao facto de as pessoas não irem repetidamente ver a mesma exposição, não sei se outras pessoas o fazem mas há museus que visito todos os anos. Para além disso, qualquer curador saberá que deve rodar a sua colecção permanente ou articulá-la com exposições temporárias de forma a chamar visitantes.

    Mas acho que os nossos pontos de vista sobre arte impedem que cheguemos a acordo. Eu não acho que arte seja um luxo a que o Estado se pode ou não dar.

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    1. Caramba eu não quero ser teimosa "só porque sim", mas acho que continuamos a comparar o que não é comparável. Miró é catalão, Barcelona é a capital da Catalunha. Ir a Barcelana e não ir à Fundação (criada pelo próprio Miró) é o mesmo que vir a Lx e não ir ao Padrão... Quantos visitantes teria.... Sei lá... Um museu do Fado em Barcelona? Não faz sentido... E mesmo pensando num tal museu luso em BCN, é preciso pensar que não é comparável o número de visitantes/habitantes de Barcelona com os de Lx (devem ser para aí 7 ou 8 vezes mais)...

      Agora, que fique bem claro... Eu não acho a arte um Luxo por si só. Eu acho a arte um luxo dadas as nossas circunstâncias actuais. São coisa diferentes. O que me parece miserável é deixar um distrito um dia inteiro sem emergência médica porque foi preciso levar um doente de Chaves a Lx... Isso a mim é que não me faz sentido. Ou ter carros da polícia parados porque não há dinheiro para os consertar ou mesmo para o combustível...
      E o que eu quero muito acreditar é que se não há dinheiro para suprir as necessidades mais básicas das pessoas também não haverá dinheiro para construir museus... É tudo uma questão de prioridades.

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    2. Não questiono que o número de visitantes de Lisboa e de Barcelona não são comparáveis. Mas o facto de Barcelona ter tantos visitantes deve-se em parte às possibilidades de turismo artistico que oferece. Não estou a dizer que não haja muita gente que vá a Barcelona sem visitar a Fundação Miró ou que não haja muita gente que só visite a Fundação Miró porque está em Barcelona para ver outras coisas. Mas há muita gente que vai a Barcelona por causa do circuito de museus. O mesmo acontece com Madrid. (E uma das grandes atracções do Museu do Prado é Hieronymus Bosch, que não é de Espanha).

      A NM é que falou em construir museus, não fui eu. Há vários espaços com condições para acolher os 85 quadros e que podem ser aproveitados sem necessidade de grandes investimentos. Dado o peso de Miró na arte contemporânea, o museu português que acolhesse as obras teria algo para oferecer aos outros museus internacionais de arte contemporânea em troca dos empréstimos, o que agora não se verifica. Isto criaria a possibilidade de dinamizar o espaço com exposições temporários inéditas que iriam levar a visitas repetidas ao mesmo museu.

      Acha, honestamente, que a venda dos quadros de Miró ou de qualquer outro património resolveria a situação dos serviços de saúde ou policiais? Todas essas questões implicam um investimento constante que continuaria a ser necessário fazer após o dinheiro ganho numa venda precipitada com os 85 quadros já se ter esgotado. A mim parece mais sustentável investir em algo que, gerando uma receita imediata muito inferior, pode funcionar como fonte de receita modesta mas contínua e de longo prazo.

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    3. Pronto... Let's agree to disagree then...
      Já me ia começar a repetir e isso é que não vale a pena... (Ai que não me aguento... Eu não acho que resolveria problema nenhum disso da policia ou do VMER, Eu só acho que se temos uma dívida só temos de a liquidar, ou pelo menos esforçarmo-nos para isso. Eu não sou das que acha que as dívidas são para gerir, eu acho que são para liquidar mesmo. E eu prefiro vender os anéis enquanto os temos a ter que qualquer dia vender os dedos. Porque lá está... Esse dinheiro dos quadros, pouco ou muito, era dinheiro que se podia agora empregar na liquidação da nossa dívida... Senão lá está... Estou mesmo a ver que vou ser os mesmo do costume a carregar com o fardo.)
      Mas pronto... Olhe... Votos sinceros de uma boa semana para si.

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