terça-feira, 28 de novembro de 2017

E é isto.


Uma pequena nota só para dizer que não é fatal como o destino e que, mesmo sem grandes mudanças de estrutura ou paradigma, os professores e diretores escolares têm margem para fazer mais e melhor. Dá trabalho, pois que dá, não é fácil com tantos alunos por turma, pois que não é, mas é possível. Deixar andar como sempre foi e sempre se fez, só é justificável por ser o caminho mais fácil.

43 comentários:

  1. Vi este vídeo hoje cedo e pode parecer muito bonito mas tem muitas falhas, generalizações e falácias. Quem faz o vídeo parece-me ter poucos conhecimentos de pedagogia clássica e poucos conhecimentos de desenvolvimento cognitivo. A maioria das coisas que lá são ditas são pura demagogia. Alguns são relevantes, mas misturam-se.

    Encontro falhas graves em cada uma dos 6 problemas que referem sem precisar de pensar muito.

    Não vou aqui discorre-las, só pegar em duas/três básicas:
    - Eistein ao contrário do mito, não era mau aluno. Pelo contrário era muito bom aluno; teve se não me engano um mau comportamento ou má nota a uma cadeira/disciplina específica. Nunca, mas nunca, uma pessoa que faz o que ele fez podia ser mau aluno. É uma questão de cognição e de perceber o que é "inteligência" (independentemente da correte psicologia que se segue. Eu prefiro o Whesler - inteligência é adaptação - mas todas tem determinantes específicos;

    - concordo absolutamente em que a escola tenha um espírito crítico em relação às tecnologias: 90% do que está por está internet fora é lixo, não é cientifico e não é credível; se muitas vezes adultos não conseguem ver a diferença crianças muito menos;

    - a velha questão da memorização e retenção: canso-me um pouco desta, mas em termos cognitivos, é na idade entre os 5 e os 9/10 que as criação tem uma maior capacidade de compreensão, por isso é a melhor idade para ganharem conhecimentos básicos e gerais (sim, memorização e retenção)que funcionaram como base para mais tarde usarem o pensamento critico (que virá lá pós 12/13 anos).

    Fora isto, sim sempre houve alunos mais desenvolvidos e menos desenvolvidos e obviamente que nuns há falta de motivação e noutros frustração, entre outros problemas que refere o vídeo, e sim temos turmas enormes, mas o vídeo não apresenta soluções nenhumas (soluções credíveis, práticas e que resultem efectivamente e já agora economicamente viáveis.)

    O grande problema do sistema de ensino em portugal é estar sempre a mudar-se metodologias. Faz, altera, acerta, erra, altera, erra, acerta, etc. Não funciona. Nem se consegue perceber o que cada metodologia dará. Porque não dá tempo para resultados e indicadores satisfatórios.

    Beijinhos =)

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    1. Obrigado pelo seu comentário, Espiral. É bom ver, no meio do "lixo" da Internet, comentários informados e estruturados. O último parágrafo toca precisamente no ponto essencial (ou, pelo menos, num dos pontos essenciais).

      A oposição entre a memorização e a compreensão aborrece-me particularmente porque não acho que estas estejam em oposição de todo, mas antes numa relação de simbiose. É claro que há uma diferença entre basear a aprendizagem exclusivamente na memorização e recorrer a ela quando esta é útil e importante, mas a memorização não deve ser demonizada.

      Um ponto não abordado no vídeo, mas que acho muito importante, é a questão da avaliação. Parece-me que a avaliação é encarada de forma errada na maioria das situações. Os alunos aprendem um assunto, fazem um teste, recebem uma classificação e pronto, acabou. Encarar a avaliação (ou, pior, o resultado) como produto final, como objectivo final, é prejudicial. A meu ver, esta pode perfeitamente servir de ponto de partida para mais aprendizagem, especialmente para aprender com os erros (o que é extremamente importante).

