Isto até seria engraçado para vocês verificarem se ainda tivessem BI à moda antiga. O meu tinha um [0] que na realidade deveria ser um [10] representado por um único caracter... Os cartões de cidadão também têm dígitos de controlo mas desconheço o algoritmo. Tenho ideia de o último algarismo do NIF ser um dígito de controlo (mas disto já não estou certa que já se deve ter passado uma década de eu ter estudado estas coisas)...
A queda do mito do bilhete de identidade
Por certo já alguma vez ouviu dizer que o misterioso algarismo
suplementar que se segue ao número do bilhete de identidade indica o número de
pessoas com o nome igual ao do portador do dito BI. Pois bem, lamentamos
destruir uma crença de infância mas a verdade é que este verdadeiro mito urbano
não tem a mínima razão de existir.
O dito algarismo é (ou seria se alguém do Ministério da Justiça não
tivesse cometido um erro crasso) apenas um dígito de controlo que nos permite
saber se o nosso número do Bilhete de identidade está bem escrito. A
transcrição de números grandes comporta uma probabilidade de erro bastante
grande. Os erros mais usuais são os erros singulares (alteração de um único
dígito o que levaria a transcrever 3698 em vez de 3598) e os erros de
transposição (troca de algarismos adjacentes, como escrever 2146 em vez de
2164). Há então que conceber um algoritmo que detecte estes e outros erros. A
ideia base é a seguinte: ao número base em questão acrescenta-se um algarismo
suplementar (dígito de controlo), realizando uma operação adequada sobre todos
os números devemos obter um determinado resultado, se tal não acontecer é
porque houve um erro na transcrição do número base.
A ideia de implementar sistemas de identificação com dígitos detectores
de erros é hoje utilizada nos cartões de crédito, nos NIB, nos cheques, na Via
Verde, nos livros (ISBN), nas publicações periódicas (ISSN), etc.
Vejamos então como funciona o algoritmo para a detenção de erros nos
bilhetes de identidade implementado pelo Ministério da Justiça:
Se o número do Bilhete de Identidade for
x9x8x7x6x5x4x3x2
escolhe-se o dígito de controlo: x1 de forma a que
1*x1 + 2*x2 + 3*x3 + 4*x4 +
5*x5 + 6*x6 + 7*x7 + 8*x8 + 9*x9
seja divisível por 11.
Se, numa qualquer transcrição, algum xi (i>1) tiver sido
trocado o resultado não dará um múltiplo de 11.
Alguns dos leitores, cujo dígito de controlo é 0, que tentaram verificar
este procedimento podem estar confusos por este algoritmo não funcionar
consigo. O que se passa é o seguinte:
Existem 11 restos possíveis na divisão por 11:
0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
Mas em nenhum bilhete de identidade vemos 10 como número de controlo. No
ISBN (International Standard Book Number) este número é identificado pelo
carácter X (por representar o número 10 em numeração romana). Assim, alguém do
Ministério da Justiça achou que seria muito desagradável ter um X à frente do
número do BI, porque isso poderia dar azo a que alguém pensasse que isso
poderia ter um significado estranho (cadastro criminal? ficha no SIS?), e
resolveu cortar o mal pela raiz. Onde tivesse que se pôr o número de controlo x1
igual a 10 poria–se 0 e estava o assunto resolvido. Ou seja, quando 0 ocorre
como dígito de controlo pode ter, na realidade, dois valores: 0 ou 10. Em
metade dos casos em que ocorre o 0 como dígito de controlo está errado. Este
erro arruinou todo o mecanismo e custou a inoperância do sistema de detecção de
erros que se pretendia implementar.
E teria sido fácil evitar
tudo isto... Bastaria, por exemplo, adoptar como dígito de controlo sempre uma
letra, digamos, as onze primeiras letras do alfabeto: de A a L.
se calhar este seu texto era apenas uma transcrição adaptada do texto original, publicado no livro de Jorge Buescu, matemático, professor da Universidade de Lisboa, "O mistério do Bilhete de Identidade e outras histórias.", que retrata essa fragilidade descoberta por Jorge Picado, também professor da Universidade de Coimbra.
ResponderExcluir?
http://www.gradiva.pt/?q=C/BOOKSSHOW/755
Assim que li este seu texto identifiquei-o logo, porque me lembrava de ter lido esse livro há uns anos.
Foi sim senhora que eu até já fui confirmar e tudo :) até achava que era de um do Crato mas não, está mesmo nesse do Buesco... Mas estes algoritmos de verificação são leccionados nos cursos de matemática e informática e esse caso do X é apresentado em jeito de "piada". É uma forma de evitar erros na introdução de dados e quase todos os softwares de bases de dados têm sistemas de controle desses inseridas.
