quinta-feira, 31 de agosto de 2017

É pró menino, e prá menina...

Sendo, simplesmente, mentira que o livro das meninas é mais fácil que o dos meninos, toda esta polémica é do mais patético, em primeira instância, e assustador, quando se pensa melhor, com que este histérico e-mundo de dedinhos certeiros e parco sentido crítico nos tem brindado.

O problema?! 
O problema é que há quem se ache no direito de fazer uso de mordaças.
O problema é que há livros a serem retirados do mercado. Livros! Livros didáticos!! A serem retirados do mercado porque... Ora, porque sim. Porque alguém, superiormente dotado, obviamente, ajuizou que coisa e tal e que assim é que devia ser. Porque ancinhos é pró menino e prá menina e porque toda a gente sabe que meninas a ajudar a mãe na cozinha não pode ser. Ainda se fosse a ajudar o pai...

O problema é que vivemos num país livre e começa a não parecer.

Proiba-se. Proiba-se tudo. 
Ou então obrigue-se. Obrigue-se tudo. 
Obrigue-se à submissão de todas obras a um comité de averiguação de igualdade de género que proibirá as que não estiverem de acordo com os cânones e dará a bênção às que sim senhor. Calem-se cantores e jornalistas. Cale-se aquele povo que não sabe o que pode dizer. Distribuam-se cartilhas. Proiba-se. Proiba-se o rosa e os urinóis. Obriguem-se os meninos a brincar com bonecas e as meninas a jogar futebol. Obriguem-se as meninas a vestirem-se de Homem Aranha no Carnaval e os meninos a vestirem-se de princesas. Sim. Obriguem-se!! Não. Obriguem-se os meninos a mascarem-se de mulheres de sucesso. Proibam-se as princesas. Proiba-se a depilação nas mulheres. E a maquilhagem. Proiba-se!! Proiba-se o ballet! Obrigue-se à produção de stilletos até ao número 45 e à produção de soutiens sem copa e de costas largas. Proiba-se a designação "lâminas de barbear". Proibam-se as casas de banho diferenciadas. Os homens nunca têm fila. É discriminatório. As mulheres não têm barba e também podem usar lâminas. É discriminatório. Proiba-se a SIC Mulher e a Men's Health. Proíbam-se os ginásios femininos. Proiba-se a separação por género no desporto. É absurdo. Obriguem-se os homens a fazer xixi sentados. Obriguem-se as mulheres a trabalhar fora de casa. Proibam-se os calendários Pirelli.  

Proiba-se, porra! Proiba-se!!!! 
Ou então, obrigue-se.
Das duas, uma.


Uma senhora crónica aqui.

Viciados em proibir

86 comentários:

  1. A polémica dos livros baseou-se numa fotografia que dava ima imagem tendenciosa dos livros de actividades, é certo. A ideia de que o livro "para meninas" era mais fácil que o livro "para rapazes" estava errada, também é verdade. Deve tirar-se daqui uma lição importante: a de que formar opiniões convictas com base em informação incompleta é um exercício perigoso, quer se trate desta questão ou de outra qualquer. Infelizmente, não é esta a lição que tem sido retirada desta situação.

    Concordo consigo e com outros comentadores quando se diz que retirar os livros do mercado foi excessivo, até porque se podem encontrar os mesmos estereótipos de género em inúmeros outros produtos que não foram retirados do mercado. Isso foi simplesmente consequência da onda de indignação que se gerou, como se viu, em informação incompleta e ideias falsas. Até aqui concordamos. Mas aquilo que eu acho que não se pode fazer é ridicularizar toda a causa da igualdade de género por causa de um episódio infeliz. E é isso que tem sido feito em inúmeras crónicas, comentários, blogues, etc.

    É um facto que os livros de actividades (estes ou outros) direccionados aos rapazes insistem nas imagens de carrinhos, foguetões, etc. enquanto que os que são direccionados às raparigas usam imagens de princesas, vestidos, etc. Pondo de parte por momentos a questão de saber se isto é benéfico ou prejudicial, pense apenas nisto: isto faz sentido? O que há de intrinsecamente masculino num foguetão, por exemplo?

    Contacto frequentemente com jovens do ensino secundário e já fui questionado mais do que uma vez por raparigas que manifestam algum receio de ingressarem em Matemática (a minha área), em Física, em Engenharia, por serem áreas, nas palavras delas, "muito masculinas". O potencial desperdiçado é assombroso. Porque é que isto acontece? Não se trata de aptidão inata, não se trata de diferenças biológicas; é um fenómeno cultural que começa nos foguetões que aparecem nos livros para meninos mas não para meninas.

    Uma vez mais, saliento que esta polémica em especial é um caso infeliz. Mas a questão subjacente, a da igualdade de género, é muito pertinente. Não podemos confundir a importância da questão com os excessos, por vezes absurdos, daqueles que a defendem.

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    1. Excelente exposição. Obrigada, poupou-me o tempo que teria gasto a comentar.

      Acrescento que ninguém quer obrigar a ou proibir nada, apenas refrear estereótipos que, quer se queira quer não, são um problema real (com consequências reais).

      Caricaturar o ponto de vista com que não se concorda é intelectualmente desonesto, e associá-lo a uma posição não relacionada também. Os útimos parágrafos são um exemplo perfeito da falácia do boneco de palha.

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    2. No caso da NM não acho que se possa falar propriamente em desonestidade intelectual. Aquele parágrafo em que a NM enumera alguns exemplos (muitos dos quais absurdos) parece-me mais irónico que outra coisa. Continua a ser imprudente, uma vez que contribui para a confusão reinante sobre o que defende, de facto, quem defende a igualdade de género.

      Já o que tenho visto noutras crónicas é realmente desonesto. Não sendo exactamente o caso da crónica partilhada pela NM, o facto de a cronista ter aludido ao facto de Fernanda Câncio não ter filhos é um autêntico tiro no pé. Independentemente de se concordar ou não com Fernanda Câncio, arremessar o argumento da não maternidade a uma mulher numa discussão destas mostra, no mínimo, que ainda faz falta discutir a igualdade de género.