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    2. Ena Espiral, belo comentário, obrigada! 
      O que eu acho é que se podia fazer mais. Houvesse vontade! Eu já fui prof do ensino secundário e dava atenção individualizada aos meus alunos, tinha um verdadeiro plano educativo individual para cada. Agora... O que aquilo me saía do corpo... Fi-lo em início de carreira, quando ainda não tinha filhos e estava para aquilo de corpo e alma, com as ganas todas de virar este mundo e o outro. E consegui. Em cada ano que trabalhei consegui. Resgatei alunos que tinham dado a matemática como perdida e levei outros à excelência. Mas... Atenção... Fiz numas determinadas condições pessoais. Hoje não tinha disponibilidade para fazer o mesmo, ainda mais se tivesse de me deslocar muito como grande parte dos professores têm. É um esforço herculeo que, no fim, não é reconhecido. (No sentido em que nem a continuidade com as turmas se prioriza. O que interessa no fim de contas é o tempo de serviço. Quer trabalhes muito ou pouco, mal ou bem. Não há alma que resista. Enfim, desisti. Abandonei o barco.) Mas... Tivessem os professores outras condições de trabalho e motivação e não era preciso mudar este mundo e o outro. Há maneiras e maneiras de trabalhar, sendo a mais fácil estar ali a debitar o mesmo para todos, com eles bem caladinhos (que também a mim o barulho ainda hoje me tolda as sinapses) nem que seja a pensarem na morte da bezerra ou a mexerem (in)discretamente no telem´vel.
      Mas o que me levou a pôr aqui este vídeo (que me chegou via uma amiga com o título: “Como não tens facebook”...) é que, neste momento, tenho uma amiga, digamos assim, cof-cof, que tem um filho de sete anos que está a passar as passas do Algarve numa escola pública porque tem de “marcar passo”. Uma criança que desde sempre foi estimulada a ser curiosa, a querer saber mais e mais, a questionar e a pensar pela própria cabeça (por uns pais, que no fundo e vistas bem as coisas, não foram mais nada que irresponsáveis). Essa criança que agora tem de se lhe pôr travão, está completamente desmotivada, porque resolve tudo rápido e depois fica a “apanhar seca”, porque acha tudo muito fácil, porque já sabe, porque quer mais e mais e mais, porque acha e verbaliza que não aprende nada de jeito na escola. Uma criança que tem um jeito para a matemática inato e que tem duas professoras que lhe põem travão, que aconselham a minha amiga a pôr-lhe travão. Porque ele tem de acompanhar os outros. Porque é assim. Porque se se alimentar à razão que ele quer, vai sofrer. E porque não pode ser. E o miúdo anda infeliz. O que mais me custa nisto tudo, é que em vez de se lhe estimular o conhecimento e o engenho, o sistema dá-lhe para trás. E isto anda-me a moer, até porque não é um outlier. Há muitos miúdos assim, sinto que cada vez mais. E isto custa-me.

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    3. Mas... Muda-se a metodologia como? A metodologia ou os conteúdos programáticos e o sistema de avaliação? É que, tanto quanto sei, a metodologia dentro da sala de aula é só da responsabilidade do professor. Ou não? Saíram diretrizes nesse sentido? (Não sei... Dúvida genuina, uma vez que já não ponha os pés numa sala de aula de 3º ciclo/secundário, vai para dez anos...)

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    4. Essa situação é deplorável. Penso muito nesse género de alunos e cada vez mais me convenço de que estes não só não são a prioridade como nem são tidos em conta em muitos casos. O que é que se faz?

      As boas universidades têm muitas vezes actividades de extensão para os alunos mais interessados e com mais inclinação académica. Estou a ser demasiado optimista ao sugerir que o mesmo se pudesse fazer nas escolas básicas e secundárias? Destacar alguns professores para conduzirem actividades mais estimulantes para esse género de alunos?

      Dou-lhe o meu exemplo. Durante o primeiro ciclo, estive mais adiantado academicamente que os meus colegas, em parte porque já lia e escrevia antes de entrar na escola. Tive um acompanhamento com uma professora de apoio que, em algumas aulas, me dava umas fichas mais avançadas, trabalhava comigo outros assuntos, etc. Isto não existe actualmente? Não há soluções deste género?

      Referiu que a criança anda numa escola pública (não sei se intencionalmente), mas algumas escolas privadas também têm limitações. Uma colega minha dá aulas num colégio privado e também não tem toda a capacidade de dar mais estímulo a alunos com mais talento matemático porque existe uma pressão para obter bons resultados a nível global. Se os bons alunos já têm resultados, a prioridade torna-se atender aos menos bons... com consequente desinteresse por parte dos primeiros. Eu estive em escolas públicas a vida toda e, como disse acima, tive um muito bom acompanhamento quando necessário.

