quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Do cão e dos profs: tanta opinião e tão pouco tempo...

Lá está... O que eu queria mesmo era ser dondoca... E blogger. Uma blogger dondoca é que era.

É que estou aqui que nem me aguento.

Queria muito escrever sobre aquilo do "mantêm-se" e do "manter-se-ão" do Crato e de como acho que mais baixo não se pode descer. De como alguém com responsabilidades e coluna vertebral não pode - não PODE - refugiar-se em e/ou justificar-se com questiúnculas de semântica. De como eu não percebo como é que as pessoas mal entram no sistema apodrecem e mingam e mesquinham (?). De como parece que naquela Assembleia anda tudo a brincar ou o caralho, que até me fazem falar mal.... Também gostava de escrever que, apesar de tudo, não acho que o ministério deva cair. Não acho. Deve assumir as suas responsabilidades e corrigir tanto quanto possível e o mais rápido que for possível o que falhou, mas acho que não deve cair. Este executivo introduziu mudanças de fundo no sistema, nos conteúdos programáticos. Foi uma jogada arriscada (má na minha opinião, mas isso são outros cinco tostões) mas já agora deixava-se assentar a poeira, ver se alunos e professores conseguem assimilar aquilo. Ver se resulta ou não. Não podemos estar sempre a começar do zero, as escolas não podem estar em estado de motim e sobressalto permanente. Sobre isto dos concursos e dos professores também queria dizer que não vejo o motivo para o processo não ser inverso, no sentido de primeiro se conhecerem os horários disponíveis e só depois os professores se oporem ao concurso. Se calhar isto evitava que um professor de Bragança fosse colocado com 21 horas semanais em Portalegre, quando há um horário de 19 horas numa escola à porta de casa.

E depois também gostava muito de escrever sobre aquilo do cão e do ébola. Sobre como me impressiona que gente adulta ache que fazer análises a qualquer espécie relativamente a qualquer vírus é ir ali à clínica da esquina, pagar 50€, esperar três dias úteis e o resultado vir positivo/negativo, é transmissível/não é transmissível. Não. Uma coisa é fazer análises para ver se um cão tem laishmaniose, outra substancialmente diferente é fazer análises para ver se uma chinchila tem paludismo. É que aquilo de dizer que se podia usar o cão para investigação científica não significa propriamente que o animal fica, nos entretantos, a correr feliz numa quinta e a comer ração. É que aquilo, mesmo concluindo se o cão é portador ou não do virús, não é analisar meia dúzias de cocós, ver se aquele animal específico expele ou não o virús e anunciar ao Mundo em cinco dias: "Pronto malta, concluímos que não é transmissível. Podeis estar à vontade. Obrigada cãozinho pela tua participação e agora vai lá à tua vida." Mesmo pondo o cão de quarentena, se ele não exibir sintomas não significa que não seja portador (porque naquela espécie não se manifesta ou porque aquele cão em particular foi resistente) e que não possa infectar humanos. As coisas não são assim. Usar o cão para investigação científica é o pior que pode acontecer ao animal, àquele animal em particular. Têm-no isolado um determinado período de tempo, medem-lhe parâmetros biológicos, recolhem-lhe amostras biológicas (sangue, sémen, saliva, urina, fezes, tecido,...) preservam-nas de alguma forma e esperam até ter mais casos, e interesse, e dinheiro, para averiguar a situação de forma séria e responsável, para terem resultados robustos e estatisticamente suportados. Quando esta recolha de dados termina e se procede (ou não) à sua análise (que poderá não estar automotizada e aí terão de se criar metodologias específicas - se a comunidade científica vir interesse nisso claro, poderá haver estudos mais prementes) está bom de ver o que acontece ao animal não está?

Mas bom... Tenho de trabalhar. Um aborrecimento, portanto.

17 comentários:

  1. Se o ministro tivesse dito "manterão-se" não me caíria tão mal. É só a pseudo-justificação mais indigna que me ocorre. Não é digno, mesmo! Para ninguém.