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    3. Filipe (às 19h 50),
      Em primeiro lugar há de convir que seria preciso UM Filipe conhecer muito bem UMA NM para, eventualmente, ser razoável ser O Filipe a relembrar A NM da pertinência da questão de igualdade de género. Sinto-o na pele, sabe?!
      Relativamente à questão do gau de dificuldade conto-lhe que colaborei durante largos anos com a editora em questão e que soube, no momento zero em que vi as parangonas, que essa questão só poderia ser mentira. Conto-lhe que o desenvolvimento de conteúdos particularmente daquela casa deve ser feito numa proporção de 65% ou 70% por mulheres e que não concebo uma mente que ache que um qualquer gestor de projecto da maior editora nacional reunisse os seus colaboradores à volta de uma mesa e dissesse: “Meus senhores, ora então temos aqui a ideia de um livro para meninas e de outro para meninos, mas vejam lá, já sabem que para as meninas tem de ser mais fácil.” Este cenário é tão, mas tão descabido que me dói pensar que alguém de boa fé o pudesse ter tomado como real.
      Tal como é irreal esse cenário que fala das mulheres e dos cursos superiores. Dá-se o caso de também eu ser de matemática (três grau académicos no pelo) e de ter sido durante alguns anos professora do ensino secundário. Nunca, repito: nunca, tal questão me foi posta. Particularmente em matemática, o número de mulheres a frequentar o curso é, desde seguramente o fim dos 90s, superior ao de homens. Obviamente que não estou a insinuar que o que conta não é a sua experiência, o que lhe estou a dizer é que há a possibilidade de a sua amostra não ser representativa da população actual, carecendo o resultado de significância estatística. ;)
      Relativamente ao foguetão… Esquecendo a questão de haver estudos que indicam a tendência de recém nascidos para um ou outro tipo de brinquedos, o que com certeza sabe se leu a crónica da MJ Marques, o que me interessa a mim neste caso é que a editora em causa é uma empresa privada que decidiu desenvolver um produto para um determinado target (não estamos a falar de manuais escolar atenção), composto nomeadamente por mães de meninos que preferem foguetões a princesas, como é o meu caso. Os meus filhos, que dá-se o caso de serem rapazes, podem preferir foguetões a princesas? Ou não? Se preferissem princesas há mil e uma alternativas no mercado.
      Finalmente, Filipe… Só lhe digo que o Filipe não é ninguém, repito ninguém, para vir aqui puxar-me as orelhas num tema que me é tão caro e que, por acaso, até o sinto na pele. O que me frustra Filipe… O que me frustra é que se perca tempo e energias com estas merdinhas sem jeito nenhum (e não estamos a falar de um caso… assim de repente… e esquecendo a canção do Chico Buarque por não ser nacional lembro-me do da barbearia e do do cartão de cidadão/cidadania) e se potencie a ridicularização de uma causa quando ainda há tanto caminho para andar. Isso é que me frustra Filipe… Mas isto é planetário. No Brasil… No Brasil onde a desigualdade de género é gritante, muito mais que cá, pessoas com voz e visibilidade preocupam-se com a merda de uma canção??... Uma canção que mais não faz que traduzir a realidade. Mas está tudo doido? O que eu critico. E critico. E critico porque posso criticar porque (ainda) tenho direito à minha opinião e livre arbítrio, são as causas escolhidas. Não faz sentido… É como alguém, em vez de tratar a falência renal de que padece, gastar dinheiro, tempo e energias infinitas com uma unha (que lhe parece) encravada. Não faz sentido!

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    4. Não tem nada que saber anónima... Proiba-se a ironia e o sarcasmo e calem-se as bloggers disparatadas! Proiba-se! Cale-se! Faça-se alguma coisa, caramba!!!

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    5. Cara NM, deixe-me começar por dizer-lhe que não tive intenção de lhe "puxar as orelhas". Apenas num ponto critiquei o que escreveu: quando disse que os exemplos que deu, ironicamente, poderiam ser mal interpretados e que contribuíam para uma percepção errónea do assunto. Apenas isso. Não acho sequer que devesse ter-se refreado, não tenho interesse em dizer-lhe o que escrever ou não, nem direito a tal.

      Em relação aos livros, já concordei consigo. No primeiro comentário que fiz numa rede social a propósito do assunto, tive inclusivamente o cuidado de não tirar ilações injustificadas, sabendo que estava apenas a ver duas páginas. Foi um episódio infeliz que mostra bem a propensão das pessoas para o ataque fácil.

      Em relação à distribuição dos estudantes do ensino superior por género, não me referi apenas à Matemática. Conheço as estatísticas das licenciaturas em Matemática, nas quais existem um pouco mais mulheres do que homens, mas na maioria dos outros cursos das áreas que referi a situação não é essa. Neste ponto, não se trata de experiência pessoal, mas das estatísticas oficiais que pode consultar, por exemplo, em infocursos.mec.pt.

      O problema não é a editora ter criado um produto destinado aos rapazes que gostam de foguetões ou piratas, ou às raparigas que gostam de princesas, como a NM deve muito bem saber. Eu até acho que os livros podiam ter sido deixados sossegados. O problema é haver uma associação sistemática entre "feminino" ou "masculino" e determinadas imagens/conceitos. O problema, mais que isto, é a generalidade das pessoas achar que isto não tem importância nenhuma.

      Relativamente à sua última metáfora, respondo-lhe apenas que, tivesse eu uma insuficiência renal e uma unha encravada, tratava ambas. ;)

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    6. Filipe,

      Obviamente que há cursos mais frequentados por um ou outro género (como também é o caso de psicologia, ou de enfermagem, por exemplo), mas é de relevar que, desde 1994, o número de mulheres diplomadas é igual a pelo menos uma vez e meia o número de homens (dados que fui agora buscar ao pordata). Interessa relacionar com a disparidade salarial existente entre homens e mulheres, pois claro que interessa. Mas... Também interessa relacionar com o tipo de distribuição nas diferentes áreas de conhecimento para perceber se estamos a comparar o que é comparável (sendo que algumas áreas de especialização são mais bem pagas que outras) e perceber como devemos agir. (Os tratamentos estatísticos destas questões são sempre tão incipientes que na verdade pouco dá para quantificar, não obstante a indicação óbvia de tendência.)