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    5. Filipe, (vou responder às pinguinhas que estou do telemóvel),
      A estes miúdos não se faz nada, rigorosamente nada, porque a maioria das escolas não tem recursos humanos para fazer face aos miúdos que têm dificuldades quanto mais a estes "sortudos" que até tiram boas notas. Andam descontentes, desmotivados e revoltados (o Jr. sente-se a perder tempo, simplesmente) mas são um não problema.

      Relativamente à leitura eu tive a sorte de a educadora dele ter antevisto a situação e nos ter alertado para não incentivarmos demasiado a leitura, que ele já ia ter um ano complicado por causa da matemática, que o que salvaria o ano seria aprender a ler. Como de facto, foi um admirável mundo novo que o trouxe motivado. Agora que já sabe ler bem fica tudo muito mais complicado.

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    6. Ah, e reforcei o "pública" propositalmente pela questão de, aí, os pais terem pouca margem de manobra para intervir. É quase um "é o que há, é comer e calar".

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    7. "Relativamente à leitura eu tive a sorte de a educadora dele ter antevisto a situação e nos ter alertado para não incentivarmos demasiado a leitura, que ele já ia ter um ano complicado por causa da matemática, que o que salvaria o ano seria aprender a ler."

      Confesso que não percebi esta parte... A educadora não quis que incentivassem a leitura porquê?

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    8. Para que entrasse na primária sem saber ler.

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    9. E relativamente ao mais novo vai ser igual (no que depender de mim não aprende a ler antes), com o extra de também não lhe ensinar matemática (coisa que fizemos com o mais velho).

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    10. Estou um pouco perplexo. A ideia é atrasar propositadamente as crianças mais avançadas para que "normalizem" e entrem no molde? Isso é uma violência intelectual, não imagina como fico indignado ao ouvir isso. A escola tem de dar resposta a estas situações, não podemos andar a impor paredes cognitivas porque a escola não lida com crianças mais dotadas!

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    11. Não é "atrasar", é "não estimular", o que é diferente.
      E não, a escola não dá resposta. A escola pública, as que conheço, não dão resposta. E sim, é uma violência.

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    12. Nem tenho palavras para isso. Desejo-lhe sorte e paciência. E espero sinceramente que encontre uma forma melhor de gerir essa situação porque os seus filhos merecem muito melhor do que aquilo que estão a receber neste momento do sistema educativo. Força :)

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    13. O que eu agora vejo, e como a experiência é a madre de todas as cousas, é que não se deve estimular muito as crianças pequenas nem na matemática nem no português (uma coisa é responder a dúvidas, outras é ensinar), para terem novidade na escola. Há um mundo de coisas que podem aprender: artes, música, xadrez, biologia, astronomia... É um pouco triste assumir isto, mas é adaptação ao meio, quase um minorar danos. Acho que os números e letras propriamente ditos devem ficar para a escola.
      De resto, os encarregados de educação não têm, nem devem ser, elementos passivos na educação dos filhos.

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    14. * não têm que, nem devem, ser...

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    15. Compreendo o que quer dizer, mas não acho que o problema fique resolvido assim. Afinal, onde é que se traça a fronteira? Quando tinha dois anos tive curiosidade em relação àqueles símbolos estranhos que apareciam nos livros e que pareciam ter um significado. As crianças são curiosas por natureza, isto é usual. Não acho que o caminho seja negar-lhes uma explicação argumentando "agora não porque ainda és muito novo/a e aprendes na escola". Percebo o que diz sobre o "tirar dúvidas" e o "ensinar", mas a fronteira entre essas duas coisas é muito ténue.

      Para além disso, ainda que isso funcione com crianças do 1.º ciclo, o que acontece mais tarde? Imagine um aluno do 7.º ano que chega a casa e quer saber mais sobre Biologia. Pergunta à mãe que sabe umas coisas, lê uns livros, vai à Internet. Fica a saber mais que o que está no programa porque também tem imenso interesse. O que é que lhe fazemos? Não podemos proibi-lo de ter curiosidade, de perguntar, de pesquisar.

