sexta-feira, 4 de abril de 2014

Das palmadas nas crianças

A propósito deste post e da frase: "Já levou sapatadas nas mãos e no rabo por esticar a corda."  recebi comentários anónimos a dizer que ah e tal não se bate, que é uma tristeza exercer violência física contra quem não se pode defender e se eu espero receber sapatadas de volta de uma criança indefesa... Ora muito bem, como em tempos decidi não publicar comentários anónimos nos posts que eu escrevo sobre a minha gente  (um escapou-me e acabei por deixar ficar), rejeitei tais opiniões. Mas nada há a temer que eu não sou mulher de virar a cara a preocupações alheias e, por isso, repesco agora o tema para falar disso "em termos".

Pois muito bem. Acho que concordamos todos que falar em "violência" neste contexto é desconversar, certo? Obviamente eu nunca violentei o meu filho e obviamente que condeno a violência contra quem quer que seja (concedo talvez a violência em auto-defesa que para vítima tenho pouco jeito, mas isso é outra conversa). Falamos sim de sapatadas ou palmadas ao de leve (no meu caso a criança tem três anos e meio, seria completamente indigno bater-lhe com força), cujo propósito não é tanto a dor física mas sim a dor no ego.Também vos digo que já nem me lembro da última vez que tive de dar uma palmada ao meu filho. Felizmente, tem-nos bastado esticar o dedo para a coisa se resolver... Mas também não me esqueci de como se faz, e se for preciso ele volta a ficar com o rabo quente por intermédio da minha mão direita que é um mimo.

A palmada nunca foi a primeira opção. Das quatro ou cinco vezes que um de nós lhe deu uma palmada, foi porque não conseguimos resolver (i.e. controlar-lhe os maus fígados) de outra forma. Sim, falámos assertivamente, sim pusémo-lo de castigo sem desculpas ou falinhas mansas. E nada disto resultando (sim, concedo que possa ter sido por inabilidade nossa), fazer o quê? Deixar a criancinha fazer o que bem lhe apetece porque pode ficar traumatizada? Não, não me parece e não, não em minha casa.

Sei que o meu filho não é propriedade minha, mas a sua educação é da minha (nossa, obviamente) responsabilidade. É-o agora e sê-lo-á sempre. Já o disse à educadora do meu filho: tolerância zero para a má educação; quero-o saber na hora, não ao fim do dia quando o for buscar (é isso e quando ele não se defender... tudo farei para que o meu filho não seja o agressor, mas os mesmos esforços depositarei para que não seja a vítima). Nunca serei benévola com a má educação do meu filho perante um professor ou um velhinho, por exemplo, por muito a jeito que este se ponha. Respeitinho é bonito e eu gosto... E gostaria de passar aos meus fillhos uma das máximas da minha vida: Respeitar e dar-se ao respeito em igual medida. (Atenção: Eu não digo que educo meu filho no sentido de ele ter que obedecer cegamente a qualquer adulto. Isso não... Isso é perigoso... Respeitar é uma coisa, obedecer cegamente é outra.)

Até agora acho que não nos temos saído mal. O meu filho é uma criança educada que vai connosco para todo o lado e se comporta devidamente. As birras são cada vez menos, mas também é verdade que volta e meia ele tenta esticar a corda. Quando lhe dizemos que não, explicamos-lhe o porquê e a maior parte das vezes já funciona sem complicações (mas nem sempre foi assim)... A coisa já fica por isso mesmo, e nós la seguimos felizes e contentes sem dar grande importância ao caso. Podem-me sempre dizer, ah e tal é fácil falar quando se escreve sob anonimato, cá para mim o puto é um terrorista do pior. Dá-se é o caso de este blogue ser só anónimo q.b. Ou seja, quem não me conhece vai continuar a não saber quem eu sou, mas quem me conhece é capaz de me reconhecer ao fim de três ou quatro posts (como já aconteceu) e por isso o meu anonimato é muito subjectivo. Posto isto, reafirmo de cabeça levantada: o meu filho é uma criança alegre mas bem educada. Até posso vir a estragar tudo, mas, de momento é o que há e estou muito orgulhosa disso. Se tinha o mesmo resultado se nunca lhe tivesse dado palmadas? Pois não sei, nem nunca hei de saber e na altura foi o que me pareceu melhor.