      Agora, voltando ao que realmente interessa... (ironia)

      Se eu tenho que ser complacente com os exageros dos outros como o Filipe disse em cima: "Não podemos confundir a importância da questão com os excessos, por vezes absurdos, daqueles que a defendem.", os outros têm de ser complacentes com os meus que isto não é (ao contrário do que querem fazer crer) uma guerra entre bons e maus, ou entre iluminados e estúpidos.

      Também gostava que o Filipe me explicasse por A mais B qual foi o problema (concreto) destes livros para serem sujeitos à indicação ministerial (e inquisitorial) de retirada do mercado para ver se eu percebo a relação com o problema de associação de que fala.

      Finalmente digo-lhe que aquilo de ficar sem pau nem bola é frequentemente o que resulta disso de dar tanta importância a uma unha encravada como a um rim moribundo. (Digo eu, mas eu pouco percebo de coisa nenhuma, por isso...)

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    7. Ah, e o que eu disse é que nunca conheci nenhuma mulher que tendo aptidão e vontade de seguir um ou outro curso o deixasse de fazer por este ser "masculino". Muito pelo contrário, frequentemente é um prazer extra que referem. O de mostrar que são tão capazes de. (Apesar das Barbies da infância...)

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    8. Desculpem a minha intromissão, mas fiquei aqui com uma dúvida, disse a NM "Muito pelo contrário, frequentemente é um prazer extra que referem. O de mostrar que são tão capazes de." e eu pergunto mas porque é que elas sentem essa necessidade e porque carga de água provar que são capazes lhes traz prazer?
      Isto é tudo uma questão cultural que já está tão enraizada que passou a ser normal, a verdade é que não são só os ditos cadernos que estão cheios de estereótipos, todos os manuais escolares estão a abarrotar deles, o governo agiu mal na recomendação da retirada dos blocos de atividades, porque se recomendou para aqueles, e por uma questão de coerência, deveria também recomendar a suspensão da venda da maioria dos manuais escolares.

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    9. NM:

      (1) É certo que temos de prestar atenção a diversos factores quando analisamos esta questão dos cursos superiores e subsequentes carreiras. Mas existem dados suficientes para afirmar que existem poucas mulheres em engenharia, por exemplo, e não falo apenas no nosso país. O problema é especialmente grave quando a percepção da engenharia como "masculina" interfere directamente com a escolha de carreira. Mas ainda que não seja esse o caso da maioria, haveria que explicar esta discrepância; as melhores explicações encontradas até agora apontam para questões de igualdade de género e esterótipos de género.

      (2) Eu não acho que a NM, ou quem quer que seja, tenha de ser complacente com os erros dos outros. Acho que não se pode confundir uma questão com uma má defesa da mesma, ou com um episódio em que a questão foi mal abordada. De facto, temos de ser tudo menos complacentes, mesmo para bem da causa da igualdade de género.

      (3) Não percebo a sua questão sobre os livros. A tal associação de certas imagens/conceitos a um dos géneros existe, e é muitas vezes absurda. Os livros faziam essas associações. Se calhar não foi por isso que foram retirados, mas por causa da onda de indignação desproporcionada que se fez sentir com os labirintos. Mas nisso concordo consigo.

      Agora, mesmo que não devessem ter sido retirados do mercado, a mim parece francamente ridículo que se tenha de fazer um livro de actividades para cada género. Independentemente dos labirintos, das ilustrações, de tudo isso: faz sentido haver um livro de actividades para meninas e um para meninos? Talvez faça, do ponto de vista comercial. Mas não faz de mais nenhum. E isto também é um problema, ou um sintoma de um problema mais vasto.

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    10. Quarentona,
      Ora o que é lá isso da "intromissão"? as caixas de comentários servem para isto mesmo e ninguém se intromete na conversa de ninguém... Era só o que mais faltava... ;)
      Concordo com tudo o que disse. O que referi tem a ver com o caminho que falta andar que já tinha mencionado em cima. Há áreas com tradição tendencialmente masculina (tal como as há com tradição feminina, provavelmente até mais) que neste momento estão a ser "invadidas" (e ainda bem, obviamente) por mulheres que, além da aptidão e escolha voluntária e pessoal, querem provar ao mundo que são tão capazes como os homens. são estas as jovens que temos, não vejo as jovens atemorizadas que o Filipe falou. Não vejo. Não significa que não as haja, obviamente. Eu é que, apesar de me mover no meio, desconheço essa realidade. E sim, esta vontade de ter provar só significa que ainda temos muito caminho pela frente.

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    11. Filipe,

      (1) Estou convencida (mas é só um sentimento) que há mais "cursos femininos" que "cursos masculinos", sendo que a velocidade de entrada de mulheres nos cursos tradicionalmente vistos como masculinos é incomparavelmente superior à situação inversa. É o que é e as coisas demoram o seu tempo... (De resto... Essa das "melhores explicações"... Melhores para quem? Com que instrumento de medição?)
      (2) Eu não confundo nada até porque, já o disse várias vezes, me toca na pele.
      (3) Mas que associações, caramba? É isso que eu ainda não consegui perceber que associações? O ancinho? As princesas? A menina a ajudar a preparar o pequeno almoço? O que há aqui assim de tão absurdo??

      Filipe, se a si lhe parece ridículo tem bom remédio que é não comprar o livro. E falar sobre isso se assim lhe apetecer.
      É simplesmente por ter a designação "meninos" no título?! Chegamos a esse nível de hipocrisia?

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    12. Filipe,
      Só mais uma coisa... Pense que se faz sentido comercial é porque vende, e se vende é porque faz sentido para o target do produto... que não são, necessariamente, pessoas em insolvência intelectual.

