sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Da pungência de se estar lá (no sítio onde o horror aconteceu) e de estar cá (no tempo em que o horror continua a acontecer).



Dormitórios (em baixo são chaminés dos que se destruíram):





Câmaras de gás e crematórios:


As ruínas:



Valas, vedações electrificadas e torres de vigia:




"O trabalho liberta-te!"





Passe o tempo que passar nunca se tratarão números. Eram pessoas. 
Pessoas com nome:


E cara:






(...) E números. Pensando melhor também eram pessoas com números. 




Eram pessoas a quem foram retirados todos os pertences (os melhores, já que lhes era dito que levassem uma mala de mão para refazerem vida no aprazível local que os esperava).









* Numa das salas não era permitido tirar fotografias. Essa sala deu-me a perspectiva que me faltava: os campos de concentração e de morte eram autênticas fábricas onde nada se desperdiçava. As cinzas das cremações eram vendidas como fertilizante e os cabelos das mulheres como matéria prima para fábricas têxtil. Nessa sala estavam duas toneladas de cabelo. Duas toneladas de rabos de cavalo e tranças. Nunca na vida conseguirei exprimir o que senti.

As pessoas que eram selecionadas para trabalhar viviam mais três, quatro meses, até morrerem de fome. Alguns sobreviveram...



Crianças foram usadas em experimentos médicos bárbaros e a seguir mortas com injeções de fenol.


Havia um corredor de execução. Mas a bala era cara e sujava-se muito. Urgia encontrar outro método.


Gás. Urgia agora optimizar a quantidade. 20 minutos. 100 pessoas.


Só houve uma câmara de gás/crematório que não foi destruída. E só porque era um abrigo anti-bomba para o caso de os prepetores precisarem.







Mas o que eu queria mesmo dizer com este post era que...


... Já que ainda esta semana li num jornal umas declarações com muitas (demasiadas!) parecenças a esta:


24 comentários:

  1. Nunca visitei mas é um local onde quero ir, não por ser uma atracção turística mas porque nos permite aprender e porque é importante que certas memórias nunca sejam esquecidas. Acho que a humanidade precisa desses locais, desses memoriais para mostrar a crueldade do que já aconteceu e para mostrar que é real (já li relatos de americanos que acham que o Holocausto é uma invenção, um "mito urbano").

    Para mim (que nunca lá fui) creio que o mais chocante foi efetivamente saber que as pessoas não passavam de números. O meu professor de história falou-nos dessa questão de tudo ser aproveitado e também nos falou das várias alternativas mais "baratas" que eles tentavam arranjar para matar pessoas.

    Uma das coisas que mais me chocou foi saber que, quando as balas começaram a escassear, umas das opções utilizadas foi colocar pessoas em linha, dar um tiro para os fazer trespassar por diversas pessoas...
    Outra das coisas que me marcou imenso foi saber que alguns métodos alternativos para morrer falhavam e que, quando isso acontecia, era possível os gritos de desespero de quem estava a ser queimado vivo (nas cremadoras).

    Há relatos que nos marcam, a mim foram esses.

    D.

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    1. Além dos cabelos o que mais me impressionou foram umas caves que eles tinham onde testavam a quantidade de gás necessária para matar as pessoas. Não podia demorar muito, mas também não podia haver desperdício. Lá não eram permitidas fotografias mas imagina um buraco quadrado murado a tijolo burro, com um metro quadrado de área e dois metros de altura. Aí metiam 4 (quatro!) pessoas e faziam o exercício cronomentrando o tempo que demoravam a morrer.

      (Nas fotos do crematório, aquele buraco no telhado era por onde metiam o gás.)

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    2. Anónima, um dia tive a conversa mais surreal de sempre com uma colega de faculdade, que havia visto aluns desses relatos americanos e e acaredita que o Holocausto não foi bem aquilo qur nos pintam, nem mirreram assim tantas pessoas nem dessa forma cruel. Eu mal fui capaz de falar, de tal modo fui apanhada desprevenida.

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  2. Fiquei mesmo muito impressionada...
    Gostaria de um dia ter oportunidade de visitar esse campo de concentração.

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    1. Há mais campos visitáveis. Mas o museu deste vale de facto a pena.

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  3. Quando lá estive só consegui tirar uma fotografia ao portão. Foi, de longe, o local onde me senti pior em toda a minha vida, ao ponto de me custar respirar (reconhecerei aquele cheiro estranho - não sei se a desinfectante, se um químico preservante, não era mau, não era bom, não era suave , não era pungente - em qualquer lugar). Quando passei pela fotografias senti tanta culpa, era como se me estivessem a olhar para dentro da alma. Senti culpa, mesmo que tudo aquilo tivesse acontecido muito antes de eu ter nascido, senti culpa por não ser tão tolerante quanto devia, por me acomodar no conforto de quem nasceu no tempo e local "certo". Acredita, foi das situações que mais me marcaram.

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    1. Ir ali é uma experiência de vida. Não é como visitar um bonito castelo ou uma catedral ou um museu... É outra coisa. Fica-nos para a vida.

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  4. Oh, estiveste lá!
    Hei de lá ir para o ano. A Carcóvia e a Varsóvia. Sozinha.

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  5. Sempre me horrorizou o Holocausto, como a qualquer pessoa horroriza e quando estive em Cracóvia, pensei em ir ao sitio onde o horror aconteceu, como tão bem dizes, mas confesso que não fui capaz...Não sei se fiz mal ou bem mas pura e simplesmente não fui capaz ....

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    1. Daqui para a frente aconselho sempre as pessoas a irem. A entrada é grátis. A visita guiada custa 10€. Qualquer coisa é vir embora. Mas vale muito a pena. (Conheço muita gente que também não quis ir...)

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  6. Estas fotos impressionam, arrepiam. Se sinto um aperto no peito com estas fotos, faço ideia se la estivesse.

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    1. Eu ia preparada para o pior. Sabendo da história e para o que se vai fica mais "fácil" (fácil não é propriamente a palavra indicada, mas bom...)

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  7. Arrepiei-me toda só com as imagens. :(

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    1. Toda a gente devia ir lá, para não deixar cair esquecimento.

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  8. Exorcizei esse "demónio" há dois anos mas ainda tenhi bem presente, como bem dizes ,especialmente nestes últimos dias...
    É horrível. Mas recomendo a quem possa e tenha estômago (q aquilo n dá p todas as pessoas) q vá.

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    1. Há coisas em que é igualzinho... A história pode repetir-se. (Esperemos que não.)

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    2. I can only hope. Mas ando tão assustada com o q leio.

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  9. Deve ser uma experiência muito intensa emocionalmente. É um local que está na minha lista... o que me entristece é ver como hoje em dia nos mantemos quase tão xenófobos como nessa altura. Leva-me a crer que não temos aprendido muito com a nossa História :/

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    1. É muito intenso sim. É veres com os teus próprios olhos. Então os cabelos... No fundo são restos de milhares de pessoas que ali estão... Agonia.

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  10. Quando fui a Berlim visitei o memorial aos mortos no Holocausto, um conjunto vasto de paralelepípedos de cimento com diversas alturas, como se fossem sepulturas. Não consegui tirar fotos sentada lá em cima, nem com alguém a sorrir para a máquina, como vi tantos a fazer, incomodou-me imenso estar ali. Imagino Auschwitz.

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    1. Sim. Eu também vi malta a tirar fotos todos contentes ao lado das placas a dizer "perigo de morte" junto às vedações... :/

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