domingo, 29 de junho de 2014

Ouvi ontem...

De uma amiga emigrada e com muito Mundo às costas:

"Diz-me ele... E no teu aniversário? Vamos onde? Nova Yorque, Itália... Pá... Eu disse-lhe logo: Foda-se, deves estar é a brincar comigo... Eu quero é ir a casa..."

Sim, ele só podia estar a brincar com ela...

E de repente, e cá por coisas da minha vida, emigrar é coisa que nem pondero... Só mesmo em última hipótese e bem madrasta me haveria de ser a vida profissional... De repente, tenho a certeza que a vida não me é isso!! A minha vida não é o meu trabalho. A minha vida são os meus e esses eu não deixo para trás, sem ser por estrita necessidade.

6 comentários:

  1. Calma com o andor (nunca melhor dito), duas das pessoas que me sao mais queridas estao de partida para Angola com os filhos as costas. Uma divorciada (pediu licenca sem vencimento) a outra com o marido em navios de cruzeiro tanto lhe da estar aqui ou la ... vai por solidariedade.

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    1. Até há bem pouco tempo, sair era o passo natural na minha carreira... Agora não penso assim... Só mesmo se tiver de ser (obviamente que, se deixar de ter meios de subsistência cá, abalo como os outros). Enquanto me for possível mantenho-me por cá, ainda que isso signifique sacrificar a minha carreira. Decidi não perder tempo de vida do meu pai e dos meus sogros. Deixar os meus filhos também não é opção. Mas isto é uma decisão minha, pessoalíssima. Não julgo, de forma nenhuma, quem faz o contrário. Dito de outra forma, eu prefiro viver cá com 100 que abalar (sem bilhete de regresso) para ir viver com 200.

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    2. Eu quero muito continuar cá também. No entanto só ficarei se os "100" forem o suficiente para vivermos condignamente. É que, como vivo actualmente também não é vida. Não é pela questão económica mas por outras condições. E prefiro estar eu separada dos meus pais do que ter o meu filho a crescer quase sem pais apesar de estarem ambos cá.

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    3. Claro que sim, mas isso da falta de tempo é também uma estrita necessidade. Cada um terá as suas prioridades e eu tb sou das que dá mais importância ao tempo que ao dinheiro (logo que tenha o suficiente para viver condignamente, obviamente). Nesse caso eu tb ponderava emigrar. O único que nunca seria opção (aí só mesmo em caso de pobreza) seria deixar os meus filhos e partir sem bilhete de regresso. Nem imagino a tristeza de quem tenha que fazer isso. O que eu me refiro são situações de emigrantes de luxo. Ou seja, pessoas que vivendo bem cá, partem para viver muito bem lá fora... Isso é que não me estou a ver a fazer (mas antes ponderava e era quase certo que o ia fazer, a vida é que tratou de me dar umas chapadonas no focinho...)

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  2. Como compreendo tão bem a tua amiga. Não sei se é por ainda ser novata nesta coisa de emigração ou se se manterá sempre assim, mas a verdade é que me custa usar os meus dias de férias para outra coisa que não seja "ir a casa", sobretudo em períodos mais longos. Sempre que pensamos em ir uns dias a Nova Iorque, ou Paris ou aqui ou ali, o entusiasmo dura pouco. Só até nos lembrarmos que "só temos 3 semanas de férias e é sempre tão pouco tempo para estar em Portugal". Parece estupidez, não parece? três semanas é tanto tempo, dá para fazer tanta coisa. Pois, não. Não quando são as únicas três semanas do ano que se tem para abraçar os pais, os irmãos, a família enorme, os amigos (tantos e tão maravilhosos).
    É duro, Nê, é muito duro ser emigrante. Não quero ser uma parvinha choramingas. Ninguém me obrigou a vir; gosto do país onde vivo e da qualidade de vida que tenho; orgulho-me de tudo o que alcancei aqui e sou muitas vezes feliz! Mas vim por necessidade, já em desespero. Vim com as roupas enfiadas numas caixas de cartão, sem trabalho à minha espera, mas de mãos dadas com o amor da minha vida. Vim revoltada com a vida e com o meu país, que tanto adoro, depois de ter feito tudo o que podia para permanecer.
    Sou feliz por aqui, deixei de sobreviver para viver... Mas nada apaga a mágoa que carrego todos os dias: ter abandonado as minhas pessoas, a minha casa.

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    1. Por outro lado, o que ganhas em Mundo e em experiência de vida é incomparável ao que terias se te tivesses deixado ficar por aqui a "sobreviver" e isso vai fazer de ti uma mulher mais forte e mais capaz... És obrigada a crescer, nem que seja à força. E eu acredito piamente que é a forma como lidamos com as provações da vida que nos define. E se te sentes orgulhosa do que conseguiste é porque vais certamente no bom caminho. Qualquer que seja a tua profissão, o seres viajada e vivida só te ajuda e enriquece. De resto, não abandonaste nada 3,14, fizeste-te à vida o que é bem diferente... Eu no teu caso também não hesitava... (E agora com as TIC a distância fica + curta.) Muita sorte. minha querida! :)

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