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    13. Quarentona,
      Esqueci-me só de dizer que relativamente aos manuais escolares (previamente aprovados pela tutela para serem utilizados como material base em escolas públicas e privadas com equivalências curricular) nada têm a ver com estes livrinhos de passatempos que há às toneladas em qualquer papelaria... Seria, simplesmente, ilegal haver manuais escolares diferenciados (não obstante os estereótipos que poderão ter no seu interior) pelo que a questão nem se põe.

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  2. Acho esta história dos livros uma tremenda patetice.

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    1. Uma patetice que resultou em censura pura e dura, ana...

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    2. A NM sabe a diferença entre censura pura e dura e uma recomendação de uma comissão.

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    3. Não. A NM é tonta como o post supra pode comprovar e não sabe nada de nada.

      (Claro que foi uma simples e mera recomendação de uma comissão... apoiada por um ministro. E a editora em causa, carregada de razão e falsamente acusada, deita milhares de euros ao lixo, porque sim. Porque lhe apeteceu.)

      (Consegue perceber que uma empresa ter esta atitude, nestas condições, só demonstra que, se calhar, a democracia em que vivemos não é assim lá muito democrata, não consegue? Se calhar há medo. Se calhar há subserviência. Se calhar há ditadura por debaixo do tapete... Se calhar, hã´!)

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    1. Deixa-me opinar e escrever antes que me cortem o pio!!!

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    2. Isso é absolutamente desonesto e sabe-o bem.

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    3. Sim, sim. Absolutamente.
      Pergunte à(s) autora(s) (apostaria que são mulheres) das obras que foram retiradas do mercado o que lhe(s) aconteceu. Sim, podem ser livinhos de entretém mas hão de ser propriedade intelectual de alguém. São a expressão do ponto de vista didático de alguém. Há portanto, pelo menos, um alguém a quem foi cortado o pio.

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    4. Uma autora e duas ilustradoras. Três mulheres a quem foi cortado o pio por causa de meia dúzia de histéricas e de outra meia dúzia de gente incompetente e desonesta.

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    5. Olha vês... Nem sabia nada dos autores... (Mas ninguém obrigou... Só recomendou...)

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    6. Yep. O meu problema é não comer gelados com a testa. Em comendo também diria que isto não foi uma pouca vergonha de uma censura encapotada.

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    7. Eu também tenho o problema de não comer gelados com a testa e isso tem-se vindo a tornar particularmente evidente.
      Nas ancas.

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    8. Por Deus, não me fales em ancas, estou outra vez de férias, para a semana lá terei de me enfiar na roupa da cidade e não sei como.

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    9. Eu este ano... Um mês seguidinho de férias!! :D Segunda feira vou a rebolar para o trabalho.

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  4. Nm

    Por acaso eu agradecia a parte do "Obrigue-se à produção de soutiens sem copa e de costas largas".
    Infelizmente o meu numero de copa é o mais pequeno (tenho o peito minúsculo e depois de dois filhos ficou ainda pior) mas como engordei bastante tenho as costas muito largas. É um verdadeiro suplicio encontrar um soutien que me sirva como deve de ser e seja confortável. Tenho de usar "extensões de fecho" nas costas (e muitos em conjunto). Nem imagina o suplico que é.
    Quem me dera que fosse obrigatório existirem soutiens assim.
    Devia ser obrigatório!

    Ana

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    1. Ahahahahahah ninguém merece... Ajudo-a numa petição online? :D

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  5. Já deixei faladura sobre este assunto noutros sítios dessas internetes mas acho sempre importante reforçar todo o ridículo e o errado desta história.
    #1 a CIG para mim como princípio é errada, eu não quero ser igual ao homem, tenha os gostos pessoais que tenha, quero é saber que na vida temos exatamente os mesmos direitos, deveres e oportunidades. biológicamente, fisicamente, neurológicamente os sexos/géneros são diferentes e isso deve ser exaltado em partes iguais, como grande exemplo temos os JO. qual seria o resultado de por exemplo fazer competições desportivas mistas?
    #2 grande parte das comparações salariais são incomparáveis. ainda ontem ou antes de ontem saiu uma notícia que dizia que na RTP as mulherer ganhavam em média +-2200€ e os homens +-2500€, esse era o título e o lead da notícia. lá para o fim então dizia que os homens ocupavam mais cargos de chefia, logo, logicamente, a média era maior. isto não é comparável e não ajuda em nada a causa.
    #3 a brigada do politicamente correto e do jornalismo de merda que temos. partilha-se nas redes sociais uma imagem e daí se passa em três tempos a 'recomendar a retirada' de livros. ninguém se lembrou de ir à procura dos livros, que já tinham um ano, e ir ver uma a uma quais as diferenças, se é que as havia. ali mais acima criticava-se quem apontou que a câncio não tem filhos, mais grave que isso é ela ter feito xinfrim por isto e depois admitir que não tinha sequer visto os livros! ela que é efetivamente jornalista! para além disso tentou rebaixar o RAP por ter feito o trabalho que ELA deveria ter feito. (recomendo um vídeo que está no youtube das edições tinta da china da feira do livro (salvo erro de 2016) com o RAP, a Câncio e o DO). a senhora da CIG foi à sic notícias dar uma 'entrevista' e não responde à pergunta mais importante que lhe fizeram: "não deveriam ter os blocos sido utilizados antes para um momento de aprendizagem?"... isto para mim diz tudo o que é aquele parcer e aquela comissão.
    existem desigualdades na sociedade entre homens e mulherer? sim, claro que sim e devem ser combatidas. mas não são decretos e leis que vão mudar uma sociedade, é a própria sociedade que evolui por si.
    preferia que a CIG fosse por exemplo criar aulas para crianças destas idades de cidadania, aulas de programação por exemplo que não existem nas nossas escolas, aulas de 'home ec' como existem nos EUA. ou que por exemplo se preocupasse a combater o casamento infantil que existe hoje, em 2017, em Portugal. o abandono escolar feminino. a investigar a fundo a desigualdade salarial em posições iguais. a promover leis para por exemplo a redução de horários laborais para os pais que quiserem acompanhar mais os filhos... tanta coisa que podiam estar a fazer em vez de querer 'apaziguar' as redes sociais por causa de duas páginas de um livro...
    para terminar que isto já vai longo, achei também muita piada a um post do delito de opinião que termina com fotos da Rita Ferro Rodrigues na praia com os filhos, ele com calções de banho azuis, ela com um bikini cor de rosa.
    Maria