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    1. Não me refiro à questão do dia (mantêm-se vs manter-se-ão). Refiro-me à verdade de la palisse de há umas semanas, qualquer coisa como "os professores mantê-se até serem substituidos". Isto é o mesmo que dizer, a chuva mantem-se até parar de chover. Dizer a chuva manter-se-á até para de chover, continua a ser uma constatação do óbvio. Constatar o óbvio, aqui, é o mesmo que encolher os ombros, é dizer "está bem, já estamos a tratar disso, não é assim tão grave". Mas é. O óbvio que o ministro constatou há umas semanas - há uma trapalhada de todo o tamanho na colocação de professores e no arranque do ano lectivo - tem consequências graves em tantos planos. Não é digno, perante um panorama daqueles, encolher os ombros. Não me interessa que tenha dito mantêm-se ou manter-se-ão, "manterão-se" ou "mantãeçe".

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    2. A verdade também é uma Mirone... Aqueles debates são ridículos. Tiram a paciência a um santo. Mas pronto... Eu gostava de ter visto um assumir de responsabilidades mais convicto, sem estas tratas de garotos pequenos.

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    3. Assumir responsabilidades, ponto final. Não há cá muito convicto ou pouco convicto. O que ele fez não foi assumir responsabilidades, foi desvalorizar um erro. Dizer que houve um erro, e que o vão corrigir e "não se fala mais nisso" não é assumir responsabilidades, é fugir delas. (mas, sim, também acho que a demissão não é soluçãp)

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    4. Sim. Tens razão. Aquilo não foi nada.

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  2. A última parte é que deveria ter sido escarrapachada por esse mundo fora.
    Vou reforçar:
    "Usar o cão para investigação científica é o pior que pode acontecer ao animal, àquele animal em particular. Têm-no isolado um determinado período de tempo, medem-lhe parâmetros biológicos, recolhem-lhe amostras biológicas (sangue, sémen, saliva, urina, fezes, tecido,...) preservam-nas de alguma forma e esperam até ter mais casos, e interesse, e dinheiro, para averiguar a situação de forma séria e responsável, para terem resultados robustos e estatisticamente suportados. Quando esta recolha de dados termina e se procede (ou não) à sua análise (que poderá não estar automotizada e aí terão de se criar metodologias específicas - se a comunidade científica vir interesse nisso claro, poderá haver estudos mais prementes) está bom de ver o que acontece ao animal não está?"

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    1. Há uma ideia completamente fantasiosa do estado da ciência, por um lado, e da forma como se faz essa ciência, por outro.

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  3. Quanto áquilo do canídeo, que até se me eriça o pêlo: desconfio que o pessoal parou na fase Disney Channel, alguns até na fase clube do rato Michey e agora são os hipócritas de plantão.

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    1. Creio que também há muita dificuldade de comunicação, por um lado, e comentários propositadamente risíveis só para ver o circo pegar fogo, por outro. (Sim, sim... Sou uma optimista incorrigível!)

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    2. Eu aticei um bocadinho a coisa, estava a apetecer-me um bocado de buzz...
      (mas há uma ou outra peça...)

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  4. Custa-me falar mal do homem. sabes que me custa. por muitas e variadas razões. porque não o vejo como um politico, mas sim como alguém que acredita na sua visão e que a defende. já o vi dizer na televisão coisas que entre nós dizemos, mas que um senhor político não diz. 8a questão das ESEs, por exemplo)
    mas a verdade é que esteve muito mal, muito muito mal. esteve vestido de político e usou argumentos de miúdo. :( é triste...

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    1. É o que eu digo.... Mal entram no sistema ficam mais pequeninos. Acontece sempre.

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  5. Sorry pela minha bojarda mal-educada...

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    1. Juanna, muito obrigada pelo seu cuidado. :) Mas sem stresses... A sério, eu percebi logo o que tinha acontecido e não fiquei minimamente incomodada. Palavra de honra. Também já me aconteceu. Aliás, nestes hot topics acontecem sempre situações destas... Um beijinho e muita sorte.

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