      Não estimulando as crianças mais novas estamos a causar uma de duas situações: (1) adiamos o problema até mais tarde, quando é mais difícil controlar o que aprendem ou não; (2) pior ainda, "matamos" essa curiosidade, porque lhes incutimos a ideia de que a escola é que determina o que eles devem aprender e quando.

      Se pegarmos numa criança com dificuldades de aprendizagem e a obrigarmos a aprender mais depressa, ao ritmo dos outros, o mundo cai-nos em cima dizendo que isso é um abuso, que devemos tentar respeitar o mais possível o ritmo do aluno (puxando por ele, mas dentro dos parâmetros razoáveis). Não é menos abusivo, a meu ver, pegar numa criança com facilidade em aprender e com curiosidade e não lhe dar um estímulo correspondente.


      Não estou necessariamente contra o que me está a dizer. Se soo um pouco "beligerante", peço desculpa; é porque toda esta situação me indigna e frustra sobremaneira. Posso ser demasiado optimista, mas acho que devia haver uma solução melhor para isto...

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    16. Mas eu concordo com tudo e obviamente não defendo (nem tangencialmente) que as crianças não devam ser estimuladas. Muito pelo contrário, evidentemente. O que defendo é que os pais devem ter cuidado e consciência que ao "sobreporem-se" à escola, correm o risco de mais tarde eles terem de lidar com tudo outra vez, com toda a frustração que isso pode acarretar. Aliás, se eu não tivesse ensinado nada de matemática ao meu filho provavelmente neste momento estávamos no mesmo ponto (só o ano passado talvez tivesse corrido melhor).
      (E tudo se consegue, mesmo a matemática dá para ser trabalhada sem ser por forma de contas propriamente ditas. Se fosse hoje fazia as coisas de outra maneira. Orientava-lhe o interesse de outra forma.)
      Obviamente que o não ensinar mat ou pt antes da primária, só por isso, não resolve nada. Talvez só arraste o problema. (Ou talvez não, ou talvez ele entretanto arranje mecanismos internos de lidar com a situação.) Obviamente que podemos estar com um problema entre mãos. Tentaremos geri-lo da melhor forma possível, sendo que o foco em toda equação será sempre ele e tudo faremos para que não se sinta tolhido. (Até porque me deu muito trabalho a criar e a dar-lhe consciência das asas que tem nos pés... ;))

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    17. Enfim... É uma situação delicada. Olhe, ao mais novo ensine Topologia ou Teoria dos Grupos que sempre envolve menos contas e evita-se o problema. ;)

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    18. Isso também depende dos professores. É infelizmente uma questão de sorte.

      O meu filho começou a ler aos 4 anos. Não acho que o tenha estimulado ou ensinado para tal. Ele perguntava as letras e eu respondia mas nunca ensinei a juntar as letras.
      Começou a ler comigo enquanto eu lia livros e um dia simplesmente leu uma frase do rodapé das notícias.
      Honestamente fiquei em choque.

      As contas começou pouco antes de entrar na primária. Fazia contas 'difíceis', isto é, fazia somas e subtrações mas com números enormes e não propriamente aqueles que se estudam quando entram na primária.

      Mas nós tivemos sorte. A escola pública onde está tem uma professora com uma grande capacidade para gerir estas situações.
      O meu filho tinha um ligeiro handicap social (também muito comum em crianças com sobredotaçâo) e a professora implementou estratégias para que se sentisse integrado e também para não desmotivar.

      A desmotivação foi sempre o meu grande receio. Muitas crianças com estas características chegam ao ponto de terem mau aproveitamento escolar a longo prazo, por causa disso também acho importante ter uma boa relação com os professores e pedir apoio para que tal não aconteça.

      Por aqui a professora tem sempre actividades mais estimulantes para ele e outros colegas que terminem as actividades rapidamente. Primeiro faz iguais às dos colegas e no final tem coisas diferentes. Na turma dele existem mais duas crianças muito inteligentes e também competitivas. Segundo a professora, eles acabam por ser uma fonte de motivação entre eles pois têm uma competição saudável e são todos amigos. Agora está no 3o ano e a professora tem também implementado um sistema de entreajuda e portanto quem termina primeiro e tem tudo bem vai fazer de ajudante de professor...

      No caso dele continuo com algum receio do que virá depois do 5o ano. Até agora não ultrapassou anos e não queria que o fizesse por causa das questões sociais e a professora felizmente ajudou sempre a manter a motivação dele.