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    1. É interessante ter reparado que os salários dos homens e das mulheres não eram comparáveis porque os dos homens se referiam a cargos de chefia, mas não se ter questionado sobre este facto... Se havia mulheres e homens em posições equivalentes, porque não compararam esses grupos? Ou o que aconteceu foi que as posições mais abaixo na hierarquia eram ocupadas sobretudo por mulheres, e as posições mais acima sobretudo por homens? E, sendo esse o caso, porque acha que isso aconteceu?... As mulheres são naturalmente menos competentes, e portanto, menos passíveis de ser promovidas? Ou são naturalmente menos interessadas em ocupar posições de chefia? Ou?...

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    2. Na rtp e em todo o lado, os cargos de chefia são maioritariamente masculinos e não me parece que haja explicação que não seja a cultural para tal. É o que digo... Ainda temos muito caminho para andar, demasiado para nos pormos com estas palhaçadas que em vez de ajudar só descredibilizam...

      Houvesse vontade e fazia-se um trabalho estatístico com pés e cabeça que nos permitisse quantificar essa questão da diferença salarial, comparando o que é comparável. Mas não... É sempre tudo feito às três pancadas.

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    3. A questão, NM, é que as desigualdades salariais e na atribuição de cargos de chefia e as questões a que chama «palhaçadas» poderão estar ligadas entre si. Se o problema é cultural, então começa naquilo que, enquanto cultura, comunicamos aos meninos e às meninas que esperamos deles. Os materiais educativos «pró menino» e «prá menina», sobretudo os que reproduzem perspectivas estereotipadas sobre papéis de género, não são todo o problema... mas fazem parte do problema. Não digo que é para proibir, mas acho importante que se faça uma reflexão crítica sobre isso.

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    4. Caramba... Mas e os tais livros?? Alguém me pode explicar que tão vincados estereótipos tinham os livros??

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    5. O papel de género é um constructo social. Os meninos não gostam de bonecas na sua maioria porque não são estimulados para, da mesma forma que as meninas na sua maioria não gostam de carros porque não são estimuladas para. Já para não falar dos que até são repreendido por demonstrarem gostos que saem da norma social.

      As pessoas que fizeram os livros não o fizeram por mal mas provavelmente enviesados pelos próprios constructos sociais.
      E, já foi comprovado que esta diferenciação tem impacto em tudo na vida, incluindo escolhas de carreira e até salários.
      No entanto o problema não são esses 2 livros de exercícios, o problema é bem mais profundo e complexo.

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    6. "E, já foi comprovado que esta diferenciação tem impacto em tudo na vida, incluindo escolhas de carreira e até salários."

      Foi "comprovado" por quem?

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    7. Pelas sociólogas do BE que fizeram um estudo na universidade de verão. Aquela com wc's mistas em que o pessoal é todo mesmo muito amigo, "tás a ver"?

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    8. Em relação aos «tais livros», pode encontrar os exemplos que foram considerados problemáticos no parecer da CIG (que imagino que tenha lido...). De qualquer forma, acho que uma discussão que nasce e morre nos «tais livros», é uma discussão que passa ao lado do que (acho eu) é mais importante. Gostava que, como sociedade, em vez de arranjar um bode expiatório, pudéssemos ter uma discussão séria sobre os princípios em causa...

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    9. Não sei se o primeiro anónimo leu o meu comentário até ao fim... é que a segunda metade do meu comentário era, basicamente, a responder a isso. Não foi assim há tanto tempo que o homem trabalhava e a mulher ficava em casa, ainda há provavelmente restos disso na sociedade, se os homens estavam há mais tempo no mercado de trabalho é normal que tivessem mais experiência e por isso ocupassem mais cargos de chefia. Há com certeza profissões/empresas em que a mulher ganha mais porque, tradicionalmente, há mais mulheres nessas profissões e não vejo ninguém a revoltar-se por isso. O que é necessário é promover igualdade de oportunidades para que todos, caso queiram, tenham acesso às profissões que queiram. É sempre difícil a comparação salarial logo porque isso não se resume a eles/elas, um salário reflete: formação, experiência, anos de casa, a própria economia da empresa. Há tantas variáveis que, eu acho, não é possível comparar salários e chegar a, preto no branco, os homens ganham mais porque são homens.
      Há desigualdades e têm que ser combatidas, mas a sociedade não evolui por leis e decretos (se assim fosse não existia racismo ou discriminação, por exemplo), evolui, infelizmente, lentamente. Cabe a cada um fazer também o seu papel.
      Nasci ali no meio dos anos 80 e muitos dos esterioptipos que se têm trazido à baila eu já não os vivi. Lembro-me por exemplo de no infantário onde andei haver um menino que brincava na casa das bonecas e nunca ninguém o proibiu. Na escola quando as meninas quiseram jogar futebol, jogaram sem ser proibidas. quando por ex fomos acampar com a escola, todos ajudaram em tudo, houve lavagem de louça, arrumação, limpeza... estudei (até ao 9o) numa daquelas escolas do demo, um colégio com contrato de associação (católico, ainda por cima) e NUNCA houve diferenciação de tratamento para ninguém.
      Maria

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    10. Maria, sou a primeira anónima. Aguardo então um exemplo de uma profissão em que as mulheres ganhem mais, ou assumam a maioria dos cargos de chefia. Posso dizer-lhe que trabalho numa dessas áreas em que, desde sempre e ainda no presente, as mulheres são a esmagadora maioria, e que não é isso que acontece. Mais: observo no meu dia a dia que, em grupos de trabalho em que se procura uma pessoa para ser líder ou porta voz, havendo um homem presente, essas funções lhes são atribuídas de forma muito natural, independentemente de o seu contributo para esse grupo de trabalho ser muito, pouco, ou nenhum... Dá que pensar, não?

