terça-feira, 31 de maio de 2016

Ainda a propósito do gorila e prometo que já me calo.

Estas pessoas que andam por aí pelas internetes a criticar os pais da criança, que se se esgueirou foi porque eles foram negligentes e o largaram da mão, são as mesmas que bradam aos céus que as crianças de hoje em dia são umas sobreprotegidas, que são umas atadinhas de primeira, sempre atreladas aos paizinhos que não lhes dão espaço para nada. Crianças que não aprendem a cair e a levantar-se porque, enfim, nem os deixam chegar a cair de tão sobreprotegidos que são. São aqueles que dizem que no tempo deles é que era, que iam para a rua brincar com os vizinhos de manhã e só voltavam para almoçar e depois vira o disco e toca o mesmo, que aquilo foi muio joelho esfolado e dente partido, e que mesmo assim cá estão de saúde para contar a história. 

Isto é tudo a mesma malta, não é?

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Tudo corre mal a José Cid...

Não só não construíram a tal Muralha como ainda fizeram o túnel do Marão para facilitar a saída das pessoas medonhas e desdentadas e isso lá do seu reduto de terras apátridas.

De como as coisas podem correr mal num Zoo...

Esta infraestrutura tem seguramente menos de um ano. Cumprirá certamente todos os requisitos legais e certamente que estarei a ser injusta e que haverá aqui qualquer coisa a escapar-me. É um espaço aberto onde coabitam zebras, girafas, rinocerontes, avestruzes e outros animais de grande porte. Aquilo tem uma vala de, diria, 2 metros. A separar o passeio da tal vala estão, por esta ordem: um corrimão de metal e três cordas, um metro e meio de relva e outras quatro cordas.
E agora eu garanto-vos que me distraía dois segundos e dava com o miúdo mais novo empoleirado nas segundas cordas a tentar chegar aos bichinhos... Não cair lá em baixo seria uma sorte.






O que já me estou a enervar com a merda do história do gorila...

E qual era a solução exactamente?

Dar-lhe com um tranquilizante, não era? Era pois... Porque sedar um animal selvagem de 200 kg é como sedar um bebé... Encosta-se-lhe um paninho muito branquinho ao nariz e ele... ZZZzzzz... Cai para o lado a dormir o sono dos justos. 

Só que não. Sedar um animal daqueles implica dar-lhe um tiro... Isso mesmo... Um ti-ro! Que é sentido pelo animal como isso mesmo... Como um tiro nos costados! E quando se é atingido com um tiro, reage-se de forma descontrolada e até se morrer (ou adormecer), é o salve-se quem puder. Até as galinhas correm sem cabeça, vede lá. A não ser que se trate de um gorila, claro, quando um gorila é atingido com um disparo, ele leva a sua mãozita à testa e deixa-se cair suavemente de costas, enquanto verbaliza: "Adeus, Mundo cruel!".

Pelo amor do criador deixai de falar na merda do tranquilizante que a criança provavelmente teria sido estraçalhada na hora. E de caminho dai o benefício da dúvida aos profissionais do Zoo, que se calhar percebem um bocadinho nada mais de animais que vocelências.

E se os pais deviam ser responsabilizados? Pois, se calhar, não sei. Não sei que proteções tinha o local. Se calhar a responsabilidade é única e simplesmente do Zoo, não sei. É um Zoo, um sítio onde se costumam e é suposto levar crianças, não é propiramente um estaleiro de obras... Os pais não podem ser responsabilizados a 100% de tudo. Se eu tropeçar e cair e nesses entretantos um dos meus filhos se esgueirar e cair na vala dos gorilas, se calhar é um bocadinho demais dizer que eu é que devia ter levado com um tiro nos miolos, não é?*

Defender que a criança devia ter sido deixado à sua sorte e ao discernimento de um gorila porque, afinal, os seus pais foram irresponsáveis e no fundo é ela que tem de pagar por isso é que é de animal.

* E por falar nisso... Olá Zoo de Santo Inácio! Aquilo da Savana lá com os rinocerontes e as zebras está muito giro, mas a segurança é zero! Ze-ri-nho! Uma criança pequena esgueira-se da beira dos pais em menos de nada e cai na vala num piscar de olhos.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Pronto. É definitivo. Comecei a alucinar.