      A mim assusta-me bastante o futuro para ser honesta. Muitos pensam que ter sobredotaçâo é o mesmo que ter tudo garantido e nenhuma dificuldade e não é de todo o caso.

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    19. Ah, pois não. A sobredotação também pode ser (e a verdade é que o é na maior parte dos casos) o cabo dos trabalhos e não, não é garantia de sucesso. Fico verdadeiramente feliz que ele esteja ter um bom apoio (o depois logo se vê, um ano de cada vez). :) E sim, é uma questão de sorte com a professora, mas não só. Também com a turma em si. Se houver muitos problemas disciplinares, por exemplo, não sobra disponibilidade para mais nada. É, na verdade, uma questão de sorte e não depende só do prof. Felizmente o meu filho é muito social, adapta-se e faz amigos com muita facilidade. Felizmente. se já assim não está a ser fácil se ainda tivesse de lidar com isso não sei o que seria...

      De resto, muita muita sorte. Vai correr bem. Se até aqui correu.... (O mérito também é dele, independentemente de ter bom apoio, conseguiu gerir a situação e com mais dois anos fica com outra maturidade que o vai ajudar ainda mais...)

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    20. Boa tarde

      Segui com interesse a vossa conversa, e posso apenas partilhar o meu testemunho como Mãe:
      O meu filho mais velho aprendeu a contar e a ler por si, antes de entrar na escola. Lá está, ia perguntando, interessava-se, sempre teve livros, canetas, papéis à disposição. Como leio imenso, sou curiosa e faladora e não havia televisão em casa, era tudo muito natural...
      No infantário incentivaram-nos a inscreve-lo na primária com 5 anos (é de fim de Novembro), e acabámos por o levar a uma psicóloga infantil para perceber se seria boa ideia, pois parecia-nos ainda muito imaturo para tamanha aventura... Lá decidimos esperar mais um ano, e foi repetir a pré num colégio novo.
      Quando chegou ao primeiro ano, lá está, já conhecia o que os outros estavam a começar a aprender e a professora lidou com isso de forma muito simples: o António fazia os trabalhos de matemática, a professora confirmava calmamente com ele que estavam certos e que ele tinha percebido, e a seguir pedia-lhe para explicar a om outro colega mais atrapalhado como se fazia. E como ele tem mais dificuldades a interpretação, quando faziam trabalhos de Português um outro colega mais dotado ia ajuda-lo quando ele precisava.
      Funcionou maravilhosamente bem! O António tem 21 anos, está a tirar Matemática na Nova pois quer ser... professor de matemática!!! E é na Nova que depois segue com o mestrado em educação.
      O António tem sindrome de Asperguer, quer ser professor e especializar-se em pedagogia, para ajudar crianças pequenas... Vejam só as maravilhas que um bom professor e uma abordagem orientada para as especificidades de cada criança faz!

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    21. Que história tão bonita, Patty! Obrigada pela partilha. :) Os maiores sucessos ao António.

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  2. A propósito do comentário da "metodologia", acho que o termo foi mal escolhido. No entanto, não podemos ignorar que os alterações curriculares vêm acompanhadas de uma ideologia metodológica, seja ela seguida ou não em sala de aula...

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    1. Sim, peço desculpa, se calhar a palavra metodologia foi mal escolhida, mas digamos as mudanças nos currículos, as várias opcionais, a ocupação horário do tempo dos alunos, etc etc.

      Alunos mais desenvolvidos... acho complicado no sentido que cada caso é um caso e muitas vezes acho que depende da sensibilidade dos professores. Tenho dois exemplos passados comigo: no sétimo ano nas aulas de educação visual a professora dava a mim e a mais uma colega projetos da mesma matéria que dava a todos, mas mais complexos, exactamente para não desmotivarmos. Outro caso, em português, eu ficava as aulas a ler livros trazidos pelos professores (sempre li muito e os textos de sexto ano era para mim demasiado evidentes). nunca foi um grande stress, nem grande problema (e andei em escolhas públicas e não não eram as fantásticas do ranking).