      Relativamente à questão de a sociedade não evoluir por leis ou decretos... Acho que concordamos que estaríamos bem pior sem, por exemplo, leis e decretos que reconhecem a igualdade no direito ao voto e no acesso ao trabalho, a criminalização da violência doméstica, etc... Ou, no exemplo que deu, do racismo, que as coisas seriam bem piores antes da abolição da escravatura. Não significa, claro, que a legislação seja tudo, ou que tudo deva ser legislado. A partir daí, cabe a cada um de nós, como a Maria disse, fazer o seu papel. Em vez de perpetuar ou normalizar as desigualdades, e esperar que as coisas mudem por si.

      Já agora, espero que a próxima geração, quando adulta, não recorde «o caso do menino que brincava na casinha das bonecas», simplesmente por esse caso ter deixado de ser digno de nota. E, sobretudo, que possam cada vez mais brincar com aquilo que lhes apetecer.

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    11. Caramba anónima (19:28)...

      "Mais: observo no meu dia a dia que, em grupos de trabalho em que se procura uma pessoa para ser líder ou porta voz, havendo um homem presente, essas funções lhes são atribuídas de forma muito natural, independentemente de o seu contributo para esse grupo de trabalho ser muito, pouco, ou nenhum..."

      Agora fiquei aqui a matutar... Estou preplexa.
      O que é que exerce?!! Também pactua com essa situação? Todas as suas colegas aceitam com naturalidade?? Porquê?

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    12. NM, não disse a minha profissão porque não acho que isto seja específico do meu grupo profissional. As suas outras questões, por outro lado, tocam no ponto que, para mim, é central, que é a questão cultural.

      Quando as coisas são habituais tornam-se invisíveis, não é? Quando começamos a olhar criticamente mesmo (ou sobretudo) para aquilo que é habitual, tornamos-nos mais reivindicativos, certo? Acho que a questão do pactuar ou não pactuar passa muito por aí.

      E depois, há outra coisa. Mesmo quem vê as coisas desta forma, muitas vezes ganha mais em ficar calado. Questionar recorrentemente o que é natural para toda a gente é candidatar-se ao rótulo de «problemática», ou, se o fizer de forma agressiva e/ou com interlocutores particularmente machistas, de «histérica» ou «esganiçada» ou «ressabiada» ou por aí fora... Muitas vezes, pelas próprias mulheres.

      Eu, por outro lado, fiquei perplexa com a sua perplexidade :D A sua experiência em contexto profissional é assim tão diferente do que descrevi?





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    13. É absolutamente diferente. Desde que trabalho. E nem eu ou as minhas colegas permitiríamos o contrário. É responsável pela comunicação de um projecto o responsável do projecto ou, em caso de débeis capacidades (raras vezes e pedido do próprio responsável), a pessoa que se expressa melhor. Na minha vida profissional ser homem ou mulher nunca entrou na equação (o que não é verdade no caso da antiguidade, por exemplo).

      (E permita-me que lhe diga que isso que descreve vai contra o que escreveu em cima... "A partir daí, cabe a cada um de nós, como a Maria disse, fazer o seu papel. Em vez de perpetuar ou normalizar as desigualdades, e esperar que as coisas mudem por si." A questão, pelo menos para si já não é invisível... Faz lembrar aquilo do bem prega frei Tomás...)

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    14. Na minha vida profissional o que vi foi cargos de direção institucional (o "topo da pirâmide", quero eu dizer) serem dados preferencialmente a homens. Isso acho-o indubitavelmente claro. Quem está no fim da linha de comando são, geralmente, homens.

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    15. Como a NM referiu, no topo da pirâmide a maioria das vezes estão homens. Vejo isso na minha empresa, mas lá está, é no topo e são cargos que estão ocupados pelas mesmas pessoas há mais de 10, 15, 20 anos. (Falo de presidentes e board, só)
      Mas posições de chefia estão ela por ela. Trabalho numa multinacional e tenho contacto com vários do nossos escritórios portanto vejo as várias realidades, na Europa é assim, já muda um pouco em África (mais ainda no Norte de África), são realidades diferentes. Nunca num grupo de trabalho foi dada a primazia a um homem por ser homem. Nunca assisti a isso em contexto de trabalho nem na faculdade por exemplo.
      Quanto à desigualdade salarial, que é algo diferente, se fizer os mesmos 'estudos' que normalmente são feitos em profissões onde há maioritariamente mulheres vai chegar à mesma conclusão errada porque a premissa do estudo está mal, e era esse o ponto que queria sublinhar.
      Claro que a legislação é necessária porque não vivemos em anarquia, mas tudo o que referiu, estando ou não legislado há anos, não acabou por estar legislado, infelizmente. Há e a haverá sempre nem que seja um grunho para nos lembrar disso.
      É óbvio que o objectivo é chegar a um ponto onde o caso do menino não é lembrado porque é indiferente, mas também é bom saber que há mais de 20 anos esse menino o fez sem ser incomodado ou destratado, ou não?
      Maria

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    16. NM, perguntou-me porque é que eu acho que as pessoas não se insurgem mais vezes, e eu tentei responder-lhe. Não lhe disse se eu o faço ou não, nem de que forma. Mas posso dizer: muitas vezes sim, mas nem sempre que me apetece, e nem sempre como me apetece.

      Relativamente ao seu contexto, pode ser que seja mesmo diferente (e espero que sim). Mas também lhe digo que muitas vezes a nossa primeira resposta é «comigo não, nunca na vida!», mas estas (ou outras) desigualdades estão lá quando olhamos com mais atenção. Por vezes nem é tanto nas grandes decisões, que costumam ser mais pensadas, mas nas pequenas, que são tomadas intuitivamente. Os homens que refere que ocupam quase todos os lugares de topo, provavelmente, não chegaram lá de um momento para o outro... foram fazendo o seu caminho, possivelmente com alguma ajuda das tais normas implícitas.

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    17. Concordo plenamente com a sua última frase.