Então não é que cheguei a casa e percebi que para dar ânimo, para puxar pelos jogadores no Euro, para nos unir a todos numa só voz e isso, escolheram uma versão manhosa do "Tudo o que eu te dou", cantada pelo próprio do Pedro Abrunhosa?
Oito palavras. Tudo. O. Que. Eu. Te. Dou. Pedro. Abrunhosa.
Tudo mal. Tudo mau.


Antes o Esteves, carai.


quarta-feira, 25 de maio de 2016

Da presunção, da água benta e de outras estórias...

Do nada...

[Jr.] Sabes mãe, eu sou o mais esperto da minha sala...

[NM] Hã?! E como é que tu podes dizer isso?

[Jr.] Porque sou... Porque eu arranjo sempre muitas soluções para os problemas.

[NM] Hum... Mas olha, o Alexandre, por exemplo, já sabe ler e tu não... Ele pode achar que isso é mais importante e achar que é mais esperto que tu....

[Jr.] Pois pode. Mas agora estou eu a escolher e eu já decidi que o mais esperto sou eu. 

...

(Pois... Se está ele a escolher... Faz sentido, faz...)

....

[Jr.] E o mais forte é o Marco.

[NM] Hum...

[Jr.] Só não sei é quem é o mais perspicaz...

...

(Oi? "Perspicaz"?!?!? O terceiro adjectivo que um miúdo de cinco anos se lembra é "perspicaz"?! Está bonito isto, está...)

....

[Jr.] Ah! Já sei! Acho que a mais perspicaz é a Ana.

[NM] A Ana?!

[Jr.] Sim, a Ana! E sabes porquê?

[NM] Ora diz lá...

[Jr.] Porque ela é muito caladinha e quase nunca fala... E assim como não fala tem mais tempo que os outros para pensar. Porque uma pessoa enquanto fala não consegue pensar, não é? E como ela não fala olha... {estalinho com a língua}... pensa!

(...)

Ora lá está! Bem diz o povo que quem muito fala pouco acerta!

terça-feira, 24 de maio de 2016

A breve história da escolha do nome de “Usnábi” - True Story*

Ali em baixo o post dos nomes deu para tudo. Deu para a história do Prantelhana. Deu para as Sofias, Alices, Ritas e Catarinas, mas também para as Urracas, Penólopes e Valquírias. Para a Maria João que afinal não é irmã da Amélia Laura, mas que é filha da Juanna Filipa. Deu para uma das melhores músicas de Johnny Cash. Deu para a Gertrudes Edviges e para a Delmira Etelvina. Deu para o pobre Nikanou Iringer. Deu para ir procurar e ficar a saber que no ano passado nasceram 5324 Marias e 7589 entre Leonor, Matilde, Beatriz, Carolina e Mariana. E que, em contraposição, nasceram 6 Filomenas, 6 Natálias, 6 Lurdes e 6 Eugénias. Uma Conceição e uma Marília. E uma Joaninha, já agora. (Aqui.

Pois então que eu não podia deixar passar o tema sem vos contar a história do “Usnábi”.

Contou o “Usnábi” a quem o quis ouvir e em português do Brasil que sua mãe, recém chegada da roça, se perdeu de amores por um militar a quem não percebia uma palavra e de quem só sabia o nome (e só porque estava ali bordado na farda e à vista de todos). Diz que uma semana de roça-roça foi o suficiente para gerar “Usnábi”. Mãe de “Usnábi” não voltou a ver o militar que logo abalou para o seu país. Mulher de garra, cuidaria de “Usnábi” o melhor que conseguisse e cedo decidiu pôr-lhe o nome de seu pai. E ela bem se lembrava das letras na farda. 

No registo dissera segura e confiante: 
“Sim, sim... “Usnábi!” Eu dito as letras: U – S – N – A – V – Y”

*Garentem-me que, pelo menos, que eu não ouvi a história pessoalmente. Mas lá que o “Usnábi” existe...

domingo, 22 de maio de 2016

Eu não sou vir(tu)al.

Ontem acordei a meio da noite... (Esganadinha com a fome, e vós sabeis lá a minha vida... Claro, obviamente, que estou de dieta. Sou mulher, por Jó! E lá enrolei eu um queijinho Smiley Cow numa fatia de fiambre de turkey, fiz uma cup of tea sugar free e já que estava botei os olhinhos no Observador, que é como quem diz no Observator. Sim. A fome dá-me para speaking english. Podia ser pior. Podia dar-me para o latim.)... E li esta crónica. E pensei que sim senhora, ali estava um pedaço de prosa despretensiosa e bem escrita.