Mas apesar das palmadas, e vejam lá a minha petulância, tenho confiança que as minhas capacidades de mãe me vão permitir transmitir ao meu filho que as coisas não se resolvem com violência e que é dono do seu corpo, bem como acho que sou capaz de lhe conseguir incutir a auto-estima e a auto-confiança necessárias para seguir na vida com dignidade. E se isto tudo falhar e eu estiver a fazer tudo mal... Olhem, quem se lixa sou eu que é ele que me vai escolher o lar onde me vai enfiar quando eu for uma velha gaiteira e caquética...

E antes de me dizerem que não, que nunca se bate nas criancinhas digam-me o que fariam nesta situação (true story). O vosso filho bate-vos (sim, do nada, numa birra depois de vocês lhe terem dito que não a qualquer coisa ele levanta a mão e bate-vos). Vocês repreendem-no assertivamente (cara séria, dedo esticado e tudo e tudo). Passado alguns minutos ele volta a pedir a tal coisa, vocês voltam a dizer que não e voltam-lhe a explicar porquê. Ele volta a bater-vos. Vocês põem-no de castigo, "Só sais quando te acalmares e ficas já a saber que não te deixo ter aquilo e ai de ti que me voltes a bater". Ele acalma. Vocês tiram-no do castigo e voltam a dar-lhe um sermão curto e grosso para terem a certeza que ele percebeu porque é que esteve de castigo. Ficam com cara séria o resto do tempo. À mínima oportunidade ele volta a pedir o que lhe tinham negado. Voltam-lhe a dizer que não. Ele volta a bater-vos. Vocês levantam a mão e perguntam-lhe se ele tem a certeza que quer que vocês a baixem para saber se gosta que lhe batam a ele. Ele diz que sim... Mesmo concedendo que tinham feito tudo mal até ali (que as conversas e castigo foram desadequados), o que é que vocês faziam naquele momento? Conversavam outra vez com ele? É que eu não... Eu baixei a mão!

42 comentários:

  1. Com todo o amor que tenho pelo meu Filho que, como podes imaginar, é muitíssimo, na situação que descreves, o meu teria levado mais cedo! Muito mais cedo! ;)

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  2. Baixaste a mão e fizeste muito bem. Uma boa palmada no momento certo já salvou muito boa gente, e a falta delas em alguns casos é uma pena. Obviamente que estou a falar da palmada para 'sacudir as moscas', que magoa o orgulho mas não o corpo. As poucas que levei estão cá todas na minha memória e agradeço aos meus pais por todas elas (excepto uma, totalmente inadequada, mas isso são contas de outro rosário).

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  3. E ele nunca mais vos bateu, certo? Concordo que quando tem que ser, tem que ser. E às vezes tem mesmo.

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    1. Eu não gosto mesmo nada e custa-me imenso, mas às vezes...

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  4. O mesmo cá por casa. Mesmo, não, parecido.
    Assim que levantou a mão e me deu um estalo levou outro. Se me custou? Sim custou, mas nunca mais repetiu a graça.

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  5. Se o miúdo precisa, leva uma sacodidela e acabou-se a história. Mas quem defende o contrário pensa o quê? Só se a pessoa nunca lidar com ele. Se a criança passar o tempo com o outro conjuge ou com os avós. De resto, se se porta mal leva uma palmada. Acho também piada àqueles que dizem que basta abrir os olhos. Meus caros isso cheira-me a terror psicológico. Olham para a criança e ela "borra-se" de medo, E acham isso normal?

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    1. Eu até achava que era só a malta sem filhos que nem equacionava a hipótese de uma palmada... Mas não, há mt gente com filhos que pensa assim...

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  6. Como é óbvio o "enxota moscas"ou a palmada no rabo não é a primeira resposta, é uma solução excepcional, e a derradeira, que só aplico em casos gravíssimos e se mais nenhuma funcionar. Sacudi o pó ao rabo da minha filha uma vez na sua vida, teria três anos e levantou-me a mão porque lhe disse que não podia trazer um brinquedo de uma loja. Expliquei-lhe, conversei o que tinha de conversar, retirei-a do ambiente que causava a birra - a loja, tentei distraí-la. Nada funcionava e ela gritava como uma possuída. Abraceia-a, dei-lhe beijinhos para se acalmar. Nesse momento quis levantar-me a mão para me dar uma bofetada. Oh minha rica filha, foi instantâneo, tau-tau, dois palmadões naquele rabo. Ficou assustadíssima, abriu muito os olhos, estarrecida, mas acalnou-se logo, parecia magia. Suponho que lhe tenha servido de exemplo, nunca mais repetiu a gracinha. Por enquanto, quando tudo falha basta lembrar-lhe esses palmadões. Mas se alguma vez as coisas tomarem a mesma proporção, levará outra palmada, pois levará.