      (Mas vá... Diga-me lá o que exerce, que fiquei mesmo curiosa... ;) )

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    18. Os estudos são feitos por quem de direito e comprovado na área específica.
      Não coloquem politiquice na ciência.

      De resto, Picante, já tinha dito que o problema não são esses 2livros. O problema é bem mais profundo e qualquer pessoa que queira equidade no mundo consegue ver isso. Nem seriam precisos estudos para compreender.

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    19. O post refere-se à questão dos dois livros. Compreendo que se queira desviar o assunto daí, mas foi isso, só isso que me.levou a escrever este post.

      De resto, e repetindo-me, diga-me por obséquio quais são os tais estudos que eu gostava muito de os ler.

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    20. Não sou professora... e mais não digo! :D Neste tipo de discussão, acho que particularizar não tem grandes vantagens. Além disso... como lhe posso explicar? Tenho em relação à minha profissão o mesmo tipo de lealdade que tenho com a minha família e os meus amigos. O que tenho para dizer, digo lá dentro, e não em praça pública ;)

      Em relação ao comentário da anónima das 17h39, a hipótese de que "esta diferenciação tem impacto em tudo na vida, incluindo escolhas de carreira e até salários." é, pelo menos, plausível. Se não estiver estudada, acho que o deveria ser.

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    21. Nunca há de ser conclusivo... Fazer o quê?! Não falamos de ratinhos... Pegam-se em centenas de crianças condiciona-se-lhes a infância e depois vê-se no que dá?!
      Vamos com calma nisso de chamar "ciência" a tudo quanto se denomine de estudo.

      (Acham mesmo que é por brincarem às princesas ou aos cowboys que em adultas...??? A sério... Desisto!!!)

      (O abandono escolar é quase o dobro nos homens que nas mulheres... A sério, não brinquemos...)

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    22. Como o estudo seria feito, não sei. Mas certamente haverá quem saiba. Há áreas científicas que se dedicam a esses temas (e não são menos científicas que as outras)...

      Óbvio que não dá para reduzir a «brincar às princesas ou aos cowboys»... Mas aquilo que comunicamos às crianças que esperamos delas influencia o que elas acreditam que são capazes de fazer. E o que elas acreditam que são capazes de fazer influencia o que elas tentam. E o que elas tentam influencia o que elas conseguem. Acho que faz sentido pensar sobre isto.

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    23. Obviamente!! Obviamente que o contexto socio-cultural faz as crianças. Não as influencia, fá-las... Qualquer burro, permita-me a expressão, percebe isso. Mas é tudo, todo o contexto cultural onde a criança nasce e desenvolve. Mas, mais uma vez, o propósito do meu post tem a ver com uma situação ridícula que resultou em retirada de livros de mercado, o que não ajuda em nada (muito pelo contrário) a pensar-se seriamente "nisto".

      (Quanto a isso das ciências sociais serem uma ciência como as outras... Cof-cof!! São, são. Então não são?)

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    24. Quem perceba um mínimo de estudos sabe que, em querendo, eles dizem aquilo que nós queremos que eles digam. É só preciso ser-se enviesado e não ter pudor. O BE tem colocado muita gente em áreas chave que lhes permite fazer sair esse tipo de estudos. Para mim têm o mesmo valor que aquilo que a Mortágua diz: zero.

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    25. Mas que estudos são, carai??? Eu quero lê-los...

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    26. Aquelas porcarias de notícias que dizem " estudos comprovam que" nunca dizem a fonte nem nada que o valha, raramente falam em amostras e quando falam nunca dizem como foram construídas, nunca dão um link para vermos a porcaria do estudo na globalidade, limitam-se a dizer uma conclusão que queiram veicular (dependendo do questionário, essa até pode nem ser a conclusão do estudo, até pode ser contrariada pelas respostas a outras perguntas, acontece que ninguém sabe. Cá para fora só sai aquilo que alguém quer que saia.
      A quantidade de estudos mal feitos que eu já vi é inacreditável.

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    27. Eu tenho a tese que o número de estudos em sociais sociais é par porque por cada estudo que diz ter provado "A" há um que prova "não A". :DD

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    28. *ciências sociais

      (Carai, uma piada tão gira...)

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    29. Pois. Todo o contexto cultural, que engloba muitas coisas e, entre elas, livros, brinquedos e companhia. Lá por não ser tudo, não quer dizer que não seja relevante.

      E sim, as ciências sociais e humanas são ciência também. O objecto de estudo tem outras complexidades e desafios, mas o método é o método científico, logo, trata-se de ciência. Claro que, como em qualquer investigação, quem tem uma hipótese quer vê-la confirmada, mas uma investigação séria será à prova desse tipo de batota. É uma questão de procurar fontes credíveis.

      (gostei de conversar consigo :))

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    30. Não se iluda muito com os estudos sociais que vê por aí, olhe o que eu lhe digo... Inclusivamente ainda se mantém polémica a designação de "ciência".
      O que se espera de um estudo científico é que seja replicavel. Ou seja, que o resultado seja o mesmo se o estudo for replicado em diferentes amostras. Ora, isto é, quase por definição, impossível de conseguir nas ciências sociais porque não se conseguem isolar as variáveis em estudo. As interferências externas são muitas e incontroláveis. Neste caso, por exemplo, era preciso garantir que todos os outros estímulos a que as crianças estão sujeitas são idênticos. O que é impossível de alcançar. Vá por mim... Vá por mim que eu sei do que falo... ;)

      (Obrigada e igualmente!)

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    31. Se esses estudos tiveram a qualidade que tenho visto por aí em teses de mestrado (vão ver a do líder da claque dos super dragões. Dezassete, o homem teve um 17 naquilo!), eu por mim dispenso. São amostras de 20 amigos, teses sem o mínimo sentido... para não falar nos erros de português. e andam os professores por essas faculdades fora a aprovar (por vezes com distinção) esta gente, professores esses que depois se debruçam nestes 'estudos'...
      Maria

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  6. E que tal lançar uns livros de actividades para crianças brancas e outro para crianças negras?

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    1. Ui... Taruz! Com esta é que me arrumou!!