E mais uma vez fui como que esbofeteada pela dúvida que não me desampara a loja há que anos: O facebook e as redes sociais no geral, servem exactamente para quê? Vieram melhorar a nossa existência exactamente em que sentido?

Ora bem, eu tenho este blogue e não tenho, nunca tive, nenhuma conta em nenhuma rede social. E a verdade é que eu não saberia o que partilhar. Eu até entendo o conceito de ter uma conta partilhada por amigos próximos: um sítio onde pudesse ir mostrando por onde ando (ui, havia de ser cá uma emoção: "NM no parque", "NM no supermercado", "NM na esplanada", "NM a dar de comer aos patos", ou até mesmo um "NM na cozinha" - ahahahahahah, só mesmo suplantado em inverosimilhança por um "NM no ginásio"), aquilo de que gosto ou aconselho: um site, um livro, um restaurante, basicamente o que faço por aqui muitas vezes, e até admito que, conhecendo a minha malta, havia de ser circunstância para mandar umas valentes gargalhadas*. Ou então não. Ou então chegaria um palpite mal amanhado recebido num dia mal parido e estaria o caldo entornado. À vista de todos. 
A vantagem impagável de ser esta espécie de Neanderthalensis dos tempos modernos é que não tenho amigos virtuais. São todos reais. Os que deixei de ver, enfim, deixei de ver. Lá foram à vida deles e eu à minha. Talvez nos reencontremos, talvez não - oh, a emoção dos desígnios divinos. Agora relações de amizade de faz conta? Não, muito agradecida! Nem no liceu.

Mas do que agora aqui falo é de contas de redes sociais e, já que estamos, de blogues, disponíveis para o Mundo onde as pessoas mostram tudo o que fazem, onde vão ou o que comem. Desde a pizza congelada que comeram ao jantar até à fotografia da filha mais nova sentada na sanita (True Story!, há bem pouco tempo num blogue perto de si). E é destes casos que falo... Qual é o objectivo exactamente?

O problema é meu. Certamente que é meu. Por exemplo, eu nunca teria uma profissão que acarretasse perda de privacidade. Nunca seria artista, nem sequer jornalista. (Também nunca seria modelo - unicamente por causa disso da privacidade, claro.) Nunca, mas nunca, participaria num Reality Show. Nunca! A minha privacidade será do que mais prezo. E não, não acho que a minha vidinha possa interessar a alguém. Mas é a que tenho. A que consigo ter. É a minha. Aquela pela qual me esforço diariamente para que seja digna e feliz. E preciso tanto de gente a bater-me palminhas pelo bem que faço, como de gente a mandar bitaites depreciativos sobre como levo a vida. É disso e de uma carrada de sarna.

Por isso, quando vejo gente por aí a vender a vida (e os filhos), a exporem o leito e a ter de levar com todo o tipo de gente e comentários principalmente nos conteúdos que envolvem as suas crianças... Penso sempre no mesmo... Tinham de me pagar muito, mas mesmo muito bem, para me (nos) sujeitar àquilo. Já uma vez o escrevi, ninguém quer um circo montado à porta de casa a não ser que ganhe alguma coisa com isso. E posto isto, garanto-vos que este blogue se manterá pequeno, marginal. Sem grandes arraiais. Porque pelo chão deste blogue andam os meus. Os mais meus dos meus. E eu não ganho nada com isto. 

* Como faço? Tenho grupos no WhatsApp onde por incontáveis vezes já chorei a rir com os meus. Os reais. Os únicos que tenho.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Moral da história.

As Sandras, Cátias, Sónias, Paulas e Cristinas desta vida caminham, quais lobos ibéricos, para a extinção.

Vós é que éreis malta para me ajudar nesta hora de aflição...

Vai-me nascer uma sobrinha proximamente. Yey! Palminhas-palminhas! Sucede que tenho direito a pôr um papelinho no saquinho de onde vai sair o nome da criança (claro que não vai ser por sorteio, estava a brincar - ultimamente tenho levado cada trombada derivado da minha incontrolável ironia que nem queirais saber...). Sucede igualmente que não tenho nenhum crush por um nome feminino. Quer dizer... Tenho mais ou menos um, mas não tenho a certeza: Catarina. E então, hum? Que me dizeis?
Agora, a questão é: Se tivesses de escolher um nome (só um hã, sem batotices) para uma menina esse nome seria....

domingo, 15 de maio de 2016

Longe?! Ena, que exagero!!