ExcluirE também já sei a que propósito escrevi isto... Faz parte de um trabalho de estágio de 2002, sobre a matemática nas coisas do quotidiano para "leigos" e lá está o Crato na bibliografia... Doze - fucking - anos portanto!!...
O Buesco... Ahahahahahahhaahah... O Buesco é que está na Bibliografia, embirrei que era do Crato e pronto...Nada a fazer... :DD
ExcluirJá ia identificar o local onde o escreveste... Cabeça de alho chocho!
Excluir(Estou no iPhone, não me consigo identificar convenientemente!)
Apesar de já saber há muito que o tal algarismo não significava o nº de pessoas com o nome igual ao nosso ( no meu caso 0) , depois de ler isto sinto-me burra, burra, burra e não preciso de nenhum digito de controlo para verificar esta conclusão!
ResponderExcluirNão tens nada que te sentir burra ana... Quase ninguém sabia disto e essa coisa do número de pessoas até fazia algum sentido... :)
ExcluirSe tivesse sido "há muitos anos à frente" é que era uma admiração.
ResponderExcluirIsso é que era...
Excluir"Há muitos anos atrás..." Ahahahahahahahahahahahahah E "cair abaixo" e "subir acima", não? É com cada pontapé na gramática...
ExcluirA língua portuguesa é riquíssima e há uma figura de estilo designada por pleonasmo. É uma questao de googlar o seu significado. Aconselho é o copy paste porque é uma palavra difícil.
ExcluirSinto-me burra com três erres…não, por não saber para que servir o número a mais, mas por a meio da explanação já sentir uma ligeira vertigem, um aperto nas temporas e o Tico e o Teco (os únicos neurônios de que disponho) aos gritos "Pára, mulher que nos matas!"...
ResponderExcluirAhahahahahahah tendo em conta que era para ser perceptível por leigos... Acho que o teu comentário diz tudo sobre a qualidade da escrita... :DDD
ExcluirMas eu percebi, e explicaste muito bem, não havia era necessidade de para ali pores aquelas ceninhas "1*x1 + 2*x2 + 3*x3 + 4*x4 + 5*x5 + 6*x6 + 7*x7 + 8*x8 + 9*x9" e isso, porque isso é que intimida a pessoa...
ExcluirTu não vês que o parecer difícil é fundamental para sermos levados a sério? :DD
ExcluirAaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!
ExcluirClaro babe! Se toda a gente perceber ficam a saber tanto como nós! :DDD
ExcluirPoria-se?!
ResponderExcluirFugiu-lhe a esperteza para a matemática.
E corrigir (o que eu agradeço) sem ser indelicado, não se lhe ocorreu?
ExcluirEspero, ao menos, que não mantenha a fixação no seu alvo preferencial.
ExcluirEstá a falar de....
ExcluirPor-se-ia.
Excluir(E agradecer a correcção sem ser indelicada, não se lhe ocorreu? Não basta dizer que se agradece se o restante comentário é todo ele um hino à indelicadeza. Não lhe reconheço legitimidade para me acusar de indelicadeza).
Oi?? Bate-boca? Hum... Não obrigadinha! (Hoje não me apetece, talvez outro dia... É uma questão de ir tentando.)
ExcluirSim! De, do...desse!
ExcluirNão só espero que não mantenha a fixação, como espero que saiba fazer a destrinça de com quantos anónimos está a falar.
Hum... É pah... Não, não estou interessada! (Se calhar a inteligência fugiu-me mesmo toda para a matemática e eu não faço a mínima ideia sobre o que está a falar...)
ExcluirEu dizia se sabia fazer a destrinça de com quantos anónimos está a falar, isto porque, como é evidente e notório, através dos elucida bloggers, mais comummente designados por cookies, a NM sabe com uma percentagem de fiabilidade a 100 % quem é quem que a molesta.
ExcluirDaí eu pedir-lhe que, ao menos, espero que não mantenha a fixação sobre um alvo pré-determinado como preferencial.
Eu gosto de cookies. De chocolate.
ExcluirEu é mais de manteiga Pipinha... Olha, até podíamos fazer uma daquelas coisas do "Mundo divide-se..." :DD
ExcluirAnónimo, na bloga como na vida não estou para me agastar com miudezas...
Excluir"Já agora" (também é um pleonasmo, está a ver?) também gostava de saber qual é esta figura de estilo... será uma onomatopeia? Deve ser, parece-me o zurrar de um burro.
Excluir