      (Muito obrigado pela sua participação e resto de boa noite mas é circular. De momento não tenho vagar para desconversas...)

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  7. Não cesso de me espantar com quem, podendo escolher lutar contra a desigualdade, prefira combater o activismo.

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    1. Ahahahahah "activismo"

      Fazer um cagaçal tremendo atrás de um computador até se tirarem de circulação livros porque num se mostram iogurtes e noutro ancinhos, agora chama-se "activismo"...

      Estou velha para este léxico, está visto...

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  8. Eu vinha aqui parabenizar-te mas já li dois ou três comentários que me revolveram as entranhas de modos que ficamos assim.
    Ou melhor... não ficamos não senhora, tenho a dizer que acho a CIG e as tipas do BE umas fascistas, no tempo de Salazar também se proibiam livros por transmitirem os conceitos errados de acordo com o achismo de alguns.
    Quanto a mim quer o BE quer o PCP são, hoje em dia, movimentos de extrema esquerda que de fininho e graças ao PS têm conseguido minar a sociedade, sentido-se no direito de calar à força as maiorias em prol de um populismo execrável. Não fossemos nós tão avessos à extrema direita por razões históricas (experimentámos o veneno na pele) e esses movimentos tampouco seriam tolerados.

    Off topic, mas na mesma onda, em prol da defesa do multiculturalismo e da diversidade uma energúmena de esquerda já veio dizer que as vítimas de violação em Birmingham deviam estar caladinhas, visto os violadores serem todos muçulmanos (maioritariamente paquistaneses, acho eu). Como é que alguém tem o desplante de dizer uma merda destas? Como???

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    1. Adoro a honestidade intelectual de quem finge não perceber a diferença entre uma recomendação e uma proibição. Dá jeito, né?

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    2. A grande diferença é que se a Porto Editora decidir manter os livros no mercado e vendê-los, independentemente da recomendação, pode fazê-lo, capice?

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    3. Vou explicar como se tivessem cinco anos: quando uma editora é a maior Editora de livros escolares e depende das boas graças do governo para sobreviver, toda e qualquer recomendação passa a ser uma obrigação. A CIG deixou bem claro que foi a mando do ministro da tutela, esse grande defensor da mulher que não hesitou em chamar frígida a Maria Luís Albuquerque, num ataque tremendamente bem educado e nada sexista. Não ouvi as pessoas muito indignadas nessa altura. Estranho, não é?

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    4. Tal e qual como os pais podiam comprar o livro deles para elas e o delas para eles, capice?
      Ao contrário do que o parecer dizia, e estou a citar de cor, que não se permitia a elas ter acesso ao caderno dedicado a eles e vice-versa. Ninguém proibiu isso durante o ano inteiro que o livro esteve à venda antes de lhe terem deitado o olho.
      Maria

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    5. É natural, a picante só ouve o que lhe convém.

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    6. Oh pá!
      E os soutiens de copa baixa e cosas largas! Para quando?!
      Agora fiquei cheia de esperança que ainda venha a acontecer ( eu sei que já há, mas se fosse obrigatório teríamos preços mais acessíveis).

      Eu sou pela "obrigatoriedade dos soutiens de copa baixa e costas largas!!!"

      Ana

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    7. É anónimo (18:02), a Picante, tal como todos que não seguem cegamente a cartilha, é assim. Tem é de atualizar o léxico. Agora diz-se "intelectualmente desonesto". Vem na cartilha.

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    8. Ahahahahahahahahahah oh Ana... É um caso mesmo desesperado está visto... :DDDD
      "Eles falam, falam, falam, mas dos soutiens ninguém diz nada..." :D

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    9. Sim Pic, parecem cogumelos... De cada canto sai um ditador. Nunca vi coisa assim...

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  9. Concordo que existe algum exagero, sim, também em reacções como a sua...

    Não se trata de uma proibição, mas de uma recomendação, como já várias pessoas disseram aí em cima. Se esta editora (ou outras) quiser manter estes conteúdos apesar da recomendação, e de agora saber que existe uma maioria (ou uma minoria ruidosa) do seu público alvo que não se revê neles, penso que o poderá fazer...

    E também não se trata de proibir ou obrigar quem quer que seja a ler, brincar ou vestir seja o que for. Trata-se de não decidir a priori que determinados livros, brinquedos e roupas são «pró menino» ou «prá menina», promovendo que a escolha seja feita em função das preferências de cada criança (ou dos seus pais) e não do sexo da mesma, e facilitando um pouco a vida às crianças com preferências que não se enquadram nos papéis de género convencionais. Não me parece razão para grande alarme social.

    Isto lembra-me a polémica que houve há uns tempos, quando o McDonalds decidiu «acabar» com os brinquedos «de menino» e «de menina». As pessoas parecem ter achado que as crianças iam passar a receber brinquedos «neutros» (que nem sei bem o que seja...). Na prática, o que aconteceu foi que, em vez de perguntarem «quer o brinquedo de menino ou o de menina?», os funcionários passaram a perguntar «quer o carro ou a boneca?». Dramático? Acho que não...

    Finalmente, acho que ninguém quer que se cale. Eu, pelo menos, não quero. Raramente concordo consigo, mas gosto de a ler.

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    1. Escrevi as respostas sem reparar que tinha este comentário e o das 22:32.
      Veja o meu comentário 22:40.
      (O mais grave, e sintomático, no meio disto tudo ainda foi a editora ter cedido à tal da "recomendação"...)

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    2. *Escrevi as respostas sem reparar que tinha este comentário e o das 22:32 por aprovar.

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  10. (daqui a pouco lerei tudo e comentarei, ou não, de forma pertinente. Neste momento apenas quero dizer:)
    e mais importante que tudo, está m e r d a desta polémica irritou-me as férias!

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    1. (Pensa bem se cale a pena...) Mil beijos, love.

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    2. Não é que me tivesse irritado, era mais pq ouvia falar da dita a toda a hora... E o objetivo das férias é não ouvir falar da dita ;)

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    3. Sim, a dita esteve omnipresente esta semana. :DD

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