[Jr.] Mãe... De onde é esta bandeira?

[NM] Da Jamaica!

[Jr.] E isso fica muito longe?!

[NM, a despachar] Fica.

[Jr.] Muito, muito longe?

[NM] Sim. Muito longe.

[Jr.] Não me digas que é aquele dos anéis...

[NM] Hã?!

[Jr.] Sim, aquele dos anéis...

[Estimado homem] Não filho, esse dos anéis é Saturno. E Saturno é um planeta. Jamaica é só um país.

[Jr.] Aaah... Então também não fica assim tãaaao longe.

(...)

Pois, pensando melhor, até fica perto.

Mau feitio mas com fraca habilidade para a mentira.

Uma familiar minha é psicóloga (oh, a ironia) e está numa equipa a criar um teste novo para avaliar o grau de desenvolvimento de crianças. Pediu-me se podia levar o Baby a fazer o tal teste para validação. Lá fomos nós.

O Baby está no limite inferior de idade e o teste já ia extenso. Ele já estava cansado e, basicamente, já dizia que não a tudo.

[Psicóloga] Olha, oh "Baby", sabes contar?

[Baby, a abanar entusiasticamente a cabeça] Não!

A psicóloga olha para mim e eu faço sinal de que sim, que sabe contar.

[Psicóloga] Não sabes?!

[Baby] Não, Baby não xabe contá!

[Psicóloga] Hum... Não sei se acredito... Não sabes mesmo?

[Baby] Nãaao... Baby não xábe um-dôs-tês-quato-xinco-xeis... Não xá-be!!!

(...)

Faria se soubesse...

sexta-feira, 13 de maio de 2016

São pérolas senhores, são pérolas!!!

O Jr. apanhou uma virose manhosa qualquer que o deixou muito queixoso (não fosse ele espécime XY). O mesmo Jr. que nessa semana andou a estudar o corpo humano na escola e que não perde oportunidade de mostrar o quão culto e sabedor é.

[Jr.] Aiiii, dói-me a cabeça... Quer dizer, nem é bem a cabeça, é o crânio que é ainda mais importante.

Ia eu para lhe dizer que o crânio não dói, quando...

[Jr.] E as costas... Doem-me tanto as costas... Nem é bem as costas... É mesmo a coluna cerebral!

Eu viro-me de costas, aperto os lábios para não desatar a rir e é nessas condições que me brindam com o gran finale...

[Jr.] Até a barriga me dói mãe... Quer dizer, nem é a barriga, é o intestino salgado mesmo.

(...)

E depois uma pessoa não se pode rir porque a criança não gosta de ser o bobo da corte e depois uma pessoa abafa e engole o riso até chegar a um local onde possa gargalhar à vontade e depois uma pessoa engorda, pois claro que engorda.

E ela lá ia formosa e segura no outro lado da rua...

E eu: "ANA!!! Ó AAAANA!"

Já toda a gente olhava, menos a Ana.

Eu? Eu continuo, desistir naquele momento, já com toda a gente a olhar, seria embaraçoso: "AAA-NAAA! Ó ANA!!"

Vendo-me naquela aflição alguém assobia para chamar a atenção da Ana.

Finalmente a Ana vira-se.... Acto contínuo, levanto o braço e aceno....

Depois daquele cagaçal todo finalmente a Ana olha-me de frente do outro lado da rua.

...

Claro que não era a Ana.

TÓIM!

quarta-feira, 4 de maio de 2016

O problema nem é tanto existirem, é multiplicarem-se.

Um casal com carrinho de bebé. 
Ela loira platinada, com as raízes muito pretas, cabelo muito repuxadinho num rabo de cavalo, argolas prateadas, calças de ganga de cintura baixa três números abaixo, os xixos da cintura ali bem ao dependuro, um bomber jacket curtinho mesmo ali onde acabam os tais xixos. Sapatilhas de marca brancas, imaculadamente brancas. 
Ele de argola dourada, calças de fato de treino de marca, t-shirt de basquete de marca, boné dos Super-Dragões virado para trás. Sapatilhas brancas, imaculadamente brancas. De marca, claro. 

(E quem mora no Porto já reconheceu a fauna que descrevo há três linhas atrás. Tooodos iguais. Todos!)