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    1. Quando tem de ser, tem de ser... Os adultos somos nós. Cabe-nos a nós estabelecer limites.

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  7. Então? Já se publicam comentários de anónimos em posts da família?

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    1. Deixe-me adivinhar, foi das que comentou no outro post a dizer que nunca em caso algum se devia bater nas crianças e agora que escrevi sobre isso não tem por onde pegar... Acertei? Já sei, já sei. escusa de vir cá dizer que não.

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    2. Não, mas fui das que comentou que este post só surgiu para bajular a Madrinha, que fez um semelhante.

      E agora, publica? O outro não publicou.

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    3. Não seja mentirosa pessoa. Não recebi nenhum comentário com esse teor... Mas sim, se tivesse recebido não tinha publicado.

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    4. Só mais uma coisa: já lhe disse que não faço comentários sobre os seus filhos, independentemente se sobre esse tema publica anónimos ou não. Já lhe disse que não misturo as águas e escusa de vir desculpar-se outra vez com a história de não saber quem eu sou porque "se tivesse um nick...".

      Mais, acho ridículo andar a insistir neste tema da palmada, caramba já passava à frente, não? cada um educa os filhos como quer e acha melhor, mais palmada, menos palmada, só confunde palmadas disciplinadoras com violência quem quer ou está de má vontade e francamente não percebo esta necessidade de passarem a vida a justificarem-se nos blogues quanto aos métodos com que educam os filhos.

      Deixem-se disso, pá!

      Vá lá cuidar dos crianços e pare de se justificar.

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    5. Talvez tenha razão, agora que fala nisso parece-me que o envio deu um erro qualquer e, na altura, não liguei. Mas não seja por isso, eu repito-o: perguntei-lhe simplesmente se o post só tinha surgido para agradar à madrinha, que fez um recentemente sobre o mesmo tema. Era só isto, não tinha nada de ofensivo, era só uma curiosidade minha.

      É que quem tanto se esforça por concordar em tudo e tudo e tudo com a Madrinha, quem tanto quer agradar e ficar bem vista, não custa fazer posts duplicados só para ter um blogue gémeo, pois não?

      Êta, faltinha de imaginação!

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    6. E o que eu adoro as caixas de comentários?
      Minha querida, muita paciência tens tu. Eu, é logo à primeira.

      (Dona Joaquina, é favor passar lá no outro lado e dizer o quão linda e inteligente sou...)

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    7. Este blogue gémeo do mais Picante? Eu a insistir no tema da palmada? Mas a anonima estará sóbria? E se a caríssima fosse mandar para sua casa hein?

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    8. Só mais uma coisa: para mim é só mais uma anonima, não tenha a presunção de achar que lhe distingo os comentários.

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    9. E eu a si não tenho de me desculpar de nada... (Daquilo do nick)... eu desculpar-me?... A si? ... Ahahahahahahah...

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    10. Mas você também é anónima. Ou será que a foto do header é mesmo a sua?

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    11. Caríssimo, leia o post antes de mandar o bitatite, sim? Eu sei que tem muita letra mas era o mínimo que podia fazer.

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    12. Caríssima, hoje não tenho vagar para si. É tentar outro dia.

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    13. Pois, é quando perdem a razão que chega logo a desculpa da falta de tempo. É assim em todos os blogues de cobardolas, não se preocupe, já não me admiro, já estou habituada.

      Enfim, igualzinha às outras...

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    14. Que chatice! A menina não me quer publicar as mensagenzinhas que eu lhe deixo aqui para a madrinha, a pessoa vai lá ao cantinho dela e olha!, ela aceita-as. Que coisa!

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    15. Caríssima, agora já tenho vagar! Mas agora não me apetece...

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  8. Sabes porque ele levanta a mão para bater? Porque o maior exemplo dele - a mãe - lhe bate. Tão simples quanto isto. Com a idade que tem, sobretudo, ele imita o que vê fazer.
    A violência gera violência e contra isto, não há argumentos que valham.

    Só os fracos (ou quando se perde a cabeça) recorrem ao "bater". Leva mais tempo a disciplina pela palavra, não leva? É mais rápido (e cobarde!) impor pela palmada. Depois, quando for velha, não se queixe de levar umas boas sapatadas (com sapatos??) na mão e no rabo. Ui! Há tantas histórias dessas, de filhos que batem nos pais por estes desobedecerem...