      Em relação a avaliações... As avaliações são necessárias e caso se tente ter vários campos (uns de identificação, outros de interpretação, etc etc) parece-me uma mais valia. E normalmente esta directamente relacionado com o QI. Se isso é mau ou bom? E o QI está directamente ligado ao sucesso profissional (sim, mesmo nos dias de hoje). A criatividade , significa flexibilidade de encontrar novas respostas e isso é inteligência (outra falácia que encontrei no vídeo). Se há alunos que não gerem bem o stress das avaliações? Bem, é um bom momento, o melhro que terão para aprender a gerir isso. Porque isso também é prepara-los para a "vida". Boa gestão de stress e de tempo (sim porque saber se estão preparados para um teste numa determinada data é gestão do tempo deles, assim como fazer x trabalhos de casa).

      opá juro, de cada vez que reflicto gosto menos do vídeo....

      Podem achar-me "dura" mas acho que caminhamos para uma infantilização das crianças não necessária em certos aspectos e noutros é uma loucura de tentar que cresçam (ex: a quantidade de horas em actividades vprogramadas, sem tempo para brincandeiras random)

      E continuo a achar que turmas grandes é um grande grande problema .

      Beijinhos =)


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    2. Em relação à avaliação, penso que parte do problema do "stress" se prende com a percepção da mesma. Temos uma forma de ver a avaliação e a educação em geral que não valoriza o erro como parte importante da aprendizagem e que se foca demasiado na classificação final, num resultado numérico artificial. É claro que temos de ter métodos de seriação para efeitos de, por exemplo, acesso ao ensino superior, mas a avaliação não tem de ser toda assim.

      Há um grande número de estudos na área da educação que sugerem que dar "feedback" ao aluno sob a forma de observações, análise dos erros, sugestões de melhoramentos, etc. tem um impacto muito mais positivo do que a atribuição de uma nota. O que faz todo o sentido; uma nota é muito mais definitiva (apesar de muito mais artificial). E, no entanto, conheço casos de professores do 1.º ciclo (!!) que falam já em cotações da escala de 0 a 100 e de adolescentes no 9.º ano que ficam aborrecidos porque tiveram 89 em vez de 92 ou coisa parecida.

      Sinceramente, acredito que uma relação mais saudável com a avaliação seria um passo muito importante na redução da ansiedade associada a exames e afins. E isso passa por fazer com que a avaliação de facto se integre na aprendizagem.

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    3. Espiral e Filipe, tema: metodologia

      (Estou do telemóvel e a enregelar num treino de futebol, temos de ser organizados... :DD)

      Neste aspecto, a verdade é só uma: dentro da sala o professor é rei e senhor, implementa a metodologia que quiser e conseguir: trabalhos de grupo/individuais, retórica, escritos... Os conteúdos podem ser mais ou menos complicados, mais ou menos adequados, mas a metodologia é só responsabilidade do professor (para o bem e para o mal, e por isso uns são bons e outros, enfim, coiso...)

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    4. Espiral, a questão dos alunos "mais desenvolvidos" (nem é um bom termo porque serão "desenvolvidos" nuns aspectos e "subdesenvolvidos" noutros) só é um problema se eles não souberem lidar com isso. Só te digo é que os que são educados a argumentar e a questionar a lógica das coisas têm vida difícil... O ensino está, tal.como sempre foi, voltado para o come e cala. Quer tenha lógica ou não. E se nós fomos educados com isso a ser o normal (por via dos nossos pais) eles têm outra visão das coisas. E ainda bem.

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    5. Relativamente a momentos de avaliação concordo que existam. Fazem falta, preparam para a pressão dos imensos momentos decisivos que temos na vida. Há momentos em que não podemos falhar. É uma chatice, pois que é, mas é assim. E acho que se devem preparar as crianças, desde cedo, a lidar com a pressão. Agora... A avaliação na vida não é obtida, geralmente, por provas escritas. O estímulo e aperfeiçoamento da retórica? É treinado?! A capacidade de relação interpessoal é avaliada/estimulada? (Em que parte do vídeo se é contra a avaliação? Não me dei conta...)

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    6. Espiral, não concordo nada que se esteja a infantilizar as crianças. Muito pelo contrário. Acho-as com muito maior capacidade crítica. Mais capazes e aguerridas. (Bom... Algumas... E aqui o que me parece é que o fosso é muito grande, muito maior que no "nosso tempo", acho que nós éramos mais iguais uns outros...)