De repente...

TINÓNI-TINÓNI-TINÓNI

"Olha os bombeiros filho, olha... Têm de ir depressa, devem ir salvar pessoas...", digo eu ao Baby, no passeio, enquanto afasto o carrinho o mais possível da estrada...

Atrás de mim só ouço o tal jovem da moçoila e do bebé: "OLHÓ MENINO!!!!!! HEEEYYY!!! O MENINOOOO!! PALHAÇOS DO C*RALHO!!"

E eu sem perceber... "Ai meu Deus, ai meu Deus... O que será que aconteceu??"

"FILHOS DA PUUUTA!! CABRÕOOES!!", continuava o jovem aos berros de braços no ar em direção ao carro dos bombeiros.

Eu petrificada no passeio a tentar perceber o que tinha acontecido... 
Passa por mim o jovem, a moçoila e seu bebé e ouço:

"Fuôda-se!! Se tem algum jeito... Taba a dormir tom bem-he a criãnça!! Filhos de uma puta pá..."

(...)

Pois é... A acordar meninos... Ainda se dizem eles soldados da paz... Tss-tss... Parece impossível!

terça-feira, 3 de maio de 2016

E ao final da tarde lá apareceu, como combinado, meu marido...

O pai dos meus filhos, o meu companheiro, amante, melhor amigo e isso. Saira de manhã cedo, ainda antes de eu acordar. Vinha de sorriso nos lábios e nos olhos. Vestia umas calças chino de cor bege, camisa de ganga azul escura e sapatilhas.

(...)

Exactamente como eu!

(...)

Foi tão romântico embaraçoso, caraças.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

NM também dá sugestões para as prendas do Dia da Mãe que, ui jasus que enfado, chegam todos os anos da escola das crianças...

1. A educadora faz para a mãe de cada criança um pendente em filigrana de 24 quilates em formato de coração (minhoto ou normal, conforme o gosto de cada petiz).

2. A educadora desloca-se com as crianças ao campo, onde cada uma escolhe uma cegonha. Cada cegonha é então chipada, equipada com um dispositivo GPS e uma câmara que transmite em live streaming as suas aventuras e desventuras, que a criança pode seguir com sua mãe no conforto do seu lar. Na patinha direita de cada cegonha é colocado com uma fitinha de seda cor de rosa um coração de cartão plastificado, muito simples, com os dizeres "Gosto muito de ti, Mãe." ou algo do género.

3. A educadora desloca-se com as crianças a uma floresta antiga. Crianças e educadora escondem-se muito caladinhas atrás de um arbusto de silvas ("Cuidado crianças que isso pica", até parece que a ouço) a observar a fauna autóctone. Cada criança escolhe um espécime. Cada espécime é então treinado pela educadora a vir comer à mão da respectiva criança, o que repetirá todos os primeiros Domingos de cada mês (11:15 am, London time, naquele preciso local) se (e só se, que isto com crianças e animais selvagens já se sabe que todo o cuidado é pouco) a criança se encontrar acompanhada de sua mãe.

4. A educadora orienta a criança na confecção de um folar transmontano com fumeiro caseiro, também ele feito, obviamente, na instituição. No fim com um bocadinho de massa muito bem enroladinha a criança decora o folar com um coraçãozinho ou com a palavra "Mãe", conforme o seu gosto.

5. A educadora borda um lenço inspirado nos lenços dos namorados minhotos mas com dizeres dedicados à mãe de cada criança e sem os erros ortográficos que, hey, afinal é uma profissional da educação.

6. A educadora cria para cada criança um pequeno conto biográfico. Dado o elevado número de crianças em cada sala, eu, mãe razoável e de bom senso, estou capaz de aceitar uma encadernação modesta. A ilustração também aceito que seja simples, acromática até (para verdes o meu nível de benevolência).

7. A educadora faz com as crianças sabonetes de leite de burra, aromatizados com flores de urze e embrulhados em papel de seda onde se cola um cartão muito simples em formato de coração. Esta actividade resultará de uma parceria estabelecida entre a instituição e quintas da região onde as crianças irão recolher a matéria prima.

8. A educadora desloca-se com as crianças a um fábrica de vidro da Marinha Grande onde sopra uma jarra muito simples e de bom gosto para que cada uma possa ofertar a sua mãe.

...

Oh, valha-me o criador, tanta ideia e tão boa e tão pouco tempo...