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    1. Nem tanto ao mar, nem tanto á terra, anónimo. Sem dúvida, as crianças imitam, mas não imitam apenas o comportamento dos pais. Quantos não são os meninos, que ao fim de poucos dias na escola começam a ter comportamentos nunca antes vistos que aprenderam com os colegas, como bater, morder, gritar?

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    2. Exatamente anônima. Nós aqui em casa andamos todos à lambada... E isso de quando eu for mais valha... Não se preocupe que eu também não.

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    3. E leu isso onde? No correio da manhã? É que eu já vi o filho de uma amiga a levantar-lhe a mão e a bater-lhe e foi a primeira vez que a mãe lhe bateu, portanto não me parece que ele tenha aprendido com a mãe, possivelmente na escolinha onde os meninos brincam aos tiros e à pancada... Conforme a mãe lhe bateu (não, não o espancou, deu uma ligeira palmada no rabo) desatou num choro imenso, não tanto porque doeu, mas porque viu e sentiu o quanto a mãe estava desapontada com ele. Nunca mais voltou a fazer...
      Só os fracos de espírito e com falha de argumentos é que fazem esses comentários estereotipados.

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    4. Obrigada Mirone e anónimo (das 00:25) pela generosidade em responderem. A situação que descrevi também foi a primeira vez que toquei no meu filho pelo que foi impossível ele estar a imitar-me. Mas bom... A estupidez é coisa que me enerva e por mim nem me tinha dado ao trabalho de responder condignamente ao comentário das 19:47 completamente ignóbil e provocador.

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    5. esta senhora deve ser mãe de um papagaio... tenho 2 filhos, 3 sobrinhas, e mais uns quantos sobrinhos/as emprestados/as e NUNCA ouvi tal disparate, sério.. Oh anónima vá arranjar uma ocupação, essa de pseudo-psicóloga não lhe fica bem.. Raios e Coriscos, tanto disparate.. CREDO!
      Adeusinho
      Anónima Patricia (não tenho contas do Google, nem blogues)

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  9. Pois eu sou curta e grossa: não vejo absolutamente mal nenhum numa palmada dada no momento certo, pelo motivo certo. Não falo em palmadas que magoem, mas em palmadas que repreendem e mostrem que os limites não podem ser ultrapassados. Levei algumas quando era pequena e sei reconhecer que, na altura, as palmadas não me magoavam... mas magoava-me perceber que tinha ultrapassado todos os limites, daí ter levado no corpo.

    Quando tiver um filho, não me sentirei minimamente culpada se, um dia, resolver dar-lhe um tabefe. Não me fez mal nenhum e sei que também não fará mal ao meu futuro filho.

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    1. Terão sempre de ser o último recurso (até porque são mesmo).

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  10. Pois cá em casa é vezes três. Sempre que é preciso. E se for em público e não puder fazer alarido, dou um discreto puxão de orelhas ou um belo apertão no braço. Mas na horinha em que são mal educados, nessa horinha, não perdoo. E mesmo assim acho que tenho um grau de tolerância bastante elevado.

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    1. Pois... Essa coisa de não dar estrilho em público também é coisa que tento contornar sempre, mas sem repreensão na hora não fica.

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  11. Não sou a favor de palmadas, mas acho que ninguém aqui o é, e são mesmo o último recurso. Possivelmente teria o posto de castigo durante mais tempo e retirado coisas que ele gostasse muito. Ou então no momento em que levantou a mão para bater, teria apanhado uma palmada no momento. Cada criança é um caso, e falar hipoteticamente é fácil, difícil é ter de lidar com eles todos os dias e ter a certeza que estamos a fazer o melhor trabalho possível e a criar crianças (futuros adultos) decentes. Não acho que tenha feito nada de errado, se ao final do dia vê que o seu filho é feliz, então continue a fazer exactamente o mesmo.

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    1. Obrigada pelo seu comentário. Mesmo. Fico todo inchada quando recebo comentários assim aqui no meu bloguezinho... :)

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    2. Elas gostam é que venham aqui dizer-lhes como elas são as melhores, as mais queridas, as melhores mãezinhas, as top das top...

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    3. Dá-se é o caso de a anónima das 00:20 ter dito que faria diferente daquilo que eu fiz... Também se dá o caso de eu gostar de comentários eloquentes... Uma esquisitinha eu,

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