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    7. Na minha opinião as turmas grandes são O problema. Tudo o resto se contornaria. Agora... "Antigamente rebeubeu pardais ao ninho e nós também éramos aos trinta e aqui estamos." pois é... Mas as coisas mudam e as crianças são outras e os desafios também. E o mundo também. E os empregos também. A escola é que é a mesma e cada vez mais serve, efectivamente, para menos.

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  3. (irei ler o que foi escrito em cima...)
    que dor de alma, que aperto no coração.
    sim, o vídeo tem um ou outro fundamentalismo que não concordo plenamente... mas maioritariamente causa dor de alma.
    há sítios onde estão a se dados esses passos. a escola que escolhi e que batalhei e que me esforço para ter a minha filha tem os fundamentos de preparara as crianças para o futuro: autonomia, comunicação, trabalho em grupo, promoção de interesses pessoais.
    esforço-me também para conseguir criar as ferramentas para cada um dos nossos alunos aprenderem nos eu tempo e à sua medida (tu tb ai estiveste :*).
    mas o mundo precisa mudar, carais! tem de haver mais escolas daquelas, com professores daqueles e não só para uma elite "escolhida".
    o mundo é diferente, e mais diferente vai ser quando os nossos filhos forem adultos! Temos de os preparar para isso.

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    1. Mas mesmo dentro dos privados, a escola da M. é a (boa) excepção. O que vejo por aí nas escolas privadas é uma réplica mais higiénica das escolas públicas.

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    2. claro que sim! A da M. foi escolhida a dedo (:P) e com coração (muito com cabeça e certezas, mas acima de tudo foi a paixão de quem me mostrou a escola, foi a "escola de brincar" que vi, a confusão desarrumada e cheia de trabalhos dos miúdos, a minha paixão pelo ensino e pelos olhos brilhantes dos miudos que ali não são apagados). Não é por ser privada que aquela escola é assim (não é por ser privada, logo é assim), é pq quem lá vive e trabalha acredita que faz sentido ser assim. era bom que muitas outras tb o fossem!

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    3. A minha pergunta é: Achas que seria possível a escola da M. ser pública. ou seja, achas que o que ali se faz consome muito mais recursos que o ensino tradicional?
      (Uma pergunta indiscreta que podes responder por via privada se preferires, quantos alunos há na turma dela?)

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    4. eles têm uma muito gira que não sei se te contei.

      Uma vez em tua casa, novembro do ano passado, pergunto à M.: "E então?! o que estás a dar na escola?". Diz o Jr. todo lampeiro, antecipando-se: "Eu estou a dar a letra P.". Diz a tua filha: "Ah... Eu estou a dar a Paula Rego."

      Enfim, são perspectivas de conteúdos de primeiro ano um bocadinho nada diferentes.... :DDDDD

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    5. Acho que sim, Nê... Não consome muito mais recursos (humanos, né?) que o ensino "tradicional" - têm uma professora responsável pela turma que faz esse tipo de trabalho com eles. depois têm o professor de ginástica, o de música o de inglês, mas podia ser tudo ela.
      a turma é composta por 23/24 meninos, o habitual.
      são meninos que já vêm da pré com este tipo de trabalho autónomo incutido.
      assim, não vejo pq não pode ser possível fazê-lo numa pública. é, contudo, necessário uma pessoa com visão à frente do projeto, alguém que batalhe para mudar mentalidades, e isso é possível fazê-lo em qualquer lado.

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    6. na pré trauteávamos árias de óperas... ;)

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    7. Pois. Era o que eu suspeitava. (como já disse, houvesse vontade de fazer diferente...)

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    8. (Eu da pré também estive/estou muito bem servida porque, lá está, alguém com visão quis fazer diferente. E faz. E muito bem.)

      (Mas se calhar, também por isso, o choque do jr. com o ensino tradicional no ano passado foi tão grande. Ele estava habituado a outra coisa.)

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  4. https://www.youtube.com/watch?v=BD4MMZJWpYU

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  5. Obrigada! :)
    Confesso que os desafios têm sido muitos ao longo do percurso do António, mas sem duvida que esta professora fez a diferença.
    Acho que nunca lhe disse isto, a ela, pessoalmente...
    (vou dizer!)

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